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Sabe aquele "cheirinho de carro novo"? Vem de substâncias cancerígenas

Ilustração fria Tilt: Carros - Estúdio Rebimboca/UOL
Ilustração fria Tilt: Carros Imagem: Estúdio Rebimboca/UOL

Adriano Ferreira

Colaboração para o Tilt, em Florianópolis

01/10/2021 16h50

Você gosta de sentir aquele cheirinho de carro novo? Saiba que esse aroma agradável pode ser também prejudicial. Foi o que pesquisadores da Universidade Riverside, na Califórnia, descobriram.

A fragrância vem de materiais plásticos duros ou macios, adesivos, tecidos e espuma que contêm algumas substâncias químicas — cancerígenas — que podem se dissolver lentamente e se movimentar para o ar que será inspirado por quem estiver dentro do veículo, caso não haja nenhuma janela aberta.

O autor do estudo Aalekhya Reddam e o coautor David Voltz constataram que a exposição ao benzeno e ao formaldeído, dentro de um veículo novo, depois de vinte minutos, provavelmente poderia estar além dos limites considerados seguros ou permitidos pelas autoridades de saúde da Califórnia, nos Estados Unidos.

As partículas não são conhecidas como perigosas, porém merecem atenção. O benzeno é encontrado em borracha e corantes, enquanto o formaldeído, em tapetes e tintas.

Os dois estão na longa lista de carcinógenos da Proposta 65, uma lei californiana criada para alertar sobre produtos que possam causar câncer, defeitos de nascença ou outros danos reprodutivos.

De acordo com o toxicologista ambiental Voltz, os tais compostos químicos são voláteis e capazes de se acumularem em espaços pequenos, o que deve ser um fator para tomar cuidado.

"Nosso estudo alerta sobre o risco associado à inalação de benzeno e formaldeído em pessoas que passam uma quantidade significativa de tempo nos veículos, aspecto especialmente pertinente em áreas de congestionamento", disse Reddam sobre as probabilidades de intoxicação.

O que, de fato, gera possibilidades de prejuízo à saúde, além da duração, é a frequência em que alguém fica exposto aos produtos químicos.

Por exemplo: se, diariamente, você demora um tempo considerável para se deslocar da sua casa até o trabalho em um carro novo, terá mais chances de inspirar o ar com as substâncias cancerígenas.

A observação se baseou na exposição aos agentes cancerígenos, possivelmente conhecidos, que extrapola os limites de segurança. No total, cinco produtos, incluindo o benzeno e o formaldeído, encontrados nos carros, fizeram parte das análises anteriores.

Quanto mais produto, maior o risco

Constatou-se que o dano vai depender de quantas partículas são emitidas, o que varia conforme a idade do veículo e a temperatura ambiente. Esses critérios deixam claro que não é somente porque algum elemento está na lista de cancerígenos, que isso garanta problemas. Antes é importante verificar o nível do produto nocivo.

São Francisco e Los Angeles foram as regiões que apresentaram maior possibilidade de ter pessoas em situação de risco, devido à exposição aos cancerígenos ser demasiada.

Os participantes da pesquisa apresentaram resultados baixos de saúde, por causa de uma combinação de fatores como inatividade, obesidade e poucas horas de sono, acompanhados de deslocamentos longos.

As orientações para se proteger dos danos, conforme dizem os autores do estudo, é evitar materiais com o benzeno e o formaldeído dentro do carro. Caso seja possível, outra alternativa seria se locomover de bicicleta ou transporte público.