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Quer se casar perto do espaço? Viagem com balão espacial pode sair em 2024

A empresa Space Perspective pretende fazer viagens turísticas até a "beirada" do espaço sideral com um balão gigante - Space Perspective
A empresa Space Perspective pretende fazer viagens turísticas até a "beirada" do espaço sideral com um balão gigante Imagem: Space Perspective

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt, em São Paulo

21/07/2021 13h02

Casar próximo ao limite entre a Terra e espaço parece uma ideia bizarra para alguns — e impossível para outros. No entanto, uma empresa da Flórida, nos Estados Unidos, pretende fazer isso virar realidade em 2024. Casais poderão realizar o desejo viajando em uma cápsula carregada por um balão espacial do tamanho de um estádio de futebol, que flutua a 100.000 pés (cerca de 30 mil metros) acima do nível do mar.

A empresa Space Perspective, liderada pelo casal Taber MacCallum e Jane Poynter, está vendendo seus voos espaciais por US$ 125 mil (cerca de R$ 687 mil na conversão direta) por assento.

As cápsulas transportadas pelos enormes balões espaciais terão capacidade de levar até oito convidados para a estratosfera. A viagem terá duração de seis horas com vistas "insanas" de 360 graus da Terra. Os passageiros ainda podem contar com banheiro, bar e wi-fi a bordo.

De acordo com a companhia, cápsulas inteiras já foram compradas para a realização de eventos em grupo e até casamentos. Os voos espaciais para 2024 estão esgotados, mas ainda é possível reservar lugares para 2025.

Como será a viagem

As cápsulas serão levadas por um balão espacial que se moverá a apenas 19 km/h durante a subida e a descida. A partida está prevista para acontecer do Centro Espacial John F. Kennedy, da Nasa (agência espacial dos EUA), em Cabo Canaveral.

Na hora de retornar ao solo, o balão gigante começará a esvaziar e a cápsula acabará caindo em um grande corpo de água.

"Demora cerca de duas horas para chegar aos 30 km de altitude. Durante a subida, você será capaz de ver até 450 milhas em todas as direções, então você verá toda a península da Flórida, as Bahamas descendo até o Golfo do México. No pico da altitude, você verá a escuridão total do espaço e, ao mesmo tempo, a curvatura da Terra — aquela linha azul fina e icônica de que os astronautas sempre falam", contou Poynter ao site do "Observer".

Os viajantes terão uma experiência com café da manhã e bebidas. As janelas serão equipadas com antirreflexo que permitirá tirar fotografias de dentro da cápsula, afirma a empresa.

De acordo com MacCallum, os balões podem ser vistos do chão. "Durante nosso voo com o Neptune One [veículos teste da empresa lançado em junho], quando o balão atingiu a altitude máxima, você pôde ver isso claro como o dia. Na verdade, se lançássemos vários voos no mesmo dia, as pessoas nesses balões seriam capazes de se ver no céu a apenas 20 a 30 milhas de distância. Isso seria uma coisa louca", conta.

O valor da passagem é mais barato que um assento na Virgin Galactic, de Richard Branson, que deu uma voltinha no espaço no último dia 11.

Poynter explica que desejam oferecer uma maneira mais acessível de ir para o espaço. "Nossa visão não é apenas levar algumas pessoas ao espaço. Queremos levar milhares, eventualmente milhões, de pessoas ao espaço. Para fazer isso, precisamos definir o preço certo."

Ao serem questionados se veem a Virgin Galactic, a Blue Origin ou a SpaceX como concorrentes, o casal disse ao "Observer" que não. "Na verdade, acho que seremos muito mais cooperativos do que competitivos. Alguém que teve o passeio de foguete de quatro minutos viria e diria: 'Eu quero fazer isso de novo por horas', e então eles fariam o nosso. Ou vice-versa", explica MacCallum.

A empresa está trabalhando agora na aquisição de uma licença de lançamento da Federal Aviation Administration (Administração Federal de Aviação), agência reguladora do setor nos Estados Unidos.

"Há algumas modificações que temos que fazer porque, é claro, esses regulamentos foram concebidos com foguetes em mente e temos um balão, então é necessário um pouco de tradução", conclui MacCallum.

Corrida pelo turismo espacial

Iniciativas com a da empresa são mais amostras de o quanto o mercado do turismo espacial ficará cada vez mais popular — ainda que fortunas sejam gastas para permitir que isso aconteça. Empresas para ficar de olho:

  • Blue Origin, de Jeff Bezos, fundador da Amazon
  • Virgin Galactic, de Richard Branson
  • SpaceX, de Elon Musk

Os dois primeiros realizaram viagens até os limites entre a atmosfera da Terra e início do espaço neste mês.

Na terça-feira (20), Bezos fez parte da primeira missão tripulada de sua empresa a partir de um lançamento de foguete. A viagem de Branson contou com uma tecnologia diferente. O voo começou com a decolagem de um avião de dupla fuselagem, o SpaceShipTwo, carregando a nave VSS Unity no meio.

É importante destacar que a altura dos voos das empresas é diferente da altura que o balão irá subir. Enquanto o Spaceship Neptune chegará a cerca de 30 quilômetros, as subidas com foguetes alcançaram a linha de Kármán (100 quilômetros) e 80 km (limite aceito pelos Estados Unidos), respectivamente.

Limites do espaço

Se levarmos ao extremo a ideia de onde é o limite do espaço e que isso é deixar completamente a atmosfera da Terra, então um voo teria de ultrapassar os 600 km de distância

  • Troposfera - de 7 km a 15 km (onde os aviões comerciais circulam)
  • Estratosfera - 15 km a 50 km (onde jatos circulam)
  • Mesosfera - 50 km a 85 km (quando um detrito rochoso espacial chega até ela, rola combustão e você vê estrelas-cadentes)
  • Termosfera - 85 km a 600 km (onde rola a retenção de radiação solar)
  • Exosfera - acima de 600 km (onde ficam os satélites artificiais)