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Telefone do presidente da França está entre alvos do programa Pegasus

Presidente da França, Emmanuel Macron - Ludovic Marin - 10.set.2019/AFP
Presidente da França, Emmanuel Macron Imagem: Ludovic Marin - 10.set.2019/AFP

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt, em São Paulo

20/07/2021 18h48

O telefone do presidente francês, Emmanuel Macron, está entre os alvos do polêmico software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. Além do mandatário francês, outros membros do governo do país europeu também estariam na lista, como o primeiro-ministro, Édouard Philippe.

As informações foram divulgadas inicialmente pelo "Le Monde" e confirmadas por Laurent Richard, diretor da organização Forbidden Stories. Além de Macron e Philippe, outros 14 membros do governo francês figuravam na lista de números selecionados por um serviço de segurança do estado marroquino, que utilizava o Pegasus.

Ao canal de notícias "LCI", Laurent Richard afirmou que a equipe encontrou esses números de telefone ligados ao uso do Pegasus, mas ressaltou que não é possível saber se o presidente francês foi realmente foi espionado.

O consórcio internacional, com 17 veículos de comunicação, como "Le Monde", "The Guardian" e "Washington Post", divulgou ontem que teve acesso a uma lista com mais de 50 mil números de telefones em mais de 45 países - contudo, não é possível saber quantos desses foram invadidos.

De acordo com as informações publicadas pelo "The Guardian", a presença do número na lista indica que há uma intenção de invasão, mas não significa que houve tentativa, nem se ela foi bem-sucedida.

Mais alvos

Além dos membros do governo francês, o consórcio internacional revelou que há mais e 180 nomes de editores, repórteres investigativos e outros jornalistas no arquivo. Entre eles, o da editora do "Financial Times", Roula Khalaf, que na época era vice-editora do jornal, e Edwyn Plenel, um dos mais conhecidos jornalistas franceses, ex-diretor do "Le Monde" e fundador do site "Mediapart".

Há também jornalistas de veículos como "Washington Post", "CNN", "New York Times", "El País", "Bloomberg", "Washington Post", "Le Monde", "France Press", "Associated Press" e "Reuters".

Nomes do Brasil não constam na lista divulgada pelo consórcio investigativo. Em maio deste ano, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) participou de negociações para que a empresa israelense NSO participasse de uma licitação do Ministério da Justiça para compra do Pegasus.

Contudo, a empresa brasileira responsável por comercializar o Pegasus se retirou do processo licitatório. Na época, a atuação do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gerou insatisfação por parte de militares que integram o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Nacional de Inteligência), já que os órgãos ficaram de fora das tratativas.

O que diz o NSO Group

Em carta enviada ao consórcio investigativo, o NSO Group afirmou que vende suas ferramentas para 60 clientes de 40 países e que cortará clientes que fizeram mau uso do Pegasus.

Para justificar que não pode confirmar ou negar a identidade de clientes governamentais, o grupo apontou "considerações contratuais e de segurança nacional". Ao negar que os registros vazados fossem evidências de espionagem utilizando o Pegasus, a empresa alegou que "continuará a investigar todas as alegações de uso indevido e tomar as medidas cabíveis com base no resultado dessas investigações".