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Brasileiro descobre megacometa com 200 km de largura se aproximando do Sol

Cometa Swan, em imagem divulgada pela agência espacial Nasa - Divulgação/Nasa
Cometa Swan, em imagem divulgada pela agência espacial Nasa Imagem: Divulgação/Nasa

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

24/06/2021 08h49

Cientistas descobriram um cometa gigante se dirigindo para o interior do Sistema Solar, se aproximando do nosso Sol e dos planetas. Chamado 2014 UN271, ele pode ter até 200 km de largura e encontra-se agora mais perto da Terra do que Netuno. E tem dedo do Brasil nessa história.

O megacometa foi descoberto pelo brasileiro Pedro Bernardinelli e pelo norte-americano Gary Bernstein. Mas calma, não há motivo para pânico. Astrônomos acreditam que, nos próximos dez anos, ele chegará tão perto do Sol quanto Saturno e não oferece risco de impacto com a Terra.

Bernardinelli e Bernstein fizeram a descoberta enquanto vasculhavam o arquivo de imagens da Dark Energy Survey, uma pesquisa sobre a expansão do Universo. O primeiro registro aproximado do objeto data de outubro de 2014 (por isso o nome), quando ele estava a 4,3 bilhões de quilômetros do Sol. Desde então, percorreu cerca de um bilhão de quilômetros.

Pelos cálculos dos cientistas, o cometa jamais passará a menos de 1,5 bilhão de quilômetros do nosso planeta.

Ainda não conhecemos a sua composição — provavelmente uma mistura de rocha, gelo e gases —, mas sabemos que ele é gigante e irregular. Para efeitos comparativos, o cometa Neowise, que nos visitou recentemente, tem "apenas" 5 km de largura. O Hale-Bopp, considerado grande, tem 50 km; e o famoso cometa Halley tem 15 km de comprimento e 8 km de largura.

Também não é possível afirmar com toda a certeza de que se trata realmente de um cometa e não outro corpo, como um planeta anão, em uma órbita tipo cometária. O 2014 UN271 foi classificado como "objeto transnetuniano" — menor que os planetas que orbitam o Sol a longas distâncias, mais longe da Terra do que Netuno, geralmente nas estruturas conhecidas como Cinturão de Kuiper e Nuvem de Oort.

Outro exemplo de objeto transnetuniano que não é um cometa é Plutão, que tem 2.400 km de largura e que um dia foi classificado por astrônomos como um planeta, antes de ser rebaixado.

O 2014 UN271 tem uma órbita enorme e extremamente excêntrica (longa), levando cerca de 600 mil anos para completar uma volta ao redor do Sol. Ele só conseguiu ser localizado e ter seu tamanho estimado agora porque chegou a cerca de 3 bilhões de quilômetros da Terra, se aproximando de Urano. E segue se movendo.

Até janeiro de 2031 — seu periélio, momento em que estará mais perto do Sol — ele deve desenvolver as características de um cometa, contendo coma e cauda, conforme a estrela vaporizar os materiais de sua superfície.

Mas não espere um show celeste. Ele, provavelmente, não será visível a olho nu. Mas poderá render belas imagens de telescópios e observatórios pelo mundo, além de ser uma chance única para os astrônomos estudarem um objeto que vem das profundezas do Sistema Solar.

Depois desta visita, o 2014 UN271 voltará para a escuridão, em uma viagem de milênios até a Nuvem de Oort, a dois trilhões de quilômetros do Sol.

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