TikTok, de aplicativo de entretenimento a problema de segurança nos EUA

A algumas horas para a entrada em vigor de uma lei que proibiria a atividade do TikTok nos Estados Unidos, confira um histórico sobre a ascensão da plataforma de compartilhamento de vídeos curtos e a origem dos questionamentos sobre o aplicativo.

Gênese

Em 2016, a ByteDance, empresa sediada na China, lançou no mercado chinês o Douyin, um aplicativo para compartilhar vídeos curtos.

A ByteDance lançou o TikTok no mercado internacional no ano seguinte, pouco antes de comprar o aplicativo de "sincronização de lábios" Musical.ly e fundi-la com sua nova empresa.

A rede social virou um sucesso graças a seu algoritmo, que oferece coleções intermináveis de vídeos curtos publicados pelos usuários em modo contínuo e geralmente com tom descontraído.

Auge durante a pandemia

A popularidade do TikTok disparou durante a pandemia de covid-19, declarada em 2020, pois as pessoas que viviam em confinamentos forçados pelos governos em diferentes países dependiam muito da internet para seu entretenimento.

Como resultado, autoridades em todo o mundo começaram a observar a influência e a atração viciante do TikTok.

O TikTok se tornou um dos aplicativos mais baixados no mundo. Em alguns países, as autoridades começaram a ser cada vez mais cautelosas, vendo com receio a possibilidade de que o governo chinês tivesse influência na ByteDance ou acessasse dados privados dos usuários.

A Índia, por exemplo, proibiu o TikTok em julho de 2020, devido às tensões com a China.

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Na mira de Trump

Enquanto o magnata republicano Donald Trump era presidente dos Estados Unidos em 2020, assinou decretos para proibir o TikTok.

Trump acusou o TikTok, sem apresentar provas, de desviar dados de usuários americanos em benefício de Pequim e censurar publicações por ordem de funcionários chineses.

A decisão de Trump foi tomada enquanto seu governo se confrontava com Pequim por divergências, sobretudo comerciais.

Durante sua tentativa frustrada da reeleição em 2020, Trump continuou a fazer campanha com uma clara mensagem anti-China.

Entre os desafios frente a várias ações judiciais em tribunais e após a derrota de Trump para Joe Biden nas eleições presidenciais daquele ano, os decretos não entraram em vigor.

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Um bilhão de usuários

Em setembro de 2021, o TikTok anunciou que tinha um bilhão de usuários mensais em todo o mundo.

Isto aumentou as preocupações sobre os riscos de dependência, propaganda e espionagem dos usuários da plataforma.

Em 2022, o portal de informação e entretenimento BuzzFeed revelou que os funcionários da ByteDance baseados na China tinham acessado informação não pública dos usuários do TikTok.

A ByteDance tentou acalmar as preocupações sobre privacidade, alojando os dados dos usuários em servidores administrados pelos Estados Unidos pela empresa Oracle.

No entanto, a medida foi insuficiente nos Estados Unidos, onde o TikTok foi proibido em dispositivos usados por membros das forças armadas, entre outros.

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Várias agências governamentais e institutos acadêmicos seguiram o exemplo e proibiram seus membros de usarem o TikTok.

O diretor-executivo do TikTok, o singapurense Shou Chew, foi interrogado por membros do Congresso dos Estados Unidos durante uma audiência de seis horas, em março de 2023.

À venda ou fora

O TikTok voltou a ficar na mira nos Estados Unidos em 2024, quando o presidente Joe Biden autorizou uma lei que exige que o TikTok seja proibido se a ByteDance não vender o aplicativo para uma empresa local ou que não esteja associada a um inimigo para a segurança nacional.

O objetivo declarado de Washington era reduzir o risco de que Pequim espionasse ou manipulasse os usuários do TikTok, em particular os 170 milhões de usuários americanos da plataforma.

O TikTok segue firme com sua versão de que nunca compartilhou dados dos usuários com o governo chinês.

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A ByteDance processou o governo americano, argumentando que a lei viola o direito à liberdade de expressão.

A Suprema Corte dos Estados Unidos tomou uma decisão final sobre o caso nesta sexta-feira (17), confirmando a lei que entrará em vigor em 19 de janeiro.

Em uma derrota importante para o TikTok, o tribunal decidiu que a lei não viola os direitos da liberdade de expressão e que o governo americano tinha demonstrado preocupações legítimas de segurança nacional com a empresa chinesa dona do aplicativo.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que retorna ao cargo na próxima segunda-feira (20), ressaltou que poderia intervir em nome do TikTok.

No entanto, a empresa disse que a menos que a gestão do presidente Biden, em fim de mandato, dê garantias "definitivas" de que a lei não será aplicada, será, então, obrigada a "desaparecer".

O governo atual deixou o assunto nas mãos do futuro governo.

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gc-juj/aha/sco/llu/mr/mvv/aa

© Agence France-Presse

4 comentários

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Ricardo Santa Maria Marins

A correta intervenção e a correta discussão num modelo democrático e republicano, deveria e deve ser no CONGRESSO NACIONAL. Mas, há exceções. No caso brasileiro, nosso caso, o Congresso Nacional, se recusa a votar qualquer coisa e prefere manter na escuridão da desinformação e ignorância os brasileiros/as nós. Essa coisa medíocre que só pensa em EMENDAS SECRETAS e outras porcarias, age como um ditador interferindo em como cada qual pode se conduzir e optar frente a vida, traz ao BRASIL uma profunda insegurança e favorece o atraso. Afora outras, coisas. O STF está sendo chamado e obrigado a responder pela OMISSÃO intencional legislativa do Congresso Nacional deputados/as e Senadores/as. As invés de pegar a GRANA do POVO em EMENDAS ESTELIONATÁRIAS e torrar sem dar satisfação, deveriam estar debruçados e resolvendo isso. Mas, covardemente, NÃO FAZEM! Se o congresso nacional trabalhasse para a Pátria estaríamos MUITO MELHOR no GERAL. OPINIÃO!

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Ricardo Santa Maria Marins

Quero deixar bem claro que a minha crítica não é aos EUA nem a Suprema Corte dos EUA. Mas, repito: LIBERDADE TOTAL sem a contrapartida da RESPONSABILIDADE é a NEGAÇÃO DA LIBERDADE. A LIBERDADE total é uma FANTASIA dos DESEJOS. Não é a realidade. O que a LIBERDADE TOTAL FAZ sem monitoramento, autorregulação e/ou regulamentação é produzir nas Nações o CRIME e o TERRORISMO. E cabe aos Governos e aos Supremos Tribunais, estabelecer os limites toleráveis e a sociedade, cabe se cuidar para não permitir que a LIBERDADE TOTAL o faça prisioneiro dela, a LIBERDADE! Cabe as imprensas colocar em discussão esse tema para ajudar a desmistificar o assunto. Qualquer nação, seja pelo modelo analógico ou pelo modelo virtual, fará o monitoramento ou perderá sua capacidade em defesa nacional. A DEMOCRACIA comporta todos os modelos e por essa razão deve gerir da forma mais ampla. Mas, sempre VIGILANTE! É o que faz o FBI e a CIA, embora esta dê umas escorregadas. OP.

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Ricardo Santa Maria Marins

O caso "X" no no BRASIL e suas duas outras empresas, foi um caso interessante: O "X" desrespeitou Leis que existem desde 1940 no BRASIL e regulam as empresas estrangeiras que aqui se instalam. E foi chamado, o STF, de Censurador da Liberdade de Expressão. Lá, nos Estados Unidos da América, no caso TIK TOK é evidente e com a maior CLAREZA que o que acontece é divergência em OPINIÃO. A empresa está legalmente constituída, nos EUA. A decisão se acontecer amanhã e for banido o TIK TOK é sim, Censura a Liberdade de Expressão e IMPEDIMENTO a LIVRE MANIFESTAÇÂO DO PENSAMENTO LIVRE. E a Suprema Corte Norte Americana desrespeitou os ditames da Constituição AMERICANA ao desrespeitar o que determina a Primeira EMENDA. O DIREITO LIVRE A ""OPINIÃO"". Como se vê nos EUA não é tão livre como sempre afirmei. DEPENDE! Lembrando, tanto aqui como lá: É a LIBERDADE atrelada a responsabilidade. O resto é LIBERTINAGEM CRIMINOSA e TERRORISMO. Decidiu o STF dos EUA! OP!

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