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OPINIÃO

In Other Waters é aula de biologia em forma de game

In Other Waters - Divulgação
In Other Waters Imagem: Divulgação

Makson Lima

Colaboração para o START

01/05/2020 04h00

Não é todo dia que nos deparamos com algo único. In Other Waters é daqueles indies que marcam época, como foram Braid, Fez, Papers, Please, Stanley Parable, This War of Mine e mais alguns outros.

A princípio, é fácil se sentir um tanto intimidado por In Other Waters. Primeiramente, porque o jogo não está traduzido para nosso idioma, e trata-se de um sci-fi hard muito focado em termos técnicos, biológicos e botânicos - ou seja, aquele dicionário amigo (e a enciclopédia também!) se faz necessário. E depois porque a forma como jogamos, e o quê, de fato, controlamos, é bizarro o suficiente para arquear sobrancelhas.

Por isso mesmo, resolvemos apontar os motivos que tornam In Other Waters um jogo essencial para nossos tempos.

Quem é Gareth Damian Martin?

Gareth - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
A mente brilhante por trás de In Other Waters é Gareth Damian Martin, que, dentre tantas coisas, também é jornalista de games. Designer gráfico e de vídeo, já trabalhou com a NASA e seu interesse pelas ciências (tanto a de ficção, quanto as reais) encontra-se em cada minuto do jogo. In Other Waters, no entanto, não é sua primeira produção na indústria: já trabalhou com o teatro interativo britânico Coney para o Imperial War Museum, por exemplo.

Xenoprotagonismo

O cenário de In Other Water é o oceano de um Exoplaneta (planeta que orbita uma estrela que não o Sol). Estamos em Gliese 677Cc, a algumas centenas de milhares de anos-luz da Terra e de anos no futuro. Apesar de estarmos na companhia constante da xenobióloga Ellery Vas —e talvez o único ser humano no planeta?— assumimos o controle da Inteligência Artificial que coordena as funções vitais e externas de seu traje de mergulho e exploração.

Other - Divulgação - Divulgação
Pode parecer complexo, e é!
Imagem: Divulgação

A perspectiva do jogo é a de planta, exibindo, literalmente, um mapa. Não é preciso entender de cartografia para navegar por In Other Waters, mas sim atentar aos detalhes, pois o aspecto gráfico, do uso das cores a representações dos seres vivos e inanimados, é um de seus grandes diferenciais.

Estar cara-a-cara com as primeiras formas de vida descobertas fora do Planeta Terra torna In Other Waters fascinante por concepção e relevante enquanto não-ficção ao escolher exaltar o papel do cientista em momentos de crise, sem espaço para achismo.

Other Água - Divulgação - Divulgação
As cores indicam se as águas são "amistoas" ou não
Imagem: Divulgação

Rumo ao desconhecido

Tudo nesse lugar é alienígena e isso significa um universo de descobrimento para um cientista, não só do ecossistema recém-inserido, como também das emoções vividas por Ellery, afinal, não foi por acaso que foi até ali. Ela não é a primeira terráquea a chegar no planeta Gliese 677Cc, é bom deixar isso claro. O que houve com a Terra? Qual sua relação com a misteriosa Minae Nomura? O que houve nesse planeta? São tantas as dúvidas, com a certeza de que seres humanos tendem a destruição e exploração, seja lá por onde forem.

Enquanto vislumbra e cataloga novas formas de vida a olhos humanos, com direito a estudo de taxonomia detalhadíssima num laboratório abandonado, é preciso atentar a energia e oxigênio do traje. Navegar por águas profundas requer mais e mais oxigênio, além de força motriz para levar a cientista de um ponto a outro do mapa, e cada ser reage de forma diferente a tal presença estranha em seu habitat.

Recolher amostras de bactérias, fungos, plantas, animais e estudá-las, entendê-las e fazer uso de suas capacidades é a base de In Other Waters. Abrir caminho por entre corais quando um ser é posto noutro bioma, ou então ganhar percentual extra de oxigênio quando uma amostra é associada ao seu traje, são possibilidades inerentes a experimentação, e o jogo é um grande convite justamente a isso.

É como se estivéssemos observando tudo através das lentes de um microscópio eletrônico controlado por uma IA alien. Se isso não é fascinante, eu não sei mais o que poderia ser!

Other Lab - Divulgação - Divulgação
Você vai ficar um bom tempo no laboratório
Imagem: Divulgação

Aquele glossário amigo

In Other Waters pode ser bem cabeçudo, é impossível negar isso. Para ajudar a clarear um pouco os pensamentos por entre águas turvas e profundas, separamos algumas palavras e termos comuns no vocabulário científico de Ellery.

  • Stem (pedúnculo): Na botânica, é a haste que suporta a flor; na zoologia, o pedúnculo caudal é a área dos peixes que antecede a barbatana caudal.
  • Bivalve: Uma classe de molucos; são animais de corpo mole e protegidos por uma concha carbonatada com duas valvas.
  • Polyp (pólipo): Nos cnidários (ou celenterados, como águas-vivas), representa um de seus tipos morfológicos, como as medusas.
  • Symbiosis (simbiose): é uma interação (associação a longo prazo) entre dois seres vivos, sendo benéfica para ambos ou apenas um deles.
  • Brine (salmoura): água com grande concentração de sal, saturada.
  • Tendril (gavinha): órgão presente em algumas plantas, responsável por agarrar e dar suporte em superfícies.
  • Zooid (zooide): em animais coloniais (como recifes de coral), é cada um dos organismos ali presentes.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL