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Blazing Chrome é homenagem apaixonada, mas não tão divertida, aos anos 90

"Blazing Chrome" parece ter saído direto do Mega Drive, mas é um aguardado lançamento de 2019 - Divulgação
"Blazing Chrome" parece ter saído direto do Mega Drive, mas é um aguardado lançamento de 2019
Imagem: Divulgação

Ives Aguiar

Colaboração para o START

19/07/2019 12h00

Resumo da notícia

  • Game do estúdio brasileiro Joymasher traz elementos de Contra e Metal Slug, clássicos dos anos 90
  • Homenagem ao passado inclui até filtros visuais, além de dificuldade extrema
  • Efeitos visuais e sonoros são recriados para resgatar a época dos 16 bits
  • Modo para dois jogadores, em co-op local, aumenta o caos e a diversão

Segure o botão de tiro e siga em frente, explodindo o que vier pelo caminho. Como um bom "run & gun", "Blazing Chrome" é uma homenagem apaixonada aos jogos do passado, como "Contra" e "Metal Slug", feita sob medida para os fãs. O jogo do estúdio brasileiro Joymasher tem gráficos e sons "retrô", como se tivesse saído de um Mega Drive, e um nível de dificuldade implacável.

Se você é movido mais pela curiosidade do que pela nostalgia, porém, pode se frustrar com a repetição exigida para aprender e progredir -- a não ser que tenha um amigo para jogar de dois, e deixar as coisas mais divertidas -- e caóticas.

Receita artesanal

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"Blazing Chrome" é um mundo pós-apocalíptico em que as máquinas venceram e você faz parte da resistência. Mais Exterminador do Futuro impossível. No começo, é possível escolher entre a soldado Mavra e o robô do bem Doyle; ao terminar o game são liberados o ninja Raijin e a guerreira Suhaila, que usam armas corpo-a-corpo e prometem uma nova experiência de jogo. E, se você quiser se envolver mais nesse universo, confira a história em quadrinhos!

Assim como "Oniken" e "Odallus", jogos anteriores da Joymasher, "Blazing Chrome" é uma compilação das melhores partes de suas referências e cria algo moderno como resultado. Os ingredientes são de qualidade: pegue "Contra: Hard Corps" (1994), some com "Metal Slug" (1996), adicione uma pitadinha de "Gunstar Heroes" (1993) e você terá a base. Acrescente um pouco do design de monstros de Alien e o visual dos robôs de Appleseed e Exterminador do Futuro, e o banquete está completo.

Blazing Chrome - Nave - Reprodução - Reprodução
Dominar os ângulos de disparo pode parecer desnecessário no começo, mas vai salvar sua vida nas fases mais difíceis
Imagem: Reprodução

Mas não se engane achando que o "modo de fazer" é tão simples assim. Por trás da "receita básica" existe o trabalho minucioso dos desenvolvedores Danilo Dias, do mod de John Wick, e Thais Weiller, que tem um blog aqui no START. Não é só uma coleção de referências, são decisões pensadas que passam, inclusive, pelos aspectos técnicos e questões de hardware.

Sobre reproduzir o "feeling" de Mega Drive, por exemplo, Danilo disse ao site RGBCast: "Basicamente, seguimos uma resolução bem parecida (427×240), que é a versão 16:9 da resolução do Mega Drive. Além disso, tentei manter uma paleta de apenas 64 cores sendo exibidas na tela ao mesmo tempo, que era uma limitação real do Mega. Com isso, o visual fica naquele esquema 16 bits meio 'low color' que a maioria dos jogos do Mega tinha".

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Esse cuidado aparece em cada inimigo, chefe, veículo e cenário do jogo. Isso mostra como "Blazing Chrome", apesar de ser problemático em alguns aspectos, tem um coração e um respeito pelo passado que vai ser percebido de cara pelos gamers dos anos 90. Logo no menu de opções, por exemplo, você pode ativar filtros para simular os monitores de tubo (CRT) e voltar alguns anos no tempo.

É como uma viagem ao tempo: um jogo que poderia estar no pôster central da revista Super Game Power em 1996

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Direto e reto, depois repete

Blazing Chrome - Decorar - Reprodução - Reprodução
Qualquer erro é fatal, então é bom ir decorando trajetórias dos projéteis, movimentação dos inimigos e até alterações no cenário
Imagem: Reprodução

"Blazing Chrome" também é direto ao ponto: escolha seu personagem, o nível de dificuldade, umas das quatro fases e corra para o abraço.

Ele mantém alguns aspectos clássicos, como número de vidas limitado, levou-um-tiro-morreu e modo para dois jogadores apenas local -- ninguém jogava online em 1994, meu camarada! Por outro lado, faz algumas concessões como continues infinitos (no modo fácil), e fases verticais que não "engolem" o player 2 se ele ficar para trás -- só "teletransporta" o jogador atrasado.

A dificuldade de "Blazing Chrome" é baseada na insistência, memorização de padrões, repetir uma fase até aprender. Ao morrer várias vezes, você acaba assimilando o comportamento dos inimigos, decora onde certas plataformas vão aparecer, qual inimigo vai pular, qual power up ou arma vai sair das caixas.

A dificuldade de 'Blazing Chrome' é baseada na insistência, memorização de padrões, repetir uma fase até aprender

Blazing Chrome - Coop - Divulgação - Divulgação
Saudades do co-op de sofá? Chame um player 2 pra encher a tela com mais balas
Imagem: Divulgação

Eu não senti uma curva de aprendizado ou uma recompensa real, só uma linha reta de desafio puramente difícil, mas é um tipo de coreografia shoot'em up que deve ser o paraíso dos speedrunners.

Em comparação, "Blazing Chrome" se parece mais "La Mulana", que tenta replicar todos os recursos técnicos e linguagem de um jogo de MSX, do que títulos como "Shovel Knight" ou "The Messenger", que têm a proposta de trazer algo novo para ideias antigas.

Saudades do que não vivi

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Os chefes são alguns dos momentos especiais. Eles dão dicas de onde você deve atacar, e você consegue prever alguns movimentos, mas são batalhas prazerosas de verdade, que só perdem um pouco do impacto pela frustração gerada nas fases anteriores.

Mas com frequência o próprio jogo sabota seus momentos de espetáculo, que no papel são realmente impressionantes mas parecem fora de lugar. O chefão da fase do trem, por exemplo, seria um espetáculo à parte se você não tivesse acabado de enfrentar um inimigo novo e difícil segundos antes, com muitas chances de já chegar debilitado, sem vidas e maluco da cabeça.

Depois de horas de frustração intensa, tive que mandar um zap para um amigo vir aqui em casa e me ajudar a terminar. E foi uma ótima decisão, já que além de ele ter uma certa familiaridade com esse tipo de jogo, contar com mais um boneco na tela atirando ajuda bastante, apesar de aumentar um pouco mais a confusão visual.

Minha relação com a época 16 bits é mais pela curiosidade histórica e muito menos pela nostalgia, então muito do apelo de " Blazing Chrome" não ressoa diretamente com meu passado. Sinto que a sina de tentar homenagear títulos retrô é cair nos mesmos erros do passado, e o game da Joymasher parece não se esforçar para tentar reinventar a fórmula ou trazer novidades paro o gênero "run & gun". Mas basta olhar as telinhas do jogo, ver um trecho de gameplay ou gif, e você já percebe que o jogo desperta um interesse instantâneo, e isso não acontece por acaso.

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Blazing Chrome

"Apesar de ser problemático em alguns aspectos, 'Blazing Chrome' tem um coração e um respeito pelo passado que vai ser percebido de cara pelos gamers dos anos 90".

Lançamento: 11/07/2019
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Preço sugerido: a partir de R$ 32,99 (Steam)
Desenvolvimento: Joymasher e Allone Works
Publicação: Arcade Crew
Na mesma vibe de: "Oniken", "Odallus", "The Messenger", "Shovel Knight"
*O review foi realizado com uma cópia do jogo cedida pela Joymasher

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