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Por igualdade e fim do preconceito, eSport já tem iniciativas de inclusão

Intérprete de Libras, Jessyka "suuhgetsu", à esquerda, está revolucionando o setor de games. André "Nerdsurdo" criou uma liga de esporte eletrônico para deficientes auditivos. - Montagem/Falkol
Intérprete de Libras, Jessyka "suuhgetsu", à esquerda, está revolucionando o setor de games. André "Nerdsurdo" criou uma liga de esporte eletrônico para deficientes auditivos. Imagem: Montagem/Falkol

Colunista do UOL

15/11/2020 09h00

Uma das maiores oportunidades que os esportes eletrônicos têm em mãos é a da inclusão. Seja com teclado e mouse ou o controle do console, os games têm a capacidade de zerar quaisquer diferenças - de gênero, raça, características físicas... Sim, há um longo caminho de toxicidade a ser enfrentado, mas é necessário exaltar iniciativas que promovam a igualdade e mostrem à sociedade como os eSports são diferenciados de outras modalidades e podem ser o sinônimo de um futuro muito mais inclusivo.

Um ótimo exemplo disso é o trabalho desenvolvido por Jessyka Maia de Souza, a Suuhgetsu. Intérprete de LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, ela vem ajudando o público com deficiência auditiva a se aproximar dos games. Recentemente, ela foi contratada por Daniel "Daniels", conhecido streamer de League of Legends, para fazer com que seus vídeos de tutorial no game fiquem à disposição também de quem não pode ouvi-los.

A profissional também desenvolve trabalhos para a Rensga, uma das organizações selecionadas para o CBLoL 2021, e para a apresentadora Nyvi Estephan - que, a convite da própria Suuhgetsu, aderiu à iniciativa de colocar a interpretação em LIBRAS em seus vídeos no YouTube. Um tipo de ideia que tende a se espalhar cada vez entre os criadores de conteúdo de games, na medida em que o cenário entenda como é fundamental lembrar de todos os públicos que acompanham conteúdos e campeonatos relacionados aos jogos.

Quem também se destacou neste sentido foi André "NerdSurdo" Santos, criador da Liga dos Surdos - uma competição idealizada em 2019 para portadores de deficiência auditiva, focada hoje não somente em League of Legends, mas também em Counter-Strike: Global Offensive, Fortnite, Valorant e Rocket League. A ideia é quebrar as barreiras de preconceito presentes na sociedade e passar por cima de posições retrógradas com as quais ainda nos deparamos no dia a dia.

Não somente streamers, mas organizações e publishers têm em mãos a oportunidade de aprender, e muito, com essas iniciativas. A paixão dos fãs de eSports merece ser reconhecida em todos os âmbitos - especialmente no daqueles que passam por cima de quaisquer limitações para seguir jogando e assistindo aos seus games favoritos. A solidariedade é uma missão de todos e alguns atos podem mudar vidas.

Que o diga Alexandre "Gaules", que já dispensa comentários por sua postura de total estímulo aos que precisam de ajuda. Nesta semana, diante de uma "vaquinha" realizada por Jhonata "Firmezinha", streamer que nasceu sem um dos braços e com pequena parte do outro, para comprar um PlayStation 5 e continuar realizando suas transmissões jogando com os pés, Gaules doou o valor total do console ao profissional. Algo que, certamente, nem o garoto, nem os fãs esquecerão.A ideia de "corrente do bem" não precisa ser uma utopia nos esportes eletrônicos. Denunciar qualquer tipo de preconceito ou postura tóxica presenciada em suas partidas já é um dever para que todo o cenário melhore. Apoiar iniciativas que busquem a inclusão, seja acompanhando vídeos dos influencers que o façam ou agindo por própria vontade, gera uma realidade muito melhor para todos.