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Call of Juarez: Gunslinger

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 07h57

"Gunslinger" traz a série "Call of Juarez" de volta para o seu lugar, o Velho Oeste norte-americano, com todos os seus clichês. E faz isso sem tentar ser um "Call of Duty" de época ou nada do tipo. Pela primeira vez, parece que a franquia da Ubisoft encontrou sua identidade.

Esse é um jogo de tiro rápido, com mecânicas 'arcade': você acumula pontos, faz combos com tiros certeiros e pode pausar o tempo para detonar os oponentes. O visual colorido lembra, até certo ponto, "Borderlands", mas com uma pegada bem diferente: não é um 'western sci-fi' como o jogo da Gearbox, mas sim um faroeste autêntico, frenético e divertido.

Introdução

Em "Gunslinger" você assume o papel de Silas Greaves, um caçador de recompensas que perseguirá os maiis famosos fora-da-lei do Oeste norte-americano. Em suas andanças, Silas vai encarar personalidades notáveis como Billy the Kid, Jesse James, Pat Garret e Butch Cassidy, entre outros sujeitos rápidos no gatilho.

A aventura é narrada pelo próprio Silas, misturando histórias reais com a ficção bem elaborada e divertida do jogo. Há uma boa variedade de armas para brincar e você pode evoluir as habilidades do mocinho, ajustando o personagem ao seu estilo de jogar.

Pontos Positivos

De volta ao Velho Oeste

Silas narra sua aventura em uma mesa de salloon e você acompanha o caçador de recompensas em suas desventuras pelo Oeste Selvagem. Ao longo da jornada, vai encarar vários foras da lei, quadrilhas de assaltantes, os pele-vermelhas e toda sorte de clichês ambulantes do gênero. E vai se divertir muito com isso.

Em meio a tantos jogos de tiro (pouco) inspirados nos dias atuais e invasões alienígenas, o retorno de "Call of Juarez" ao Velho Oeste garante boas horas de aventura em um cenário menos comum. O fato de Silas ter que corrigir a narrativa de vez enquanto torna a brincadeira mais divertida: nessas horas, a ação retorna um pouco no tempo e as condições da fase mudam de acordo com a história.

Assim como "Assassin's Creed", o jogo mistura realidade e ficção: personagens reais são alvos das caçadas de Silas e você pode aprender mais sobre eles e a época ao encontrar itens colecionáveis ao longo do jogo, na forma de ferraduras. São muitos itens escondidos e quem quiser pegar todos vai precisar de paciência e, provavelmente, mais de uma sessão de jogo completa.

Tiroteio rápido e divertido

"Call of Juarez: Gunslinger" tem um ritmo rápido, com tiroteios frenéticos e descompromissados. Você faz combos e acumula pontos ao mandar balas precisas na cabeças de alvos, destruir partes do cenário, acertar bananas de dinamite no ar ou eliminar vários inimigos com uma explosão, por exemplo.

Silas pode equipar armas de diferentes tipos: pistola, rifle, espingarda e mesmo um par de revólveres. Há diferentes armas que podem ser pegas pelo cenário e algumas delas são raras, com atributos melhores e visual invocado - além de uma história pessoal, envolvendo seu dono antigo.

Conforme detona os adversários, você enche uma barra de energia para ativar um sistema de câmera lenta, que destaca os oponentes e permite acertá-los como patinhos em uma galeria de tiro.

Visual colorido

"Gunslinger" tem gráficos no estilo cell-shadding, que lembram um desenho animado. Suas cores fortes remetem ao 'western futurista' da Gearbox, "Borderlands", mas sem os traços exagerados daquela produção.

As cidades, minas, fazendas e outros cenários de "Gunslinger" são bem feitos e cheios de detalhes, desde que você não saia muito da área onde a ação está acontecendo. Vire para o lado errado e vai ter muito espaço para andar, mas nada demais para ver.

Em todo caso, o visual de "Gunslinger" agrada e é uma bem vinda mudança em comparação aos tons de cinza e marrom dos demais shooters atuais.

Pontos Negativos

Sistema de duelo

Algumas das lutas contra chefes em "Gunslinger" se resolvem com um clássico duelo: os dois personagens se encaram, medem forças e sacam suas armas, mandando bala um no outro. É o mesmo sistema dos jogos anteriores mas, vamos admitir, não é legal. E quebra o ritmo frenético do jogo.

O problema é o controle: você usa botões diferentes do que usa para atirar normalmente. Precisa mover uma retícula para manter o 'foco' no oponente enquanto usa outra alavanca para manter a mão de Silas sobre o revólver. Ao menor movimento do braço do inimigo, precisa apertar um botão para sacar, mover a retícula para mirar - de novo - e apertar outro botão para atirar.

Você vai errar várias vezes. Vai morrer em todas elas. Até que, eventualmente, vai acertar, mais por acaso do que por ter dominado a técnica.

Ah, você pode atirar antes do oponente sacar - mas vai ficar conhecido como um assassino desonrado. E deixar de ganhar uma conquista ou troféu no final do jogo, seu covarde.

Linear demais

"Gunslinger" é um jogo descomprimissado e deve ser encarado assim. Você vai avançar por algumas horas, mandando bala em inimigos, buscando ferraduras e ganhando pontos enquanto dispara tiros para todos os lados. Eventualmente vai encarar chefões em duelos ou em batalhas mais divertidas, em arenas bem boladas.

O cenário ao seu redor, porém, não é tão limitado e você pode decidir dar uma volta. E não vai encontrar nada. Áreas vazias, com umas árvores aqui e ali, uma cerquinha, umas pedras. Nada para ver, nada para fazer. Melhor voltar para onde a história está acontecendo.

"Call of Juarez: Gunslinger" é um jogo para download, uma proposta menor dentro da série - ainda que seja o game mais acertado da franquia - mas poderiam ter colocado alguma coisa nessas áreas remotas, para recompensar os jogadores curiosos.

Nota: 8 (Ótimo)