Documentário sobre morte de MC Daleste revela duas novas testemunhas

A série documental "MC Daleste - Mataram o Pobre Loco", chega hoje ao Globoplay e conta detalhes da vida e da investigação da morte do funkeiro, que aconteceu em 6 de julho de 2013. Ao todo, serão quatro episódios e, na próxima segunda (26), a Globo exibirá o primeiro deles.

Uma das revelações mais chocantes da produção é a descoberta de duas novas testemunhas que podem auxiliar o caso e nunca foram ouvidas pela investigação. Segundo informações da Globo, a produção conseguiu pistas após analisar quase mil páginas de inquérito policial.

Em entrevista ao documentário, a irmã do MC, Carolina Sena Pellegrini, relembra que o artista já imaginava como morreria. Pouco tempo antes, a família assistia à série "O Canto da Sereia" (Globo), e a protagonista leva um tiro em cima do palco, quando está de braços abertos. Daleste comentou que morreria da mesma maneira.

Outro ponto que a série levanta é que o cantor chegou a levar um tiro de raspão, antes do tiro fatal o atingir. No entanto, ele seguiu o show e as pessoas que estavam com ele no palco não perceberam do que se tratava. Um de seus companheiros diz ao documentário que, por se tratar de um show na periferia, barulhos de tiro não chamavam mais a atenção.

MC Daleste era muito querido pelos amigos
MC Daleste era muito querido pelos amigos Imagem: Reprodução/Facebook

Morte de Daleste

O artista se apresentava em uma festa julina na CDHU do bairro San Martin, para cerca de 5.000 pessoas. Baleado de raspão na altura do braço pelo primeiro tiro, seguiu com o show por não perceber pelo que foi atingido.

Alvejado novamente, no tórax, Daleste caiu sentado no palco. O momento foi gravado e publicado nas redes sociais à época.

Socorrido, ele chegou a pedir que uma foto sua fosse tirada, "para mostrar ao povo que estava bem".

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O cantor foi levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas morreu no centro cirúrgico à 0h55.

O laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que o segundo tiro atingiu o tórax e perfurou o estômago, o fígado e o pulmão direito do artista. Segundo o laudo, os ferimentos causaram sangramento e a morte foi provocada por anemia aguda.

Investigação

A polícia realizou a reconstituição do crime na semana seguinte à morte. Na ocasião, a perícia determinou que:

O atirador estava em uma área de 30 a 40 metros de distância do palco.

Os tiros teriam sido dados a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo.

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A polícia não conseguiu precisar qual arma foi usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. "Acreditamos que tenha sido uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado Rui Pegolo na época.

Olhando a cena do crime de cima do palco, o tiro (fatal) veio da esquerda para a direita. A bala atingiu o abdômen do cantor, do lado esquerdo, e transfixou seu corpo.

Hipóteses

A polícia trabalhou com duas principais hipóteses: crime passional ou desavença com o contratante do show.

Uma testemunha afirmou que o funkeiro foi assassinado por ter se envolvido com a namorada de um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo o Balanço Geral (Record).

Em 2014, os inquéritos foram transferidos de Campinas para São Paulo. A justificativa para a mudança foi "oxigenar as investigações".

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No entanto, devido à falta de provas, o caso foi arquivado em 2015, sem nunca ter apontado um suspeito.

Em entrevista, na semana passada, a Splash, Carolina Sena Pellegrini critica a investigação da polícia. "A gente lutou muito pro caso vir aqui para São Paulo, para o DHPP, porque não tivemos respaldo nenhum da polícia de lá, de Campinas", disse.

Splash tentou contato com o delegado Rui Pegolo, mas a reportagem foi informada que ele estava de férias. A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) enviou nota:

O caso foi investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sendo o inquérito relatado e remetido ao Poder Judiciário em 28 de dezembro de 2015. Em julho de 2020 a família da vítima pediu reabertura do inquérito, no entanto, como não foi apresentada nenhuma nova informação ao fato, a solicitação foi indeferida pelo Poder Judiciário.

Música

O artista vivia o auge do sucesso quando foi assassinado. Daleste, cujo nome artístico fazia referência à zona leste de São Paulo, era um expoente do funk ostentação. Suas letras eram, em sua maioria, sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres.

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Deu início à carreira em 2008, incentivado pelo irmão, Rodrigo. Chegou a ser criticado pela música "Apologia", em que dizia "matar polícia é nossa meta". Entre seus principais hits estão as músicas "Gosto Mais do Que Lasanha", "Mais Amor, Menos Recalque" e "São Paulo".

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