OpiniãoSéries

Repetindo fórmulas, 'Berlim' traz histórias de amor quando foco é o roubo

"Esse é um clássico de 'La Casa de Papel': o amor aparece nos lugares impossíveis, nos momentos impossíveis." A frase é de Jesús Colmenar, diretor da série. Em "Berlim", spin-off lançado hoje pela Netflix, a ideia é a mesma: manter o amor e o crime de mãos dadas nas mais inacreditáveis situações — mesmo quando os assaltantes deveriam estar focados no roubo.

"Berlim" repete fórmulas da série original. O spin-off mostra o bando do protagonista, interpretado por Pedro Alonso, formado em seu auge como assaltante — antes de decidir roubar a Fábrica Nacional da Moeda da Espanha em plano de Professor (Álvaro Morte).

Protagonista se envolve em romance considerado "impossível". Berlim se apaixona por Camille (Samantha Siqueiros), mulher do diretor da casa de leilões, Sr. Polignac (Julien Paschal), principal vítima do roubo. Sim, você já viu isso antes. Em "La Casa de Papel", Professor se encantou por Raquel Murillo (Itziar Ituño), responsável pelas negociações entre policiais e assaltantes.

O mesmo acontece com integrantes do bando. Enquanto Damián (Tristán Ulloa) lida com o fim de seu casamento, o quarteto formado por Roi (Julio Peña), Cameron (Begoña Vargas), Keyla (Michelle Jenner) e Bruce (Joel Sánchez) também enfrenta questões amorosas antes e depois de executarem o plano de Berlim.

"Berlim" apresenta antigo bando de Andrés de Fonollosa
"Berlim" apresenta antigo bando de Andrés de Fonollosa Imagem: Tamara Arranz/Netflix

Mais uma vez, produção aposta na "riqueza de detalhes". O plano montado por Damián e Berlim é quase impossível de ser replicado, mas se preocupa em detalhar como o bando levará 44 milhões de euros (R$ 235 milhões) em joias de uma casa de leilões em Paris. Diversas possibilidades e possíveis problemas são considerados, assim como na série original.

Características de personagens também se repetem. Keyla apresenta uma "timidez patológica" antes vista em Professor. Bruce, por sua vez, tem um humor e comportamento semelhantes ao de Denver (Jaime Lorente), enquanto Cameron é contundente como Nairóbi (Alba Flores).

Série traz referências de "La Casa de Papel". Berlim cita uma frase de Professor e imita um de seus gestos com a mão. "Ele está desenhando o seu próprio golpe. Uma fantasia incrível. Está preparando há metade de uma vida", conta o personagem de Pedro Alonso. A produção usa uma breve trilha semelhante a "Bella Ciao" na cena. As participações de Alicia Sierra (Najwa Nimri) e Raquel Murillo são breves, mas marcantes ao retratar investigação do crime.

Duas cenas são praticamente "cópias" de série original. Em uma delas, Cameron, Keyla, Roi e Bruce bebem e dançam juntos em um dos quartos do hotel em que o grupo está hospedado — assim como fizeram Tóquio (Úrsula Corberó) e Nairóbi (Alba Flores).

Continua após a publicidade

A segunda cena mostra Berlim cantando mais um hit italiano. "La Casa de Papel" também exibiu personagem entoar uma música durante o casamento com Tatiana (Diana Gómez) — trata-se de "Ti Amo", de Umberto Tozzi.

Grande número de semelhanças pode ser fator positivo para fãs. O modo "apaixonado" como os personagens enfrentam situações são como uma "marca registrada" do universo e, tal qual na produção anterior, o assalto jamais foi protagonista.

Sem força iconográfica dos macacões vermelhos e máscaras de Salvador Dalí, nova série ainda traz personagens carismáticos. Com diferentes personalidades, o novo bando apresentado pelo universo tem potencial para conquistar torcida dos fãs — afinal, o que seria um roubo em Paris sem um pouquinho de paixão?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes