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Erasmo Carlos ficou internado 20 dias antes de morrer; saiba mais detalhes

De Splash, em São Paulo

22/11/2022 19h51Atualizada em 22/11/2022 20h11

A família de Erasmo Carlos, a banda do cantor e o Hospital Barra DOr divulgaram hoje à noite uma nota em conjunto com mais detalhes sobre a saúde do artista, que morreu hoje aos 81 anos.

Erasmo estava internado desde o dia 2 de novembro, no Rio, com quadro de paniculite em decorrência de uma infecção. O velório será reservado para familiares e amigos.

Leia abaixo:

No dia do músico, nosso amado Erasmo Esteves, o Erasmo Carlos, o Gigante Gentil, o Tremendão, o Pai do Rock Nacional, se despediu. Erasmo criou, amou, acompanhou a cada um de nós nos momentos importantes das nossas vidas. E além de todas as maravilhas que compôs e cantou durante décadas, ele nos deixou recados: o futuro pertence à jovem guarda. E que é preciso saber viver! Vamos continuar cuidando das novas gerações, por nós e por ele.

O velório será fechado à família e amigos íntimos. Quem quiser homenageá-lo, escute suas músicas, suas mensagens. Nada o faria mais feliz e amado! Em nota, o Hospital Barra DOr informa que Erasmo estava internado desde o dia 02/11 no Hospital Barra Dor com quadro de paniculite complicada por sepse de origem cutânea.

A paniculite pode surgir em decorrência de infecções, lesões e doenças autoimunes — sintomas típicos incluem caroços sensíveis e vermelhos debaixo da pele. Já a sepse é uma doença que resulta de uma reação exagerada do corpo a algum tipo de infecção causada por vírus, bactéria ou fungo.

Essa resposta inadequada pode levar ao mau funcionamento de um ou mais órgãos, com risco de morte quando não descoberta e tratada rapidamente. Essa infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral, parasitária ou por protozoários.

Histórico

No dia 17 de outubro, o músico foi internado no hospital Barra D'Or com uma síndrome edemigênica. Ele recebeu alta no início de novembro, após mais de duas semanas de internação. "Bem simbólico? Depois de me matarem no dia 30, ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital", escreveu o cantor.

Na ocasião, as apresentações que Erasmo faria nos Estados Unidos no início deste mês foram adiadas. Em agosto, Erasmo contraiu covid-19 e passou oito dias internado para tratar a doença.

"Não foi mole, não, foi difícil. Eu não consegui sozinho, não, consegui com a ajuda dos meus médicos, familiares, amigos, colegas, da minha querida Fernanda, que contraiu covid comigo e estamos curados, das milhares de orações que eu recebi, pensamentos positivos, palavras carinhosas que não dá nem para explicar. Eu fico muito feliz do fundo do coração, muito obrigado a todos", disse, após receber alta.

Nome fundamental da música brasileira

Erasmo Carlos morre aos 81; relembre sua história

Nascido Erasmo Esteves, ele adicionou o Carlos no nome artístico em homenagem ao seu amigo e maior parceiro musical, Roberto Carlos, e também a Carlos Imperial, produtor musical com quem escreveu canções como o rock "Eu Quero Twist" e de quem foi secretário pessoal.

Com 29 álbuns de estúdio, lançados entre 1965 e 2019, e cinco discos ao vivo, Erasmo Carlos foi um dos pioneiros do rock n' roll no Brasil, estilo musical que adotou desde o início da carreira influenciado por um de seus maiores ídolos, Elvis Presley. Foi uma das músicas que fez muito sucesso na voz do rei do rock - "Hound Dog" - que o aproximou de Roberto Carlos ainda na década de 1950.
Da parceria de Erasmo e Roberto Carlos nasceriam clássicos como "Minha Fama de Mau", "É Preciso Saber Viver", "Amigo", "Gatinha Manhosa", "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", "Se Você Pensa", "Além do Horizonte" entre outras canções que marcaram gerações.

Nascido no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, Erasmo Carlos também conviveu com Tim Maia desde a infância, parte da turma da Tijuca. Foi o Síndico quem o ensinou a tocar violão. A cena aparece na cinebiografia "Minha Fama de Mau", lançada em 2019.

Em seu penúltimo álbum, "Amor É Isso", Erasmo Carlos lançou "Novo Love", uma parceria póstuma com Tim Maia. A música é uma versão em português de Erasmo para "New Love", lançada por Tim Maia em 1973. Em uma entrevista ao programa "Conversa Com Bial", em 2018, Erasmo contou que já conhecia a canção desde 1961, quando Tim estava morando nos Estados Unidos e enviou a gravação em um compacto para a namorada na época.

Antes de se lançar em carreira solo, Erasmo Carlos participou do grupo The Boys Of Rock, rebatizado de The Snakes por Carlos Imperial, com Arlênio Lívio, Edson Trindade e José Roberto, o China. O The Snakes chegou a acompanhar Cauby Peixoto no primeiro rock brasileiro, a canção "Rock N' Roll Em Copacabana", de 1957.

Em 1965 Erasmo Carlos estouraria de vez com a Jovem Guarda. O programa exibido pela TV Record era apresentado por ele, Roberto Carlos e Wanderléa, criando um movimento cultural de música e comportamento iniciado com os três. Essa época também está detalhadamente representada na cinebiografia de Erasmo dirigida por Lui Farias.

No cinema, Erasmo atuou em "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" (1970), Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora" (1971), ambos dirigidos por Roberto Farias, pai do cineasta que faria sua cinebiografia quatro décadas depois. Ele ainda participou de "Os Machões" (1972), "O Cavalinho Azul" (1984) e Paraíso Perdido" (2018). Em 2020 estreou na Netflix no filme "Modo Avião", em que interpreta o avô de Larissa Manoela. É o filme de língua não-inglesa mais visto da plataforma.

Na vida pessoal, Erasmo Carlos sofreu com duas grandes perdas. Narinha, o grande amor de sua vida com quem ficou casado por 15 anos, suicidou-se em 1995, quatro anos após se divorciar do cantor. Já seu filho do meio, Alexandre, morreu aos 40 anos em 2014 após um grave acidente de moto.

Com Narinha, Erasmo ainda teve Gil Eduardo e Leonardo Esteves. Ele deixa os dois filhos, netos, e a atual esposa, a pedagoga Fernanda Passos, de 32 anos.