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O que é 'rensga'? Nome curioso de série da Globo surgiu de regionalismo

De Splash, em São Paulo

04/08/2022 04h00

Quem não é do Centro-Oeste do Brasil provavelmente estranhou quando ouviu o nome da nova série do Globoplay, "Rensga Hits", que estreou hoje. Difícil de pronunciar, o nome agrega uma expressão regional que tem tudo a ver com o clima da série, que se passa em Goiânia e aborda os bastidores da música sertaneja.

"'Rensga' é mais popularmente usada no estado de Goiás, em Goiânia, mas você pode encontrá-la no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul também. É uma expressão de espanto, alegria, choque... Se fosse comparar seria mais ou menos como o 'sinistro' do carioca. Ela vai da mais pura surpresa e alegria até um f*deu", explica Renata Corrêa, roteirista da série.

Segundo a definição do site Dicionário Informal, "rensga" "é um termo usado pelo goiano para demonstrar espanto intenso e admiração por algo feito."

Na série, Rensga Hits! também é o nome da casa de composição de Marlene (Deborah Secco), que disputa com Helena Maravilha (Fabiana Karla), da Joia Maravilha Records, novos hits e artistas. As casas de composição são lugares bastante comuns em Goiânia e funcionam como verdadeiras fábricas de músicas.

O elenco ficou imerso três meses em Goiânia para gravar o projeto, que tem Alice Wegmann como protagonista. Na série ela é Raíssa, uma menina sonhadora que deixa uma cidadezinha no interior para tentar a carreira musical em Goiânia. Lá, ela tem uma música roubada por uma "agropat", a cantora em ascensão Gláucia Figueira (Lorena Comparato) e acaba contratada pela Rensga Hits.

"'Rensga' realmente é uma palavrinha difícil. Quando eu recebi o projeto até pensei que teria que mudar isso em algum momento. Mas conforme fomos fazendo pesquisa, conversando com as pessoas de Goiânia e convivendo com esse universo, a gente viu que era impossível tirar 'rensga'. Porque é realmente o que representa a galera. Se fala 'rensga' em Barretos, em festa pecuária, é muito popular", justifica a roteirista.

Além de focar nas mulheres e no feminejo, a série pretende abordar o Brasil profundo tão em alta em sucessos recentes como "Pantanal", por exemplo. E tirar um pouco o foco de tramas que se passam apenas no eixo Rio-São Paulo. Foi isso, inclusive, que fez Renata Corrêa mudar de ideia sobre o termo complexo.

"Depois de um tempo fiquei super defensora de 'rensga', mesmo sabendo que seria uma palavra que poderia gerar curiosidade ou confusão. Montei uma equipe de roteiro super diversa. Tem gente de Brasília, de Minas, de Goiânia. Exatamente para descentralizar essa ideia de que audiovisual só pode ser feito por cabeças do Sudeste. Também pesou isso na decisão de manter o nome", finaliza.