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Por que Anitta decidiu mudar postura e apoiar Lula

Lívia Venaglia e Lucas Pasin

De Splash, em São Paulo e no Rio de Janeiro

13/07/2022 04h00Atualizada em 25/07/2022 11h07

Durou pouco a torcida dos fãs de Ciro Gomes (PDT), que aguardavam ansiosos uma aproximação de Anitta com o ex-ministro e hoje talvez sejam os mais decepcionados com o anúncio da cantora, que vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

Esperado por muitos, o posicionamento da Poderosa em prol do petista não era óbvio: Anitta não escondia de ninguém que não morre de amores pelo ex-presidente ou pelo PT e que estava buscando um "meio termo", como ela mesma escreveu nas redes sociais no mês passado, entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem critica com frequência.

A publicação de Anitta de que estava indecisa, feita há menos de 15 dias na resposta a um seguidor, foi a senha para os fãs de Ciro bombardearem os replies da cantora com pedidos por apelo. Apoiador do pré-candidato, o sindicalista Antonio Neto gravou um vídeo autografando o livro "Projeto Nacional: O Dever da Esperança", escrito por Ciro Gomes e espécie de síntese das ideias dele, direcionado à cantora.

Anitta carrega um histórico de distanciamento com o apoio a partidos, o que já lhe rendeu críticas no passado. Em 2018, essa pressão chegou ao ápice com as cobranças para que ela se posicionasse contra o então candidato Bolsonaro. "Não quero ser obrigada a fazer campanha política quando não foi esse o trabalho que escolhi", reclamou em publicação à época.

Mesmo recentemente, quando o posicionamento anti-Bolsonaro de Anitta já era escancarado, a cantora evitou falar nomes antes de show no Rock in Rio Lisboa. Perguntada por Splash sobre o que pensava de manifestações políticas no palco, ela se limitou a falar que não votaria no atual presidente - neste momento, fez a muito compartilhada crítica sobre a situação da Amazônia no atual governo.

Mas o que mudou em duas semanas, sendo que a cantora dizia que queria "esperar o dia limite da candidatura"? Segundo Splash apurou, Anitta concluiu que não há outra candidatura viável para derrotar Bolsonaro e, diante dos sucessivos ataques que recebe dos apoiadores do atual presidente, decidiu se engajar para ajudar a derrotá-lo.

"Foi natural. Vem da conclusão das propostas apresentadas por cada um, pelo tempo que não teremos para uma terceira via, pelas opções que temos para vencer Bolsonaro", afirma uma pessoa próxima à cantora, que preferiu não se identificar.

Na sequência de postagens em sua conta, Anitta faz o anúncio logo depois de comentar a morte de um defensor do ex-presidente Lula em Foz do Iguaçu (PR) assassinado por um apoiador do atual presidente.

O que também diz quem está no entorno de Anitta é que ela mantém o que disse no Twitter junto com o apoio à Lula. Se considera uma pessoa de centro-esquerda, mas não uma partidária do PT. "Não sou petista nem nunca fui", escreveu a cantora.

Muito ativos no Twitter, rede escolhida por Anitta para se manifestar em prol do pré-candidato do PT, os apoiadores de Ciro se manifestaram nos comentários. Parte lamentando, dizendo que mantém as suas escolhas de voto a despeito da cantora, parte atacando, alguns citando a relação corporativa da cantora com um banco digital.

Houve até quem tentasse reverter a decisão, caso da deputada gaúcha Juliana Brizola (PDT). "Anitta, sei que tu tens uma agenda corrida por conta de todo sucesso merecido que tens, mas sabia que Lula sempre foi contra o impeachment de Bolsonaro e nunca assinou nenhum pedido de impeachment?", perguntou a parlamentar, que ainda não obteve resposta.

O posicionamento, no entanto, provocou preocupações de seguidores com a integridade física de Anitta. Ela replicou, disse não se importar com ameaças à sua segurança, apostando que não vão querer transformá-la "em mártir". "Uma população não consegue viver cercada pelo autoritarismo por muito tempo. É histórico", escreveu a cantora.