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R. Kelly é condenado a 30 anos na prisão por tráfico sexual e extorsão

Luiza Stevanatto

Colaboração para Splash, em São Paulo

29/06/2022 16h42Atualizada em 29/06/2022 18h49

O cantor americano R. Kelly foi condenado a 30 anos na prisão por tráfico sexual e extorsão. Ele está na cadeia desde julho de 2019, onde aguardava a decisão que aconteceu hoje, em um tribunal de Nova York.

R. Kelly foi considerado culpado pela exploração sexual de crianças, sequestro, abusos sexuais e suborno. O artista violou oito normas definidas pela Lei Mann, que define punições contra o tráfico sexual.

O julgamento, que aconteceu em setembro do ano passado, durou seis semanas e contou com o depoimento de 45 testemunhas. Nele foi revelado que o músico de 55 anos usava seus funcionários e outros mediadores para atrair fãs e aspirantes a músicos, submetendo-os a abusos sexuais e condições precárias.

11 vítimas depuseram contra ele no tribunal: nove mulheres e dois homens. Três delas afirmaram que eram menores de idade quando foram abusadas por Kelly. Além de crimes sexuais, os abusos praticados pelo cantor incluíam trancar as vítimas por dias, sem acesso a comida e banheiro.

R. Kelly ficou famoso nos anos 1990, com sucessos como "I Believe I Can Fly" e "I'm Your Angel", em parceria com Celine Dion. Após ser condenado, deve ser transferido para Chicago, onde enfrentará um julgamento por pornografia infantil e obstrução de justiça. Ele também enfrenta acusações nos estados de Illionis e Minnesota.

Acusação, defesa e condenação

De acordo com informações do jornal New York Times, os promotores de justiça do caso solicitaram uma sentença superior a 25 anos, apontando R. Kelly como um perigo para a sociedade: "Ele cometeu esses crimes usando sua fama e estrelato tanto como escudo, o que preveniu um olhar minucioso ou a condenação de seus atos, como uma espada, que lhe deu acesso a riqueza, uma rede de facilitadores para ajudar em seus crimes e uma série de fãs adoradores, entre os quais selecionou suas vítimas", afirmaram.

Já a advogada do cantor pediu por uma sentença de não mais de dez anos, argumentando que o músico teve uma infância traumática que incluiu abusos sexuais de parentes e outras pessoas próximas, o que teria "moldado" sua vida adulta.

A juíza Ann M. Donnelly, porém, concordou com os promotores, fixando a pena em 30 anos. Ela afirmou que a sociedade precisa ser protegida desse tipo de comportamento e passou minutos detalhando os abusos e violências revelados durante o julgamento.

"Esses crimes foram calculados, cuidadosamente planejados e regularmente executados por quase 25 anos. Você ensinou [as vítimas] que amor é escravidão e violência", disse a juíza, dirigindo-se ao cantor.

Depoimentos

Hoje, sete vítimas deram depoimentos sobre os traumas que enfrentam após terem sido abusadas pelo músico.

"A cada vez que você conseguia uma nova vítima, sua maldade aumentava. Você usou sua fama e poder para aliciar meninas e meninos menores de idade para sua própria satisfação sexual. Nós não somos mais as presas que fomos. Eu rezo para que Deus alcance sua alma", disse uma delas, identificada como Angela.

Outra, identificada como Lizette Martinez, afirmou lidar com problemas de saúde mental até hoje. "Robert, você destruiu a vida de muitas pessoas", apontou.

Histórico

O cantor enfrentou acusações de má conduta sexual e abuso de menores por décadas. Em 1994, ele se casou ilegalmente com a cantora Aaliyah, quando ela tinha apenas 15 anos. Na ocasião, ela usou uma identidade falsa adquirida pelo empresário de R. Kelly. Aaliyah morreu em um acidente de avião em 25 de agosto de 2001, aos 22 anos.

Em 2000, um jornal recebeu um vídeo explícito gravado por R. Kelly, no qual ele mantém uma relação sexual com uma menina supostamente menor de idade, que não testemunhou contra ele. Ele foi preso por pornografia infantil, mas foi absolvido em 2008, processo relacionado ao julgamento que enfrentará em Chicago.