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Pedro Antunes

BBB 21 ressuscita Restart em VT e estado de saúde do Mr. Edição preocupa

Banda de happy rock Restart  - Gabriel Wickbold / Divulgação
Banda de happy rock Restart Imagem: Gabriel Wickbold / Divulgação

Colunista do UOL

17/03/2021 13h45

Procura-se alguém cuja identidade é misteriosa, mas é conhecida como Mr. Edição, alcunha favorita do colega colunista Maurício Stycer.

Basicamente, o Mr. Edição é a entidade que representa aqueles que assistem às 24 horas de BBB e criam os VTs que serão exibidos na TV Globo durante o programa apresentado por Thiago Leifert.

A edição de 2021 mostrou uma variedade intensa de músicas e ritmos ao longo dos mais de 50 dias de exibição do programa. Já ouvimos "Basta Você Me Ligar", dos Barões da Pisadinha, e dançamos bastante, assim como já lamentamos o remix de "Anunciação", que toca toda semana inexplicavelmente em alguma das festas em Curicica.

Outra presença constante na edição, quando o assunto é o G3, é a trilha do ótimo (e indie) filme "Scott Pilgrim Contra o Mundo" - o som é de uma banda fictícia, mas foi criado pelo incrível Beck, que já ganhou até Grammy e levantou a hashtag #WhoIsBeck em 2015.

Mas o Mr. Edição deu sinais de que a conta de viver em um País de Bolsonaro está chegando até ao BBB e que ele precisa de um escapismo.

Neste caso, o "pedido de socorro" veio escondido, tipo easter egg que os fãs da Marvel tanto gostam, durante um VT sobre o rompimento do G3 (formado por Sarah, Gilberto e Juliette).

Lá pelas tantas, Mr. Edição tocou "Recomeçar", uma faixa da outrora famosa banda de happy rock Restart. Sacaram o trocadilho que "recomeçar" é a tradução livre para o nome da banda, "restart"? A música é um dos hits daquela gurizada, a primeira canção do álbum de estreia deles, de 2010.

É essa aqui:

Lembra, roqueiros velhos unidos, quando a onda era reclamar no Twitter e em grupos de Facebook sobre "os rumos do novo rock" por conta desse tsunami de grupos liderados por adolescentes de calças agarradas nas canelas e de cores berrantes?

Tempos mais simples, não é?

Veja que a discussão musical mais recente foi a validação do funk como parte da cultura brasileira de exportação após críticas do produtor Rick Bonadio (que pode ser acusado de alguns absurdos musicais dos últimos 20 anos, mas não tem o Restart na sua conta).

Isso sem falar nas notícias diárias terríveis a respeito da pandemia de covid-19 e na incapacidade do governo federal de contê-la e tratá-la.

Suponho, portanto, que a escolha por "Recomeçar", do Restart, seja um grito de socorro.

Um escapismo, uma vontade de vivermos tempos mais tranquilos novamente, de quando o problema eram adolescentes curtindo um roquezinho light e cantando desamores juvenis nas rádios por aí.

Restart não seria minha escolha, mas entendo o seu lado, Mr. Edição. Está difícil demais, mesmo.