Luciana Bugni

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Opinião

Wish, da Disney, ensina a importância de ter desejos para ser feliz em 2024

Meu filho de 6 anos disse que os amigos querem ser Youtubers. Perguntou o que eu achava — como mãe e profissional da mídia tradicional, eu disse que ele poderia escolher uma profissão mais conservadora. "Bom, então vou ser guardião da natureza e astronauta", ele me respondeu. Do Youtube à Nasa, passando pelo Greenpeace, é bonito ver as aspirações elásticas das crianças.

O ano começou há sete dias, quando a gente, que é adulto, anotou em algum bloco de notas os objetivos para 2024. Na prática, a ideia é ser realista: não vai me colocar a intenção de largar tudo e dar a volta ao mundo quando pular as sete ondas, diz a minha consciência. Aí a gente entra no combo "academia, trabalhar menos, cuidar da saúde"... Uma coleção de coisas que deveriam ser óbvias, mas ninguém faz. Na terceira rolha de espumante que estoura ainda na madrugada do dia 1º, lá se foram as propostas. Seguir no padrão nocivo da inércia acaba sendo mais fácil do que revolucionar hábitos que poderiam fazer bem de verdade.

Mas amanhã é segunda, o pessoal já voltou da praia e o ano parece finalmente estar engrenando de verdade. Diz aí: o que você quer?

O filme Wish: o Poder dos Desejos, da Disney, estreou no cinema na quinta (4) e fala justamente disso. Como a gente protege dentro de si o que realmente quer? Não precisa ser a volta ao mundo, muito menos o cargo de gerência que eu tenho certeza de que você merece. O que você deseja lá dentro? Um amigo medroso uma vez desejou só dizer sim, tipo o filme do Jim Carrey. Surfar num dia chuvoso com amigos? Opa. Fazer pão em casa? Vamos. Convidou, ele ia. Durou seis meses — de tanto aceitar o surpreendente, se apaixonou num desses passeios e se casou. O propósito maior pode estar escondido embaixo do tapete que você nunca levanta.

Tem uma palavra bonita para isso em espanhol: illusión. Não é a ilusão que você conhece em português, aquilo que acha que pode ter mas não pode. Illusíon é a maneira como os latinos chamam a gana de fazer algo, um tipo de ambição do bem. Carregar illusiones simples, como aprender espanhol, pintar aquarela e finalmente se inscrever naquela corrida 10 km que você acha impossível de completar, pode ser o caminho para conquistar outras coisas. Um passo e você não está mais no mesmo lugar.

Em Wish, Asha faz o desejo e é atendida por forças interestelares. A gente pode acreditar nisso também, claro. Mas a imagem da força do querer brilhando no nosso peito e fazendo com que levantemos da cadeira para realizar é bonita demais. Meu pequeno guardião da natureza já começou a trabalhar em uns vasinhos de plantas aqui na sala mesmo.

Que 2024 seja o seu ano do sim para cada illusión. Bora.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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