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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

De repente 50: Impacto de Garner e Ruffalo juntos é a viagem no tempo

Garner e Ruffalo recriam cena de De Repente 30: suspiros - Reprodução/ Instagram
Garner e Ruffalo recriam cena de De Repente 30: suspiros Imagem: Reprodução/ Instagram

Colunista do UOL

13/03/2022 11h26

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Saudosismo funciona. Quando Jennifer Garner posta foto com o colega de elenco Mark Ruffalo num sofá, reproduzindo cena do clássico da comédia romântica "De Repente 30", um arrepio atinge em cheio os pelos do braço dos donos de corações românticos.

Então é assim que seria se pudéssemos tê-los acompanhado por esses 18 anos, desde que o filme estreou? Os personagens Jenna e Matt viviam uma amizade apaixonada (mais por parte dele) desde os 13 anos e se reencontram aos 30, em um improvável salto no tempo, quando, entre idas e vindas, finalmente descobrem que se amam.

De repente 30 é um consolo para adolescentes frustradas com sua realidade até hoje. O filme também é um alívio para a mulher de meia idade que vira e mexe gosta de fuçar sua vida alá atrás para pensar "o que de mim de antes tem em mim em hoje?". Aí a gente fecha o ciclo e se entende como nós mesmas. Ponto.

O orfão com uma passagem pra viajar no tempo

Jennifer em 2022 contracena de novo com Mark, em outra trama sobre viagem no tempo, O Projeto Adam, que estreou na Netflix essa semana. A publicidade massiva do filme é sobre esse casal, mas no filme eles aparecem apenas uma vez em cena.

A história, que cá entre nós não é grande coisa, traz outro ponto blockbuster: a orfandade. E não tem fixação maior para os órfãos do que viajar no tempo.

Mark é o pai falecido de Adam (na infância vivido por Walker Scobell, na vida adulta por Ryan Reynolds). A parte de ficção científica é bobagem, mas a ideia de entender aos 40 anos as raivas que você carrega desde os 12 parece interessante. Rever sua mãe, do ângulo de adulto agora, e explicar para ela alguma coisas que não ficaram claras à época? Tentador. Reencontrar o pai falecido e olhar nos olhos dele para entender algumas coisas que ficaram para trás porque o seu "eu" de 12 anos escondeu alguns detalhes importantes por não aguentar mais sentir dor? Aí vocês pegaram no meu ponto fraco.

Se tem uma tara na vida do órfão precoce é botar uns pingos nos is. É ter chance de conversar, agora mais maduro, e entender o que ficou camuflado nas lembranças que distorcemos focados em sobreviver.

Jennifer e Mark estão sentados em um sofá aos 50 anos. Parece que tudo deu certo para a gente que, aos 20, estava entre Jenna de 13 e Jenna de 30, mas igualmente sem saber o que fazer. Ryan, que também perdeu o pai, está falando com ele mesmo aos 12: e entendendo o que tem da essência daquela criança no homem calejado de viver que ele se tornou.

Talvez esteja nesse diálogo a resposta para as questões que mais nos paralisam aos 30, 40, 50 anos. O que meu eu de 12 ou 13 anos realmente faria se estivesse na minha pele agora? O spoiler: ele está aqui. Esse diálogo pode acontecer sem grandes invenções como uma máquina do tempo.

Se tudo isso ficar muito confuso, vale o alerta: Ryan Reynolds aparece sem camisa uma vez no filme. Só por isso, vale sempre o play. Você pode discordar de mim no Instagram.

Esse texto é para o Leandro.