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Opinião

Chega! Ninguém precisa de um Homem-Aranha com Nicolas Cage

O sucesso pode ser um problema para certas pessoas! E também para diversas propriedades intelectuais. Quando alguma coisa dá muito certo, as vantagens do lucro fácil acabam se tornando mais atrativos que a virtude da parcimônia.

No mundinho dos super-heróis, dois personagens sofrem bastante com isso, um em cada editora: o Batman na DC e o Homem-Aranha na Marvel. Eles habitam um espaço muito especial no panteão do imaginário popular. Com isso, existe uma oferta ampla e irrestrita de produtos relacionados a eles.

São dezenas de gibis por mês estampadas com o rosto de ambos. E milhares de produtos. Ao longo das últimas décadas, esse frenesi de consumo também chegou ao universo audiovisual. De maneira pragmática, são dois universos que não podem ficar fora de linha nunca, pois existe uma demanda ininterrupta.

Batman já foi retratado de todas as formas, em todas as linguagens. De Michael Keaton aos bonequinhos da Lego, mesmo com uma série de filmes atualmente em produção com Robert Pattinson, já tem outra sendo desenvolvida em paralelo por James Gunn. Não para!

Do lado da Marvel, o Homem-Aranha é onipresente desde o começo deste século nas telonas. Já foram 8 filmes protagonizados pelo personagem em 3 roupagens diferentes -fora os outros épicos do MCU com a participação de Tom Holland. É muita coisa!

Para piorar, ainda tem o fato de duas empresas diferentes explorarem as possibilidades comerciais do teioso. As participações do Peter Parker no universo compartilhado da Disney ocorrem sob um acordo com a Sony, que adquiriu os direitos cinematográficos do universo do personagem nos anos 1990.

Então você tem toda sorte de coadjuvante chumbrega do herói recebendo tentativas de franquias isoladas. Kraven, Morbius, Madame Teia? A Sony está tentando de todo jeito conseguir replicar a adorável picaretagem que conseguiu com os filmes do Venom. Para nossa sorte, ainda não conseguiu.

Mas agora vem chumbo grosso por aí: a empresa contratou simplesmente o Nicolas Cage para interpretar uma versão alternativa do Homem-Aranha, o Homem-Aranha Noir, em uma série da Prime Video.

Nos quadrinhos, o personagem é uma variante oriunda do famigerado Aranhaverso e a ação ocorre em uma Nova York hipotética de 1933 que, como o nome diz, tem um clima bem noir.

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Particularmente, devo dizer que considero esse gibi muito ruim, mas aprendi a não apostar contra Nicolas Cage, que até já dublou o personagem na animação do Aranhaverso. Ele é um entusiasta da nona arte, fã do Superman e quase interpretou o personagem num filme muito pitoresco que seria dirigido por Tim Burton logo após o sucesso do Batman -a malfadada epopeia narrada no ótimo documentário Superman Lives.

Mas ainda assim, acredito que a monocultura pode ser muito prejudicial neste momento dos filminhos de boneco. Essa insistência predatória em personagens mais seguros como o Aranha pode acabar agravando a sensação de que ninguém aguenta mais tanto marmanjo com a cueca por cima da calça pulando por aí em CGI.

Além do mais, existem milhões de outros conceitos e propostas dando sopa nos quadrinhos que são muito mais interessantes que o modorrento universo Noir da Marvel. Sem querer ser fatalista, mas essa iniciativa pode representar o começo do fim dos super-heróis em Hollywood.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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