Topo

Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Esquisita, exagerada e cheia de perucas: Travessia começou daquele jeito

Colunista do UOL

10/10/2022 23h34

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Que adorável confusão o primeiro capítulo da novela Travessia na noite desta segunda-feira. Muita coisa aconteceu durante pouco mais de 90 minutos de exibição. Certamente ninguém pode reclamar de marasmo, embora seja possível reclamar de várias outras coisas.

A estreia serviu como uma espécie de Jade Picon Begins, focando na construção do contexto que dá origem à personagem Chiara. Algo até surpreendente, uma vez que ela teoricamente não é a protagonista da história, mas pelo visto será muito importante para o desenrolar da trama.

A história: Humberto Martins e Rodrigo Lombardi são sócios em uma empresa. O primeiro descobre que o segundo está pegando sua namorada no sigilo, no caso a personagem vivida por Grazi Massafera.

Papo vem, papo vai e o corno resolve partir rumo ao motel para um flagrante após imprimir um dossiê com a localização dos pombinhos —essa fase inicial teoricamente se passa no começo dos anos 2000, então sei lá qual tecnologia realizava esse tipo de serviço.

Cassia Kis é uma espécie de braço direito de Martins, e consegue impedi-lo de cometer o assassinato dos traidores. Todos os atores envolvidos estavam bastante acima do tom, mas Kis e Martins conseguiram ir além.

Na sequência, Grazi sofre uma desilusão amorosa ao descobrir que o amante é um crápula, e revela que está grávida dele —que dá de ombros e vai viver em outro país. Já com a gravidez avançada, ela sofre um acidente e capota o carro muitas vezes, vindo a falecer tragicamente.

Mas os médicos conseguem salvar o bebê que um dia será Jade Picon. E ela é rapidamente acolhida por um desnorteado Humberto Martins. As primeiras palavras dela foram "bora, eu e você no paredão." Brincadeira.

Enquanto isso, no Maranhão, atores mirins dão vida aos personagens que ainda serão de Lucy Alves e Chay Suede, os protagonistas da trama. Toda a ação é focada em mostrar que eles se amam.

Quando o tempo avança, descobrimos que a Brisa, personagem de Lucy Alves, tem um filho de Ari (Chay), e vive às turras com a sogra interpretada por Drica Moraes.

Ao som de uma versão em português de Portugal da música "O meu amor" do Chico Buarque, dois moleques pegam fotos aleatórias na internet para fazer montagens. Na inocência da maldade, criam uma fake news de que a heroína de Lucy Alves é uma sequestradora de bebês.

No decorrer do capítulo, concatenaram linguagens diferentes, como ilustrações para narrar o folclore maranhense, um plano sequência da Grazi ficando com a barriga de grávida cada vez maior e uma montagem mostrando o que Brisa fazia enquanto as crianças selavam seu destino dali por diante —com direito a presságios da natureza.

Como o amigo leitor pode perceber, foi tudo muito esquisito. Mas um esquisito que considero correto e divertido para novelas. Outras coisas como a aparente falta de sincronia entre os fatos e a cronologia da história ajudam a confundir, irritar e encantar, missões básicas do gênero.

As caracterizações também merecem destaque, em especial perucas estranhas como aquela que Vanessa Giácomo ostenta na primeira fase, ainda mais na cena em que interage com Cássia Kis.

Em linhas gerais, parece que teremos uma novela clássica, do tipo que adoramos falar mal e não conseguimos perder um capítulo. OK, talvez três ou quatro capítulos seja possível. A ver.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.