Sítios históricos de Jerusalém disputam o título de local da ressurreição de Jesus; conheça
Entre a Sexta-Feira Santa e o domingo de Páscoa, uma boa parte do planeta está relembrando os dias em que, segundo a fé cristã, ocorreram o martírio, a crucificação e a ressurreição de Jesus.
O palco desta história é a cidade de Jerusalém, que guarda em seu território dois sítios históricos que clamam ser os locais em que Cristo foi colocado na cruz, morto e sepultado.
O mais famoso deles é a igreja do Santo Sepulcro, um complexo religioso que, hoje, é usado como lugar de adoração por representantes de diversas instituições do cristianismo, como a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Grega, a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Ortodoxa Etíope (os ortodoxos, porém, celebram a Páscoa em data diferente dos católicos romanos).
Entrar neste templo é, sem dúvida, um dos pontos altos de qualquer visita a Jerusalém. Em seus corredores escuros, franciscanos cruzam caminhos com clérigos gregos barbudos, enquanto os fiéis fazem fila para chegar perto do altar que marca o suposto local da crucificação de Jesus.
A igreja do Santo Sepulcro começou a ser construída no ano de 325 a mando de Helena, a mãe de Constantino, o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo. Durante uma peregrinação à Terra Santa, ela ordenou a demolição de um templo dedicado a Vênus (e erguido pelo imperador Adriano por volta de 135 d.C.) que existia em Jerusalém.
Sob os escombros, teriam sido encontradas três cruzes e um túmulo que seria o sítio do sepultamento de Jesus. A edificação de um templo cristão no lugar começou logo em seguida.
Meca cristã
Situado em uma cidade que, mais tarde, se veria ferozmente disputada por cristãos e muçulmanos, o complexo da igreja do Santo Sepulcro foi destruído, reconstruído e modificado algumas vezes nos últimos 17 séculos.
Hoje, porém, o templo mantém um ambiente propício para fascinar os amantes de história e levar às lágrimas os fiéis fervorosos. Além do suposto local da crucificação de Cristo, a igreja abriga outras quatro estações finais da via-crúcis, como os locais onde Jesus teria sido despojado de suas roupas e pregado à cruz.
Também está lá a Pedra da Unção, onde, após a crucificação, seu corpo teria sido enrolado num lençol de linho por José de Arimateia. Junto com o túmulo e o altar da crucificação, esta é uma das áreas que mais comovem os fiéis, que se ajoelham sobre a pedra para tocá-la e beijá-la.
Na parte onde as cruzes teriam sido erguidas, os visitantes podem ver um paredão rochoso marcado por uma fenda. Para os crentes, este é um indício do terremoto que teria atingido Jerusalém logo depois da morte de Jesus, como narrado em Mateus 27:50-51: "E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras".
É interessante também observar alguns dos mais importantes marcos da igreja do Santo Sepulcro sob os cuidados de diferentes instituições cristãs. O altar da crucificação, por exemplo, está sob responsabilidade da Igreja Ortodoxa Grega. Já a 10ª estação da via-crúcis (o local onde Jesus teria sido despido) está com os franciscanos. E até membros da Igreja Copta do Egito marcam presença na área, com uma pequena área ao lado do túmulo sagrado.
Fato extremamente curioso: para evitar discórdias sobre quem é o verdadeiro dono do complexo religioso, as chaves da igreja do Santo Sepulcro ficam nas mãos de uma família muçulmana de Jerusalém.
Jardim do Túmulo
Porém, há outro lugar na Cidade Santa considerado, por muitos cristãos, como o possível local da crucificação, do sepultamento e da ressurreição de Jesus. Trata-se do Garden Tomb (Jardim do Túmulo), uma linda área verde situada no lado oriental de Jerusalém, hoje uma região habitada majoritariamente por palestinos.
Segundo Phillip Ben Shmuel, gerente da organização cristã que cuida do Garden Tomb, há razões para se acreditar que foi neste lugar que Cristo foi pregado na cruz e sepultado.
"Há indícios de que, antes da chegada dos romanos, este local era usado como campo de apedrejamentos realizados por judeus", diz ele. "Quando os romanos dominaram a região, é de se supor que eles aproveitariam esse local de execuções para realizar suas crucificações. Tumbas também foram encontradas no século 19 nesse terreno".
Do jardim é também possível ver, ali bem perto, uma colina com um conjunto de formações rochosas que lembram uma caveira. Para Shmuel, esta paisagem seria o famoso "gólgota" citado na Bíblia – que significa "lugar da caveira" e que é o nome dado à colina onde Jesus teria sido crucificado.
Mas ele próprio admite que não há absoluta certeza de que o Garden Tomb é o local da crucificação, sepultamento e ressurreição de Cristo. "Nosso jardim tem como grande missão proporcionar um ambiente em que as pessoas possam refletir sobre a vida de Jesus. O mais importante não é saber onde Jesus morreu, mas buscar conhecer as razões pelas quais ele morreu".
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