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Catalunha flexibiliza lockdown, reabre bares e restaurantes e aposta em vacina

Bar na Catalunha - Getty Images
Bar na Catalunha
Imagem: Getty Images

Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona

23/11/2020 09h26

Após mais de um mês em confinamento, bares e restaurantes reabrem a partir desta segunda-feira (23) na Catalunha, no nordeste da Espanha. A medida, anunciada pelas autoridades regionais na semana passada, faz parte de um plano gradativo de relaxamento das restrições provocadas pela pandemia da Covid-19.

O relaxamento das medidas de lockdown na Catalunha, que começa nesta segunda-feira, terá quatro fases de 15 dias, que serão reavaliadas em função da evolução da pandemia.

Na primeira, bares e restaurantes, que durante 5 semanas só fizeram entregas, vão abrir das 6h às 21h30, antes do toque de recolher, mantido às 22h. Os estabelecimentos abrirão com capacidade limitada, principalmente no interior. As reuniões particulares vão continuar limitadas a 6 pessoas, pelo menos até 21 de dezembro.

Shopping centers, cinemas, teatros e salas de concertos também voltam a abrir, assim como as academias, mas também com restrições de capacidade.

Essas limitações vão ser reavaliadas se a pandemia estiver sob controle. Por enquanto, o que é certo é que o Natal e o Ano novo deste ano vão ser diferentes, já que o toque de recolher se mantém e os deslocamentos entre cidades estão proibidos durante os fins de semana.

Se tudo correr bem, a partir de 21 de dezembro a Catalunha entrará na terceira fase e a circulação será livre, mas somente na região. Serão permitidos encontros de até dez pessoas.

"Conseguimos mudar a dinâmica da pandemia sem precisar recorrer a um confinamento rígido como o da primavera passada", quando houve a primeira onda, afirmou Pere Aragonés, vice-presidente do governo regional que, na Espanha, dispõe de competências na área da saúde.

Em sintonia com o restante do país, a incidência do vírus está diminuindo na Catalunha, cujo governo aprovou preventivamente medidas muito restritivas que foram criticadas por diversos setores econômicos.

"A situação é de estabilidade em baixa, mas a situação continua sendo muito preocupante porque estamos com taxas de incidência altas", disse na quarta-feira o ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa.

Testes de antígenos na farmácia

A Catalunha e Madri pediram autorização ao governo central para fazer testes de antígenos em farmácias com o objetivo de descongestionar o atendimento nos centros de saúde. O Ministro da Saúde não descarta a opção, mas pediu aos governos regionais que apresentassem um planejamento detalhado sobre o procedimento.

Há controvérsias em relação ao assunto: os farmacêuticos dizem ter condições de realizar o exame, mas outros profissionais da saúde alegam que os farmacêuticos não têm formação adequada para a gerenciar os testes e nem os estabelecimentos estão logisticamente preparados.

Outro argumento é que, misturar suspeitos de Covid-19 com outros clientes pode gerar contaminações. As farmácias são locais pequenos, pouco ventilados, e isso poderia expor pessoas que fazem parte do grupo de risco.

Vacinação em janeiro

A Espanha foi um dos primeiros países da União Europeia a anunciar um plano de vacinação completo.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, declarou neste domingo (22) que a campanha de vacinação contra a Covid-19 vai começar em janeiro e terá 13 mil postos de vacinação em todo o país, o que correspondente ao número de centros de saúde na Espanha.

Sánchez afirmou que haverá uma estratégia única de vacinação para todas as regiões do país e que uma parte muito significativa da população deverá ser vacinada no primeiro semestre do ano.

O premiê espanhol disse ainda que o acesso à vacina será igualitário e garantido para todos os grupos prioritários. O sistema público de saúde espanhol é aberto a todos. Ele frisou, que 14 milhões de pessoas foram vacinadas contra a gripe neste ano nos centros de saúde, em apenas oito semanas.

Sánchez lembrou ainda que, para fortalecer o Sistema Nacional de Saúde, ele será reforçado com dez mil novas vagas para médicos e enfermeiros.

Moral dos espanhóis em baixa

Uma recente pesquisa do Centro de Investigações Sociológicas da Espanha (CIS - 11 de novembro de 2020) revelou que há um profundo desgaste emocional dos espanhóis por conta da pandemia.

A pesquisa diz que 78% dos espanhóis têm medo do futuro, 64% têm medo de perder o emprego, 57% têm medo de ficar doente, e quase 60% acreditam que não vão conseguir ter a mesma vida de antes da pandemia.

Outro ponto que dá a dimensão da tragédia provocada pela Covid-19 no país é que um em cada quatro espanhóis perdeu um parente, amigo ou conhecido para a doença. Numa sociedade em que se valoriza muito as relações pessoais, a perda de um ser querido é a segunda causa de preocupação, de acordo com a mesma pesquisa.

En relação à vacina, a porcentagem de desconfiança dos espanhóis é alta: 47% dos entrevistados admitem que não se vacinariam imediatamente e somente 36,8% disseram que sim, sem impor qualquer condição.

A Espanha já atingiu mais de 1.560.000 casos de contágios e mais de 42.600 mortes por coronavírus desde o início da pandemia, de acordo os últimos dados, divulgados na sexta-feira (20).