Sozinha na moto, ela foi a 1.500 cidades: 'Tive até queimadura na mão'
A necessidade de se locomover para trabalhar fez com que Celina Martins Costa, de 31 anos, comprasse uma moto em 2011. Não demorou para que os trajetos curtos se transformassem em grandes aventuras, cheias de perrengues e histórias para contar: Celina já percorreu, sozinha, 1.500 cidades a bordo da motocicleta e cumpriu a meta de conhecer todas as capitais brasileiras.
O veículo foi o primeiro que a família, de Frutal, no interior de Minas Gerais, teve: antes, todos os deslocamentos eram feitos a pé ou com o auxílio de caronas. A solução para chegar mais rápido ao trabalho logo se transformou em uma oportunidade de Celina fazer pequenas viagens até cidades vizinhas.
"Eu comecei a pegar algumas rodovias e conhecer cidades da região. Em um ano, conheci todas as cidades próximas sozinha de moto. Foi quando percebi que a moto me levava muito mais longe do que eu achava."
A paixão pelas estradas teve início e Celina viu que os pequenos percursos poderiam ser ampliados. Foi em 2012 que ela começou a viajar e a percorrer outros estados.
"Comecei conhecendo os estados do Sudeste, pela proximidade. Viajei por Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, aumentado gradativamente as distâncias", recorda.
Daí surgiu a vontade de percorrer milhares de quilômetros e visitar todas as capitais dos estados brasileiros de motocicleta. Tudo com o vento no rosto e completamente só, entre a natureza e o asfalto.
Férias, feriados e finais de semana
Por trabalhar em uma agência bancária, o tempo para as viagens nunca foi muito. Elas precisavam ser feitas, principalmente, durante as férias de Celina, que eram divididas em dois períodos a cada ano.
"Foram quase 12 anos mesclando o trabalho com as viagens. Durante a semana eu trabalhava e, nos finais de semana, feriados e férias, eu saía para viajar, seja viagem curta ou longa", acrescenta.
"Como eu sempre viajei de moto pequena, quase ninguém gostava de me acompanhar, então eu parei de convidar as pessoas e comecei a ir realmente sozinha. Com o tempo passei a me sentir bem dessa maneira."
Perigos e perrengues
E a experiência de visitar todos os estados brasileiros de motocicleta e sozinha foi recheada de momentos incríveis e, claro, de aventuras, perigos e perrengues. Com sua fiel escudeira, Celina atravessou locais como a BR-319 entre Porto Velho e Manaus, famosa por suas más condições.
"É uma rodovia bastante deserta, com poucos pontos de apoio e praticamente sem posto de gasolina. Foi um lugar bem desafiador. E também o extremo norte do Brasil, na região do Iramutã, tem uma estrada que te oferece muito risco, porque é uma serra e a estrada é toda de pedras e terra, então se você escorregar, cai lá embaixo da serra. É bem perigoso também", diz a motociclista.
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Quero receberAlém dos desafios das rodovias, Celina conta que perrengues com a moto também não faltaram. Pneus furados e panes elétricas fizeram parte do roteiro de aventura da viajante, que permanecia até 15 horas por dia rodando pelas estradas.
Outra situação desafiadora, segundo ela, é superar os limites do próprio corpo.
"Tem muitas variações de tempo, muita chuva ou muito sol. Já tive queimaduras nas mãos porque perdi luvas no meio da viagem e já fiquei doente. A gente tem de ter muita resistência física, mas também emocional para passar pelas situações adversas sem se abalar", acrescenta.
Não para por aí
No total, Celina visitou todas as capitais do país e cerca de 1.500 cidades. O objetivo de visitar todas as capitais foi concluído em outubro. E ter encarado tal jornada gigantesca não cansou a motociclista, que, em breve, pretende percorrer a América do Sul sobre duas rodas.
Em abril, Celina deixou o emprego no banco e agora ganha a vida como social mídia. Por trabalhar remotamente, sobra mais tempo para ficar na estrada.
"Ainda vou fazer algumas viagens aqui pelo Brasil, em lugares que ainda não conheço e depois começar a América do Sul, no ano que vem. Quero conhecer a Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Equador, as Guianas e o Suriname."
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