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Cemitério em Nova York cria abelhas entre túmulos e já vende o próprio mel

"O Doce Porvir": rótulo ainda faz referência bem-humorada aos vizinhos das abelhas - Divulgação/Green-Wood Cemetery
"O Doce Porvir": rótulo ainda faz referência bem-humorada aos vizinhos das abelhas Imagem: Divulgação/Green-Wood Cemetery

De Nossa

06/10/2022 04h00

O cemitério Green-Wood, no Brooklyn, em Nova York, encontrou uma forma incomum de aproveitar sua ampla área verde — e obter uma renda extra: o local instalou um apiário ali e cria abelhas que produzem um mel "da casa".

Batizado de "Sweet Hereafter" ou o "Doce Porvir", o produto está em seu terceiro ano de produção e é resultado da iniciativa de um dos frequentadores do cemitério, David Larson, segundo informações da revista Food and Wine.

A sacada de Larson começou em uma visita à capela do terreno, quando o administrador de redes sociais e ex-morador de Kansas City observou bem os quase 200 hectares de área verde do arboreto e percebeu que aquele seria o local ideal para instalar um apiário.

Ao conversar com funcionários de Green-Wood, ele descobriu uma coincidência e tanto: a possibilidade de cultivar abelhas já estava no radar da administração do cemitério, que mantém iniciativas ecológicas nas amplas áreas verdes.

As abelhas de Green-Wood trabalham duro no cemitério no Brooklyn - Divulgação/Green-Wood Cemetery - Divulgação/Green-Wood Cemetery
As abelhas de Green-Wood trabalham duro no cemitério no Brooklyn
Imagem: Divulgação/Green-Wood Cemetery

Bem-vinda, sua proposta acabou se tornando um convite para que ele mesmo, que já havia cultivado abelhas no Missouri, passasse a tocar o projeto no Brooklyn. E o resultado foi positivo: os potes vendidos no próprio cemitério ganharam uma clientela fiel na cidade — e até de quem venha de fora em busca do doce "macabro".

"Todo mundo ama o mel local, mas especialmente amam o fato de ter uma origem única, ser um mel de cemitério é [um fator] importante como item de presente", explicou à publicação o gerente de engajamento com o público do Green-Wood, John Connolly.

Cemitério Green-Wood, em Nova York, nos EUA - Angela Weiss / AFP - Angela Weiss / AFP
Cemitério Green-Wood, em Nova York, nos EUA
Imagem: Angela Weiss / AFP

As sete colmeias que produzem o mel singular estão localizadas aos pés de um Salgueiro, às margens de um lago gelado do local. Larson visita suas abelhas aos domingos, a cada 15 dias, para garantir que tudo corre bem.

"Elas não poderiam ser mais doces. Quase nunca me picam. E eu nem uso macacão na metade do tempo. Apesar de que elas podem ser animais temperamentais e, se choveu recentemente ou está para chover, elas podem ser bem rabugentas".

Parte da proposta do apiário de Green-Wood é ajudar a recuperar a população nativa de abelhas na cidade, afetada pela urbanização. Além disso, elas ajudam a manter o verde do local.

"Nós queremos ser muito bons guardiões deste enorme espaço verde no meio da cidade. Ter abelhas é parte disso, porque elas são ótimas polinizadoras para nossas flores e árvores. Elas são uma parte importante de um ecossistema saudável".

Os sabores do mel variam de acordo com as mais de 8 mil árvores de onde as abelhas decidem extrair seu néctar, de acordo com a estação. Em comum, em todas as épocas do ano, está uma nota mentolada, devido às Tílias abundantes no gramado.

Apesar de venderem cinco cotas e meia de patrocínio (cada uma por US$ 500 ou R$ 2.600) do apiário, além dos jarros de mel, toda a renda é revertida para a manutenção das abelhas, que ainda não dão lucro. No entanto, a dupla do cemitério estima que em breve a situação possa mudar. Na última temporada, o Green-Wood produziu quase 100 kg de mel.