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Caos aéreo na Europa: brasileiras relatam atrasos, filas e malas perdidas

Viajantes aguardam em longas filas no aeroporto internacional de Dusseldorf, na Alemanha, dia 25 de junho - Anadolu Agency via Getty Images
Viajantes aguardam em longas filas no aeroporto internacional de Dusseldorf, na Alemanha, dia 25 de junho
Imagem: Anadolu Agency via Getty Images

Priscila Carvalho

Colaboração para Nossa

01/07/2022 04h00

Desde o fim de maio, quem precisa viajar para Europa ou embarcar em voos internos está enfrentando diversos problemas. Por causa das greves de algumas companhias aéreas, passageiros têm relatado um verdadeiro caos nos aeroportos. As queixas mais comuns são atrasos, longas filas e malas extraviadas.

Na semana passada, funcionários da Brussels Airlines, que pertence à empresa alemã Lufthansa, realizaram uma greve de três dias, provocando um cancelamento de 60% dos voos da companhia.

Já a irlandesa Ryanair, conhecida por ser uma "low cost" (baixo custo), também realizou uma paralisação com alguns funcionários na Espanha, Itália, França, Portugal e Bélgica no último fim de semana.

O sindicato de tripulantes anunciou ainda que a empresa deve fazer uma nova greve na Espanha desde quinta-feira (30) até o próximo sábado (02).

Mala extraviada na volta ao Brasil

 Stephanie em Berlim: na volta, mala extraviada e itens quebrados - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Stephanie em Berlim: na volta, mala extraviada e itens quebrados
Imagem: Arquivo pessoal

A interrupção dessas atividades tem gerado transtornos para turistas do mundo todo, inclusive brasileiros. A publicitária Stephanie Schwarz, 31, fez uma viagem a Berlim, na Alemanha, e voltou para o Brasil pouco mais de uma semana atrás. Ao chegar no aeroporto, não encontrou sua mala na esteira.

O problema começou quando ela ainda estava em território alemão e recebeu um email da Lufthansa informando que seu voo estava atrasado em 30 minutos. Com escala em Frankfurt, a publicitária entrou em desespero com medo de perder o avião para São Paulo.

Eu desci do avião correndo e minha escala que antes era de uma hora e meia foi de apenas 45 minutos. Cheguei no limite e fui a penúltima a embarcar"

Quando aterrissou em solo brasileiro, foi avisada por um novo email da companhia aérea, dizendo que suas malas haviam sido extraviadas e dentro de 24 horas as bagagens estariam em sua casa. Mas isso não ocorreu. "Fiz todos os procedimentos e demorou 48 horas para chegar. Eles ainda quebraram coisas dentro da mala".

Ela ainda sofreu com danos nas roupas e teve muita dor de cabeça para saber onde, exatamente, estavam suas malas durante todo o período. Agora, a brasileira pretende entrar na Justiça contra a empresa.

Caos aéreo na Europa: Com voos atrasados e cancelados, grandes filas se formaram no aeroporto de Dusseldorf, na Alemanha, dia 25 de junho - Anadolu Agency via Getty Images - Anadolu Agency via Getty Images
Com voos atrasados e cancelados, grandes filas se formaram no aeroporto de Dusseldorf, na Alemanha, dia 25 de junho
Imagem: Anadolu Agency via Getty Images

Viagem à Noruega começou mal

Assim como ocorreu com Stephanie, a confeiteira Eva Fagundes, 32, também teve problemas com sua mala, porém, logo ao chegar na cidade de Bergen, na Noruega, quatro dias atrás.

A "novela" das malas, como ela mesmo define, começou antes mesmo da data da viagem. A brasileira conta que encontrou um voo que saía de São Paulo, com a primeira escala em Fortaleza e depois em Paris, com duas aéreas parceiras, a GOL e Air France. Mas, ao tentar comprar por um dos sites, não conseguia.

Eva Fagundes chegou na Noruega há quatro dias, mas suas malas ainda não - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Eva Fagundes chegou na Noruega há quatro dias, mas suas malas ainda não
Imagem: Arquivo pessoal

Como precisava ir ao aeroporto de Guarulhos dias antes, perguntou no balcão de vendas se poderia comprar sua bagagem e eles informaram que só era possível no momento do despacho das malas, por serem companhias distintas. Ela pagou pelo serviço US$ 100 (aproximadamente R$ 525), com a garantia de que a mala chegaria no destino final.

Ao chegar em Paris, no aeroporto Charles de Gaulle, encontrou um verdadeiro caos. Filas gigantes na transferência de terminal, tanto para passar no raio x de bagagem, quanto no da imigração.

Segundo ela, muita gente estava reclamando e dizia que iria perder o voo de conexão.

Eu mesma achei que estava com tempo suficiente para um cafezinho, mas acabei não tendo tempo nem de ir ao banheiro. A demora foi de 1h45min somente para transferir do terminal 2E para o 2F, que são literalmente um em frente ao outro"

Ao desembarcar no país, ficou esperando por sua mala na esteira, mas a bagagem nunca chegou. Quando foi falar com uma atendente, a fila estava enorme e havia somente um funcionário para orientar as pessoas com a demanda.

Quando chegou sua vez, explicou o ocorrido e foi informada de que eles não conseguiam verificar onde estava sua bagagem, mas apenas dar entrada ao processo de busca, que vai para um sistema internacional e geral de malas extraviadas pelo mundo. "Ele me falou que provavelmente minha mala estaria em Paris, pois acontece praticamente todos os dias", destaca, indignada.

Para sua surpresa, as informações na etiqueta emitida pela empresa aérea estavam cortadas e até agora ela não sabe exatamente qual era o número do documento. Ao tentar consultar e fazer uma reclamação pela internet, seus dados também estavam errados e, por sorte, ela conseguiu alterar.

Depois de inúmeras tentativas para falar com as companhias por telefone, a Air France informou que sua mala estava realmente na capital francesa e que entrou no país um dia após a chegada de Eva.

O atendente também informou que eles não têm previsão, mas que deve ocorrer o envio da bagagem para a Noruega nos próximos dias, e que irão entrar em contato comigo via e-mail"

Como estava sem nenhum item na mala de mão, precisou acionar o seguro e comprar roupas na cidade, pois até agora não tem previsão de quando a mala vai chegar. "Eu não tinha nada. Nem um desodorante. Eu acionei o seguro depois de oito horas e comprei algumas coisas. O reembolso vai ser de 200 dólares", destaca.

Ela segue na esperança de reaver a bagagem, pois ficará um mês no país para um programa de voluntariado.

Nesta quinta-feira (30), viajantes seguiam enfrentando filas intermináveis em aeroportos europeus - NurPhoto via Getty Images - NurPhoto via Getty Images
Nesta quinta-feira (30), viajantes seguiam enfrentando filas intermináveis em aeroportos europeus
Imagem: NurPhoto via Getty Images

Muita espera em voos internos

E não são somente os voos entre Brasil e países da Europa que estão gerando dor de cabeça aos turistas. O deslocamento no continente feito pelas empresas ditas "low cost", que oferecem passagens a preços mais em conta, também está causando muito desconforto.

Denise León: na chegada a Londres, trâmite de 4 horas para um processo que levaria 30 min - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Denise León: na chegada a Londres, trâmite de 4 horas para um processo que levaria 30 min
Imagem: Arquivo pessoal

A escritora Denise León, 39, vive em Londres com o marido e foi passar alguns dias em Budapeste, na Hungria, no fim do mês passado. Eles compraram um voo pela empresa Wizz Air, que oferece bilhetes com valor mais popular para quem visita o Leste Europeu. Na ida, não tiveram nenhum inconveniente, mas ao retornar para capital da Inglaterra, enfrentaram longas horas para simplesmente sair do aeroporto.

O problema já começou na saída da Hungria, com um voo atrasado em 30 minutos. Mesmo diante desse imprevisto, eles não achavam que teriam outro contratempo. Ao aterrissar no aeroporto de Luton, em Londres, ela relembra que viveu um verdadeiro pesadelo.

Demoramos mais de 40 minutos para sair da aeronave. Depois, mais uma hora e meia ou duas horas até chegar na imigração. Depois, até pegar as malas na esteira, foi mais ou menos uma hora e meia"

Todo o processo de chegada a Londres até a saída do aeroporto demorou mais de quatro horas, o que, segundo ela, levaria pouco mais de 30 minutos. A escritora ainda ressalta que as informações nos noticiários não são as mais positivas e que, por causa do verão, e longo período sem voos devido à pandemia de covid-19, estão ocorrendo muitos cancelamentos e não há uma previsão certa de normalização.

Quase 24 horas de viagem

Monah Legat no aeroporto: atrasos, filas e confusão - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Monah Legat no aeroporto: atrasos, filas e confusão
Imagem: Arquivo pessoal

A consultora estrategista de marketing Monah Legat, 37, também enfrentou atrasos e demora enquanto estava na Espanha. Trabalhando e viajando ao mesmo tempo, ela está passando um grande período no continente europeu e visitava a cidade de Nerja, na província de Málaga.

Como tinha viagem marcada para a Albânia, no Leste Europeu, precisava ir até Barcelona para pegar seu voo. Para isso, tinha que viajar de ônibus por algumas horas até o local e ainda enfrentar uma escala na Alemanha.

Já no caminho para o aeroporto, recebeu um email dizendo que seu voo estava atrasado em meia hora. Quando embarcou, o piloto informou que eles poderiam ficar parados dentro da aeronave por até duas horas.

Todo mundo ficou bravo. Eu tinha uma escala em Munique e fiquei com medo de perder. O piloto informou que todos os voos por lá também estavam atrasados. No fim, ficamos parados uma hora ali"

Ao desembarcar em Munique, esse voo também estava atrasado e a Lufthansa estava informando outros atrasos referentes a diversos destinos. Havia muitas pessoas no saguão, o aeroporto totalmente lotado e com muitas filas.

Depois de quase duas horas de espera, seu voo decolou para a Albânia e ela chegou ao país de madrugada. "Eram quase duas horas da manhã e eu fiquei preocupada porque não sabia direito as coisas, não conhecia o lugar e estava sozinha. Gastei dinheiro com o táxi e fui até o centro da cidade", conta. Por causa de todo o atraso, ela conta que viajou quase 24 horas somando todos os trechos.