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É a vez da maquiagem para homens? Marcas apostam no mercado masculino

Modelo da Dior sendo maquiado - Divulgação/Dior
Modelo da Dior sendo maquiado
Imagem: Divulgação/Dior

Gustavo Frank

De Nossa

06/10/2020 04h00

Não faz muito tempo que a Chanel impulsinou a linha Boy de Chanel para contemplar os homens com maquiagens: lápis de olho e esmalte, ambos na cor preta, além dos já tradicionais, como base, corretivo, lápis de sobrancelha com pente e esfoliante labial.

Já quem faz uma visita ao perfil no Instagram da Gucci Beauty, vai encontrar postagens recentes em que homens protagonizam uma campanha de batons vermelhos.

Gucci: The Ritual - Divulgação - Divulgação
Gucci Beauty
Imagem: Divulgação

Uma das publicações traz o astro de k-pop Lu Han, o que me trouxe à memória uma entrevista de outro astro da Coreia do Sul, Holland, adepto da boca "manchadinha" e os olhos marcados. À revista "Allure", ele diz estar impressionado com o fato de que os homens no ocidente não se maquiarem.

"Eu fiquei sabendo que os caras americanos não usam maquiagem", conta ele à publicação. "Na Coreia, é totalmente o oposto — muitos garotos são interessados em make".

Aqui, vale ressaltar a recente força que a make coreana ganhou em todo o mundo: uma febre nas redes sociais entre as aficionadas por maquiagem. E por que não para os homens?

Do passado ao presente

Na história, os retoques na pele são mais antigos do que essa recente desconstrução da masculinidade.

No Egito antigo, por exemplo, usava-se uma espécie de delineador nos olhos e nas pálpebras, além do ocre vermelho para os lábios e as bochechas — aquela coloração de um tapinha no rosto que, hoje, dá uma aparência de "saúde".

Luis XIV da França era conhecido pelo luxo da moda e beleza - Reprodução - Reprodução
Luis XIV da França era conhecido pelo luxo da moda e beleza
Imagem: Reprodução

Na França, entre os séculos 17 e 18, a maquiagem era moda entre os homens — principalmente àqueles que faziam pintas postiças no rosto. Um agradecimento especial ao Rei Luis XIV.

"Sem dúvida, a maquiagem tem a capacidade de expressar desejos, mensagens e contar histórias. Ela também é recurso para auxiliar pessoas a se manifestarem no mundo como desejam ou como querem que o mundo as identifique", opina o beauty artist Dindi Hojah a Nossa.

A identificação com a maquiagem pode acontecer através da organização ou da ornamentação no rosto. Ambos podem ser usados para autoexpressão".

O maquiador (@dindihojah) trabalha com a maquiagem para sessões de fotos e vídeos — incluindo o "culto musical" Sunday Service, do artista Kanye West no conhecido festival Coachella.

"A maquiagem publicitária masculina vem a ser invisível, o que faz dela muito mais difícil de executar do que a feminina", conta ele sobre a técnica.

Beleza assinada por Dindi Hojah para o desfile do estilista João Pimenta na SPFW - Allan Hiagon/Instagram - Allan Hiagon/Instagram
Beleza assinada por Dindi Hojah para o desfile do estilista João Pimenta na SPFW
Imagem: Allan Hiagon/Instagram

"Corrigir uma sobrancelha de um homem sem que ele aparente estar maquiado é um desafio maior do que de uma mulher que, historicamente, já teve sobrancelha como um elemento manipulado com formatos, grossuras e intensidades variados".

Ao que tudo indica, a maquiagem masculina precisa só de um empurrãozinho para se tornar cotidiana. O uso dela pelos homens acontece hoje em dia — como no Carnaval, por exemplo — embora seja colocada ainda como algo alegórico.

"Você vê homens com glitter nessa época, coisa que eu não via tão difundido em Carnavais de 15 anos atrás, por exemplo", complementa Dindi. "Partindo disso até a imensa quantidade de YouTubers homens que fazem tutorial de automaquiagem nas redes sociais".

Põe a cara no sol, mano

O "medo" de muitos homens é colocar maquiagem e ficar muito aparente. O que não deve ser um problema, mas também não precisa ser um julgamento condenável: afinal, a beleza nos últimos anos vem reforçando a ideia do "natural".

O ator Jesuíta Barbosa em beleza assinada por Dindi Hojah - Reprodução/@dindihojah - Reprodução/@dindihojah
O ator Jesuíta Barbosa em beleza assinada por Dindi Hojah
Imagem: Reprodução/@dindihojah

Para isso, alguns protetores labiais hoje vêm com cores, para acentuar os tons dos lábios de forma sutil. E o corretivo pode ser um aliado essencial para combater marcas de espinha e olheiras.

Dindi recomenda qual deve ser o primeiro passo para os homens que quiserem usar maquiagem — e não é nenhum dos dois citados acima e, sim, a procura por um dermatologista.

"De nada vale você ter o tão desejado corretivo da marca tal, se sua pele estiver equilibrada", recomenda "E não digo perfeita, pois essa busca é errada. Mas talvez a sua olheira se resolva com um tratamento, que inclusive pode custar menos que um corretivo".

É o que eu sempre digo: 'você prefere cobrir a mancha ou não ter a mancha?".

Com a pele devidamente cuidada, a recomendação do especialista são dois produtos: "Um gel de sobrancelha e um Vetiver de Guerlain. Ninguém vai nem olhar pro seu lábio rachado", brinca ele ao mencionar o perfume da marca francesa como o segundo item "essencial".