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No topo de lista do mercado da moda, Nike é mais valiosa do que nunca

Nike desbancou grifes e ocupou o primeiro lugar como a marca de moda mais popular no segundo trimestre desse ano - Divulgação
Nike desbancou grifes e ocupou o primeiro lugar como a marca de moda mais popular no segundo trimestre desse ano
Imagem: Divulgação

Gustavo Frank

De Nossa

14/08/2020 04h00

Não há dúvida de que a Nike é uma das marcas mais populares em todo o mundo, principalmente no universo esportivo. A fama, porém, não é só entre os atletas. Muita gente que nunca praticou esporte tem um tênis, uma jaqueta ou qualquer outra peça com o famoso "swoosh", logotipo da marca presente em todas as suas peças.

Em 2020, no entanto, ter um item destes no armário é mais valioso do que você imagina, já que, pela primeira vez na história da The Lyst Index — que avalia o mercado da moda em todo o mundo desde 2018 — o topo da lista das marcas mais populares não foi ocupado por uma grife de luxo e, sim, pela marca esportiva.

No ranking, a ascensão do streetwear é perceptível, sendo o segundo lugar ocupado pela Off-White, de Virgil Abloh.

Como a Nike desbancou as grifes?

Ocupando terceiro lugar na avaliação anterior, feita a cada trimestre do ano, a Nike chegou ao primeiro no pódio a partir de três estratégias: responsabilidade social, um bom marketing e a preocupação com o mercado digital.

Em junho, a morte de George Floyd nas mãos da polícia dos Estados Unidos desencadeou uma onda mundial de mobilizações por igualdade e justiça racial, que inevitavelmente impactou a indústria da moda e teve repercussão também da empresa de ítens esportivos.

Em um vídeo que alcançou mais de cinco milhões de "curtidas" no Instagram, a Nike mudou seu slogan icônico "Just Do It" para "Don't Do It" para promover sua mensagem antirracismo.

A marca ainda se comprometeu com uma doação de US$ 40 milhões, cerca de R$ 215 milhões, para apoiar organizações que promovem a justiça social.

Tais iniciativas tiveram uma recepção positiva do público, alavancando a popularidade da marca.

Conforto, por favor

Nike - Divulgação - Divulgação
Com cortes e pensada originalmente para o mundo esportivo, conforto das roupas produzidas pela Nike se tornou predileção entre os consumidores
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Além disso, a pandemia e o consequente lockdown fez com que muitas pessoas deixassem de procurar por roupas bonitas, mas não funcionais para o dia a dia.

Durante este período, houve o aumento de 106% na demanda por roupas para a casa e roupas esportivas, motivada pela necessidade de consumir roupas confortáveis para o confinamento, fazer exercícios e praticar atividades ao ar livre. Mais um ponto positivo para a marca esportiva.

Tal mudança é explicada pela consultora de moda Thaís Palermo ao Nossa.

Moda é sobre se sentir bem com o que está vestindo e a pandemia reforçou isso. Estar só esteticamente bonito está em desconstrução, as pessoas querem praticidade para se vestir".

Enquanto as grifes de luxo, como a Gucci, que ocupou o terceiro lugar no ranking, perderam a oportunidade de desfilar suas peças em eventos com red carpet, como o Met Gala, cancelado esse ano em consequência do coronavírus, a Nike mirou nessa lacuna deixada na indústria para se consolidar como a "queridinha".

Vitrines digitais

NIke - digital - Divulgação - Divulgação
Foco no digital foi uma das estratégicas para destaque da Nike em ranking
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Não é novidade para ninguém que o mercado online, principalmente na moda, só cresce — ainda mais na pandemia, que fez com que a única forma de comprar fosse através das plataformas digitais.

"Agora que superamos o choque inicial da pandemia, vemos sinais de recuperação na confiança do consumidor, e muitos deles estão se encorajando para comprar online pela primeira vez", opina o cofundador e CEO da Lyst, Chris Marton.

Nesta nova fase, triunfarão as marcas que reafirmam os seus valores fundamentais e investem nos seus canais digitais para chegar aos clientes, despertar o seu interesse e prestar um serviço eficaz".

De acordo com a consultoria Bain & Company, as vendas pela Internet representarão 30% do mercado de luxo em 2025. Ou seja, é mais do que a vez de investir nas vitrines virtuais.

A pandemia fez com que os hábitos de consumo se transformassem, assim como os padrões de compras buscados pelos clientes.

Nesse cenário, que visa o futuro mas já se faz presente atualmente, a Nike teve um crescimento de 75% nas vendas digitais, que representaram 30% da receita total.

Embora a marca tenha sido prejudicada pelo fechamento de suas lojas físicas e pelo envio de menos produtos aos atacadistas, o compromisso com o digital foi priorizado e o investimento na divulgação por meio das redes sociais, como o Instagram.

Aquele like que você dá em uma foto no perfil oficial da Nike no Instagram tem mais valor do que parece.

As expectativas para o futuro são ainda maiores. Em comunicado enviado à imprensa, a empresa anunciou a meta de atingir 30% das vendas online até 2023, mas como já cumpriu esse desafio neste ano, a empresa estabeleceu uma nova meta de 50% das vendas digitais em um "futuro próximo".