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Argentina continuará limitando a chegada de viajantes para evitar variante

Carla Vizzotti, Ministra da Saúde da Argentina - Getty Images
Carla Vizzotti, Ministra da Saúde da Argentina
Imagem: Getty Images

02/07/2021 10h10

A ministra da Saúde da Argentina, Carla Vizzotti, defendeu nesta quinta-feira, em declarações à Agência Efe, a polêmica decisão de limitar a entrada ao país a 600 pessoas por dia: "dado o risco de introdução da variante Delta, o que tem sido feito é, com um horizonte temporário de dois meses, enquanto a vacinação é escalonada, reduzir a entrada de pessoas".

Na última segunda-feira, em meio à segunda onda da covid-19, a Argentina passou a aplicar - em princípio até 9 de julho - essa nova cota de entrada para viajantes, o que gerou desconforto nas companhias aéreas - que foram obrigadas a remarcar voos - e entre argentinos e residentes no país que estão no exterior e querem voltar.

"Tínhamos (permitido o acesso a) 2 mil pessoas por dia, o PCR antes do embarque, o controle do voo, o antígeno na chegada, os positivos eram isolados em um hotel e os negativos tinham que ser totalmente isolados em sua jurisdição. Quatro em cada dez não cumpriram", lamentou a ministra, referindo-se à situação que - já com muitas restrições e permitindo apenas a entrada de nacionais ou residentes - vigorava até o domingo.

Minimizando riscos

Ministra frisou que aqueles que deixaram o país para turismo foram avisados da possibilidade de tal medida ser tomada. - Getty Images - Getty Images
Ministra frisou que aqueles que deixaram o país para turismo foram avisados da possibilidade de tal medida ser tomada.
Imagem: Getty Images

Diante do "risco de introdução da variante Delta", continuou a ministra, o que se tem feito é, "com um horizonte muito temporário de dois meses" e à medida que a vacinação avança, "reduzir ainda mais a entrada de pessoas", e frisou que aqueles que deixaram o país para turismo foram avisados da possibilidade de tal medida ser tomada.

Questionada se a restrição de 600 pessoas vai acabar no dia 9 de julho, conforme anunciado, Carla Vizzotti considerou que "é preciso monitorar qual é a situação epidemiológica, e que isso é sempre conhecida um ou dois dias antes".

"A mensagem mais importante é que as pessoas que chegam, se tivessem sido controladas e estivessem em casa, com certeza não teria sido necessário (aplicar a medida). O papel do Estado é minimizar os riscos", frisou.

Taxa de vacinação

Acordo da Argentina com a farmacêutica Pfizer exigiu mudanças na legislação local para poder firmar um contrato de venda de vacinas - Getty Images - Getty Images
Acordo da Argentina com a farmacêutica Pfizer exigiu mudanças na legislação local para poder firmar um contrato de venda de vacinas
Imagem: Getty Images

Segundo dados oficiais, 16.821.968 pessoas - 36,72% da população - receberam uma dose de uma das vacinas na Argentina e 4.085.753 - 8,91% - foram totalmente imunizadas.

Esses dados colocam o país longe da taxa de vacinação de outros como Chile e Uruguai: "Eles não são países comparáveis à Argentina", disse Vizzotti à Efe, na sede do Ministério da Saúde, em Buenos Aires.

A ministra destacou que há países que conseguiram maior cobertura vacinal, mas usam vacinas menos eficazes, motivo de muitos ainda registrarem casos graves da doença.

Carla Vizzotti destacou que na Argentina, 90% das pessoas com mais de 60 anos e mais de 70% dos maiores de 50 anos, bem como uma em cada duas com mais de 20 anos, iniciaram o calendário de vacinação.

Sobre o déficit de segundas doses recebidas da vacina russa Sputnik V, que é uma das principais aplicadas no país e a única com dois componentes diferentes, a ministra confirmou que, enquanto são recebidos lotes de Moscou para aqueles que têm mais urgência para completar o seu esquema, serão realizados estudos para conhecer a eficácia da combinação de doses de diferentes vacinas.

E afirmou que nos próximos dias se saberá se será feito um acordo com a farmacêutica Pfizer, que exigiu mudanças na legislação local para poder firmar um contrato de venda de vacinas.

Menos contágios

Ministra está confiante de que com as "muitas novas vacinas" esperadas para julho - Ernesto Carriço/Estadão Conteúdo - Ernesto Carriço/Estadão Conteúdo
Ministra está confiante de que com as "muitas novas vacinas" esperadas para julho
Imagem: Ernesto Carriço/Estadão Conteúdo

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, a Argentina, onde 94.304 pessoas morreram por covid-19, é o oitavo país com o maior número de infectados: 4.470.374 positivos desde março de 2020.

A este respeito, Carla Vizzotti destacou a grande extensão territorial e o número de habitantes do país, com grandes aglomerados urbanos onde o vírus circula mais rapidamente: "E também tivemos novas variantes com mais transmissibilidade nesta segunda onda".

Além disso, considerou que, à medida que aumenta o número de casos, diminui a possibilidade de os reduzir, "com uma sociedade que também se esgota".

"Tivemos uma força que ainda não está suficientemente dimensionada, que o nosso sistema sanitário tem sido capaz de responder", acrescentou.

No entanto, a ministra frisou que há quatro semanas as infecções estão diminuindo e assim como as internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Ela está confiante de que com as "muitas novas vacinas" esperadas para julho, a melhora pode se consolidar, para que depois do inverno (no hemisfério sul), comece a ver um "alívio concreto" como o que se vê agora no hemisfério norte.