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Em SP, Parque Alto da Boa Vista terá mirante, trilha sensorial e 'cachorródromo'

Parque Alto da Boa Vista - Divulgação/Prefeitura de São Paulo
Parque Alto da Boa Vista Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

do Estadão Conteúdo, em São Paulo

09/08/2022 11h16

Um mirante com vista para árvores nativas, uma trilha sensorial para crianças e um "cachorródromo" estão entre as mudanças previstas para a nova fase de implantação do Parque Alto da Boa Vista, que completou um ano de inauguração parcial em maio, na zona sul da cidade de São Paulo. A abertura permitiu um contato inicial com o espaço após cerca de duas décadas de mobilização popular e disputas na Justiça, mas ainda abrange uma pequena parte da área total, majoritariamente isolada por cercas de bambu.

A segunda fase está em licitação, com resultado a ser divulgado em 23 de agosto. A previsão é de um ano de obra, com a entrega para o fim de 2023 ou o início do ano seguinte. O valor estimado é de R$ 4,59 milhões, porém a menor oferta será a selecionada. A primeira etapa custou R$ 825,7 mil, mais da metade de um termo de compromisso ambiental e o restante de doações.

O motivo de uma abertura parcial tem duas explicações principais. A primeira foi o atendimento a uma demanda de parte da vizinhança para que o parque fosse implantado mesmo que com uma estrutura básica, a fim de evitar novas tentativas de grilagem e uso privado irregular. A outra foi o cumprimento de uma das promessas do Plano de Metas da Prefeitura, de dez novos parques em dois anos.

A ideia é que o parque mantenha uma vocação mais contemplativa, mas que sejam introduzidas opções de lazer, a fim de mantê-lo ativo. "Estamos prevendo um uso não tão intensivo, sem quadras e com poucos equipamentos, mais voltado à contemplação, caminhada, trilhas", explica Isabella Armentano, diretora da Divisão de Implantação, Projetos e Obras (DIPO) da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Parque Alto da Boa Vista - Divulgação/Prefeitura de São Paulo - Divulgação/Prefeitura de São Paulo
Parque Alto da Boa Vista
Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

As áreas de vegetação mais densa serão mantidas, com a troca progressiva das espécies invasoras por árvores nativas da Mata Atlântica, enquanto as mais abertas receberão alguns dos novos equipamentos. Hoje, a flora nativa inclui espécies como a aroeira-mansa, o jaborandi e a embaúba-branca. Há também frutíferas, como bananeira, abacateiro e goiabeira. "O projeto tem muito a ver com as características do terreno", avalia a diretora.

Sensorial

Para as crianças, serão feitas intervenções lúdicas em vez da instalação de um parquinho tradicional. Entre elas, estão um piso ondulado e emborrachado para brincadeiras e deitar, marcações de pegadas de animais no chão e um caminho sensorial. "A gente tem pensado em como os parques podem contribuir na construção e desenvolvimento das crianças, pensando o parque todo como um espaço de brincar", conta Isabella.

As mudanças também envolvem a instalação de um mirante de 65 metros quadrados, com vista para as árvores. "Foi uma leitura feita a partir do potencial do terreno, que tem uma topografia bem cadenciada", afirma Maryellen Ribeiro, coordenadora da DIPO na região sul paulistana.

Segunda fase da implantação do Parque Alto da Boa Vista prevê implantação de mirante - Divulgação/RGM Arquitetos Associados - Divulgação/RGM Arquitetos Associados
Segunda fase da implantação do Parque Alto da Boa Vista prevê implantação de mirante
Imagem: Divulgação/RGM Arquitetos Associados

Hoje, o parque se resume a um caminho demarcado por bambus e com placas informativas de algumas das 61 aves identificadas no local, como a coruja-orelhuda e o tucano-de-bico-verde, banheiros e bancos. Em frente à administração, foram colocados cartazes com os croquis da segunda fase do projeto.

O espaço restrito tem causado estranhamento em parte dos poucos visitantes. "É só isso?", é um dos comentários mais ouvidos pelos trabalhadores do espaço, que se mantém esvaziado. Por vezes, está sem nenhum visitante, como na tarde da quinta-feira, 4, em que foi visitado pela reportagem. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a parte aberta ao público corresponde a 15,7 mil dos 48,2 mil metros quadrados do terreno, contando com uma área de bancos fora do cercamento.

Parque Alto da Boa Vista - Divulgação/Prefeitura de São Paulo - Divulgação/Prefeitura de São Paulo
Parque Alto da Boa Vista
Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Parte dos frequentadores aprova a abertura parcial, como o empresário Pablo Campanhã, de 42 anos. "Você entra e é uma imersão de natureza", descreve.

Mobilização

O parque é parte de uma mancha verde no distrito de Santo Amaro, na qual também estão inseridos um condomínio de alto padrão e um outro terreno alvo de disputa judicial, conhecido como Chácara Alfomares.

Projeto para o parque também inclui quiosques em bambu ou madeira para atividades ao ar livre - Divulgação/RGM Arquitetos Associados - Divulgação/RGM Arquitetos Associados
Projeto para o parque também inclui quiosques em bambu ou madeira para atividades ao ar livre
Imagem: Divulgação/RGM Arquitetos Associados

A implantação do parque está diretamente ligada à mobilização de mais de 20 anos de parte da vizinhança, principalmente da Associação dos Amigos do Alto da Boa Vista (SABABV). "Foi uma lição para nós: se você pretende algum dia ser uma cidadã plena, um cidadão pleno, precisa estar muito preparado para a frustração e não abandonar o objeto da causa por conta dos 'nãos' que a gente ouve da Prefeitura. Se não, nada será feito", resume a vice-presidente da entidade, Nancy Cárdia.

O Parque Alto da Boa Vista fica Rua Vigário João de Pontes, 779, em Santo Amaro, e funciona das 6h às 18h. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.