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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


Futebol sem Fronteiras #39: Mundo do esporte cancela a Rússia. E agora?

Do UOL, em São Paulo

03/03/2022 16h43

Hoje (3), a guerra da Rússia-Ucrânia entrou no seu oitavo dia. A invasão russa ao território ucraniano gerou uma série de retaliações ao governo de Vladimir Putin, com pesadas sanções econômicas. As medidas extrapolam os campos políticos e sociais e também atingem o âmbito esportivo. Nos últimos dias, por exemplo, houve o rompimento de diversos patrocínios de empresas russas a clubes e federações, cancelamento e rompimento total de contrato do GP da Rússia da Fórmula 1 e a exclusão de atletas russos e bielorrussos dos Jogos Paralímpicos de Inverno.

No podcast Futebol sem Fronteiras #39 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade discutem o 'cancelamento' da Rússia no plano esportivo e qual é o recado que o mundo do esporte quer passar.

"O fato é que, pela primeira vez na história da humanidade, estamos vendo uma nação ser 'cancelada', para usar o termo da atualidade. É isso o que está acontecendo com a Rússia", comentou Julio. Jamil concordou com o colunista do UOL. "A operação é essa. Não temos como enfrentar e, se enfrentássemos, isso significaria uma guerra entre potências e não entre Rússia e Ucrânia, mas sim entre Otan e Rússia", destacou.

Jamil explicou a estratégia de responder à Rússia sem o uso de armas - e o esporte entra como um dos componentes desse plano. "A Otan não foi feita para ter uma guerra contra a Rússia, mas para evitar, impedir e dissuadir. Então, vamos sufocar aquele país com corte de financiamentos, mercado de capitais fechado etc. Inclusive no esporte e no futebol", analisou.

À primeira vista, pode parecer que o futebol teria um impacto ínfimo dentro do contexto desta guerra, mas Jamil mostrou que pode ser um importante meio para passar uma mensagem à população. "Perguntei a um embaixador europeu se ele achava que o Putin mudaria algo por causa do futebol. Ele me respondeu dizendo que há lugares onde o futebol tem a capacidade de chegar à população de uma forma que a política não tem", comentou.

O maior exemplo, como ressaltou Jamil, é o impacto da exclusão da Rússia da Copa do Mundo no Qatar. "A exclusão da Rússia dos torneios internacionais do futebol mundial não tem como objetivo mudar o curso da história, mas sim mandar um recado para o torcedor russo: 'Olha o que o seu presidente fez'', enfatizou o correspondente e colunista do UOL.

Em meio ao conflito na Ucrânia, o Campeonato Russo não foi interrompido, como destacou Julio. "Tem jogo lá no fim de semana. Na semana passada, houve o clássico entre Spartak Moscou e CSKA Moscou e tem clássico na próxima rodada, com Spartak e Dínamo Moscou. Os poucos atletas ucranianos que participavam do torneio sumiram do mapa. Vários jogadores e técnicos europeus saíram do futebol russo", disse.

Com a resposta do mundo ocidental veementemente contrária à posição de Putin, uma possível saída para o país, pelo menos com relação à seleção de futebol, pode ser deixar a Uefa e se filiar à Confederação Asiática, como levantou Jamil. "A geografia do futebol nem sempre é aquela que aprendemos na escola. O caso mais tradicional é o de Israel, que não joga na Ásia por não ter relações com vários países de lá. Algo similar pode acontecer à Rússia, cuja maior parte de seu território fica na Ásia", afirmou.

Como vários dos países asiáticos mais influentes não se manifestaram de forma contrária à invasão da Ucrânia, a Rússia encontraria um território mais 'amigável' para sua seleção, como explicou Jamil. "Existe uma possibilidade real de se pensar em outras soluções. A China se abstém todas as vezes na ONU sobre a Rússia. [A Ásia] É um local onde estaria mais confortável. Por que não pensar em jogar, a partir de agora, na Ásia?", concluiu.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre como o governo de Putin está atrelado aos oligarcas russos, que construíram suas riquezas a partir da dissolução da União Soviética e investiram, entre outros setores, no futebol. Como fica o futuro de clubes como Chelsea e Monaco, controlados por bilionários russos? E é justo atletas pagarem pelas decisões de Putin?

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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