Topo

Chuck Blazer, o "garganta profunda" do escândalo de corrupção na Fifa

24/02/2016 19h58

Olga Martín.

Redação Central, 24 fev (EFE).- Charles Gordon Blazer sempre foi um homem que não passava despercebido, pelo tipo físico, pela barba, o cabelo branco e comprido, mas se tornou ainda mais expressivo depois do depoimento à justiça dos Estados Unidos, em que começou a desmontar o esquema de corrupção na Fifa.

Sem os detalhes que Chuck Blazer, como é mais conhecido, contou, provavelmente nesta sexta-feira não estaria acontecendo as novas eleições presidenciais da Fifa, menos de um ano após vitória do suíço Joseph Blatter, em maio do ano passado.

O ex-membro do Comitê Executivo da Fifa, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-vice-presidente da Federação Americana é a origem da prisão de dirigentes em Zurique e outras partes do mundo, revisão de contratos, cancelamentos de acordo e de todas as mudanças nas entidades ao redor do planeta.

Blazer trouxe à tona um esquema de corrupção para não ser preso, já que está, confessadamente, envolvido em alguns dos crimes, e deve inspirar um filme, que o ator e diretor Ben Affleck pretende produzir em breve.

Além do tipo físico, o ex-dirigente não passava despercebido também pela grande fortuna que conseguiu juntar, avaliada em US$ 22 milhões (R$ 87,2 milhões), que foi o motivo de ter se tornado alvo de investigação nos EUA.

Em 2013, dois anos depois do começo dos trabalhos de devassa na vida de Blazer, o americano admitiu para um juiz que tinha ajudado a negociar a escolha das sedes de duas Copas do Mundo, na França, em 1998, e na África do Sul, em 2010, além de várias edições da Copa Ouro, torneio entre seleções da Concacaf.

A trajetória de Blazer no futebol começa em 1989, com a chegada à Concacaf, então cheia de dívidas, junto com o trinitário Jack Warner, outro dos alvos no "Fifagate", que se tornava naquele momento o presidente da entidade.

Como secretário-geral da confederação centro e norte-americana, o dirigente teve papel importante no crescimento do futebol dos Estados Unidos. Além disso, contribuiu para a criação e estruturação da Copa Ouro, da Copa das Confederações e do Mundial de Clubes.

Ao mesmo tempo, recebia dinheiro em comissões, que era encaminhado para paraísos fiscais. A pouca timidez em cobrar essas valores o fez ganhar o apelido de "Senhor Dez Por Cento".

Em abril de 2013, uma investigação interna da Concacaf descobriu que Blazer tinha desviado fundos da entidade para a compra de dois apartamentos em Manhattan, casas de luxo em Miami e nas Bahamas, além de uma caminhonete.

O americano não era nada discreto, já que exibia a vida luxuosa em um blog, sobre viagens com amigos. Em uma postagem, aparecia em seu avião particular, com Nelson Mandela, em outra com uma Miss Universo ou então com jogadores do Barcelona.

Blazer se aproveitou do status fiscal da Concacaf para sonegar impostos durante duas décadas, até a intervenção da receita dos EUA, que, em 2011, obrigou a saída do cargo na entidade.

A Concacaf acusou Blazer e Jack Warner de irregularidades na administração de pelo menos US$ 57 milhões (R$ 226,1 milhões), durante o tempo em que foram secretário-geral e presidente, respectivamente.

Já o Comitê de Ética da Fifa abriu investigação em maio de 2013, e decidiu suspender o americano de maneira provisória. Depois, em dezembro de 2014, novo procedimento foi aberto contra o dirigente. Em 9 de julho do ano passado, foi confirmado o banimento de Blazer do futebol.

As acusações foram de descumprimento das normas, com participação em atividades ilegais, que incluiriam a oferta, a aceitação, o recebimento e o pagamento ilegais de comissões, além de subornos. EFE

omm/bg/dr