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Lutadores criam associação e pedem por metade dos lucros do UFC

Divulgação
Imagem: Divulgação

30/11/2016 20h59

Um passo importante pode ter sido dado para o futuro do MMA internacional na noite desta quarta-feira (30). Um grupo de cinco atletas realizaram uma conferência por telefone com a imprensa onde anunciaram oficialmente a criação da Associação de Atletas de MMA (MMAAA, na sigla em inglês). Liderados por Georges St-Pierre e Tim Kennedy, os integrantes fizeram duras críticas ao UFC e exigiram maior participação nos lucros da empresa, além de melhores condições de trabalho.

“Nós vamos mudar a cara de toda a indústria e o esporte hoje”, disse Tim Kennedy logo em seu discurso inicial. O americano que lutará no UFC 206 diante de Kelvin Gastelun foi seguido pelo restante dos atletas que discursaram um a um sobre tópicos que acreditam ser relevantes para trazer novas exigências ao Ultimate.

“Quero falar de algo que sei muito bem, sobre cirurgias. Minha primeira luta no UFC foi em 2008 e eu já tive sete cirurgias. Depois da minha luta em dezembro, já tenho marcado mais uma. Não temos plano de saúde pós-aposentadoria. Por isso que estamos juntos agora, para fazer nossas vidas melhores agora e no futuro”, afirmou Cain Velasquez, ex-campeão peso-pesado do UFC.

Ex-detentor do cinturão dos galos (61 kg), TJ Dillashaw também marcou presença no encontro. O norte-americano bateu na tecla da remuneração e trouxe um número de que apenas 8% da arrecadação total do Ultimate são destinados aos lutadores do torneio. Ele também lembrou dos riscos que os atletas assumem ao se apresentarem no octógono.

“Não estou sentado atrás de uma mesa. Estou lá dentro colocando a minha vida em jogo. Seria bom ter alguma recompensa por isso. Ouvir que somos pagos apenas por 8% do que o UFC traz é loucura para mim. Estou apoiando o que é o certo”, disse TJ.

Outro representante dos lutadores que esteve na conferencia foi Bjorn Rebney, ex-comandante do Bellator. O dirigente foi um dos que entoou discursos mais pesados contra o Ultimate.

“Os números confirmam a maneira ultrajante e unilateral com que o UFC vem tratando os atletas. Somos fãs de MMA, mas MMA é um esporte incrivelmente perigoso. Quando o WME-IMG e UFC conglomerado pede a eles que arrisquem tudo, a dignidade humana diz que eles deveriam ser pagos de maneira justa Esse esporte não continuará a menos que as coisas mudem”, sentenciou Rebney.

“Lutadores têm medo”, diz GSP

Mesmo se declarando um agente livre do Ultimate, Georges St-Pierre foi um dos atletas mais atuantes durante o discurso da MMAAA. O canadense que não luta no UFC desde 2013, mas ainda ensaia seu retorno ao octógono afirmou que muitos atletas têm medo de confrontar a maior organização do mundo. Ele aproveitou a ocasião para fazer um chamado especial para que esse lutadores se unam a eles.

“Mesmo sabendo que tem muitos lutadores com medo, é hora de intensificar e fazer a coisa certa. É hora de participar. Sei que você pode estar com medo, mas é hora de lutar. Você não deveria estar com medo”, afirmou o canadense. “Eu estou aqui para melhorar a situação dos lutadores do UFC. Talvez eu volte a lutar, talvez não. Mas estou fazendo isso para ajudar os lutadores”, completou.

Apesar de estarem dispostos a confrontar o Ultimate e pedir por melhorias, os atletas afastaram a possibilidade de uma greve. Muitos deles possuem lutas marcadas para as próximas semanas e deverão cumprir normalmente seus compromissos.

“Nós não queremos uma greve. Queremos trabalhar junto e ser um time com o UFC, ter esse orgulho”, garantiu Velasquez.

Veja os principais itens levantados pela Associação:

1- 'Mixed Martial Arts Athletes Association' será comandada única e exclusivamente por lutadores;
2- Eles exigem poder de negociação direta com o UFC;
3- Meta de passar de 8% para 50% a fatia destinadas aos atletas;
4- Inclusão de uma CBA nos moldes de ligas como NFl e NHL. Uma 'collective bargaining agreement' nada mais é do que a possibilidade de negociar mudanças contratuais para todos lutadores de uma vez só.