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Mais velha do Brasil em Tóquio, Beth Gomes é ouro aos 56 anos

Beth Gomes chora com a medalha de ouro - Wander Roberto /CPB @wander_imagem
Beth Gomes chora com a medalha de ouro Imagem: Wander Roberto /CPB @wander_imagem

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/08/2021 10h05

Atleta mais velha da delegação brasileira que disputa os Jogos Paralímpicos de Tóquio, Beth Gomes faturou, nesta segunda-feira (30), a primeira medalha de ouro da carreira neste evento. Aos 56 anos, a veterana é a campeã paralímpica do lançamento de disco na classe F53, ainda que ela seja classificada como sendo da F52, para atletas com deficiência mais aguda.

Beth tem esclerose múltipla, uma doença autoimune que afeta o cérebro e a medula, e que reaparece em forma de surto. Ao longo da vida, sofreu diversos baques, precisando superar cada um deles. Não à toa, é conhecida pelo apelido Fênix. Antes atleta da F54, ela foi reclassificada em 2018 depois de mais um desses surtos, que paralisou todo o lado esquerdo do seu corpo.

Na nova classe, ela já vinha brilhando. Em 2019, sagrou-se campeã mundial no disco em Dubai e parapan-americana em Lima. Assim, chegou a Tóquio com amplo favoritismo para o ouro, que agora é sua primeira medalha em Jogos Paralímpicos.

Depois de assistir a oito atletas se apresentarem, quando já estavam encerradas todas as demais provas do dia no Estádio Nacional de Tóquio, Beth se aprontou para competir e, logo no primeiro lançamento, de 15,68m, garantiu a medalha de ouro. Até então a liderança era da ucraniana Iana Lebiedieva, com 15,48m.

Já com o ouro assegurado, Beth continuou evoluindo. Fez 16,35m no segundo lançamento, 17,33m no quinto e finalmente 17,62 no sexto e último, estabelecendo um novo recorde mundial, que já era dela, até então com 16,89m. Já o recorde paralímpico foi superado com enorme folga: era de 13,39m. Além disso, as marcas da brasileira na F52 são melhores do que os recordes da classe F53.

O pódio ainda teve dobradinha da Ucrânia. A medalha de prata ficou com Iana Lebiedieva, que lançou com 15,48m, e a medalha de bronze foi para Zoia Ovsii, com 14,37m. Beth, que foi jogadora de basquete em cadeira de rodas (disputou as Paralimpíadas de Pequim em 2008) e até a reclassificação de 2018 competia com sucesso também no arremesso de peso (foi bronze no Mundial de 2015), estava inscrita para participar apenas do lançamento de disco em Tóquio.

A medalha de Beth, a última do dia do Brasil em Tóquio, é a 12ª de ouro do país nas Paralimpíadas. Com isso, o país segue brigando pelo quinto lugar. Por enquanto está em sexto, com as mesmas 12 douradas da Ucrânia, mas atrás pelo número de pratas (27 a oito). Austrália (11 de ouro), Itália (10) e Holanda (10) também estão na briga.

A frustração do dia para o país, porém, foi não conquistar a sonhada 100ª medalha de ouro da história da participação brasileira em Jogos Paralímpicos. A de Beth foi a 99ª. E a centésima tende a vir amanhã.