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Tóquio tem mãe e filha competindo ao mesmo tempo em esportes diferentes

Lethicia Lacerda, do tênis de mesa, e a mãe Jane Karla, do tiro com arco - Reprodução
Lethicia Lacerda, do tênis de mesa, e a mãe Jane Karla, do tiro com arco Imagem: Reprodução

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em São Paulo

27/08/2021 01h13

Chegou ao fim hoje (27) a primeira participação de Lethicia Lacerda nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. A mesa-tenista brasileira de apenas 18 anos, que já havia perdido na estreia para Aida Dahlen, da Noruega, há dois dias, nesta sexta foi derrotada por Wenjuan Huang, da China, no segundo e último jogo da fase de grupos da classe 8. Como só duas jogadoras de cada chave de três passava, Lethicia foi eliminada.

Mas a participação da família no Japão ainda não terminou. Longe disso. Enquanto Lethicia jogava no ginásio metropolitano de Tóquio, sob orientação do padrasto e treinador, a mãe dela, Jane Karla, começou sua trajetória nas Paralimpíadas, ficando na quarta colocação na fase de ranqueamento do arco composto do tiro com arco.

Uma situação incomum no esporte, afinal, mãe e filha estão disputando o mesmo evento, e em esportes diferentes. Natural de Goiânia, Jane Karla teve poliomelite na infância, aos 3 anos, e desde então é cadeirante. Já perto dos 30 anos, foi apresentada ao tênis de mesa, modalidade que a levou aos Jogos Paraolímpicos de Pequim-2008 e Londres-2012. E também que a apresentou ao seu hoje marido, o alemão Joachim Gogël, treinador de tênis de mesa paralímpico.

Ela mudou de esporte depois que, em 2014, com a abertura do Centro Paralímpico, em São Paulo, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa optou por concentrar as atividades da seleção paraolímpica na capital paulista. Jane não queria deixar Goiânia e, na falta de outra opção, decidiu mudar de esporte, passando a competir no tiro com arco.

Já Lethicia, que foi iniciada no tênis de mesa por Joachim, já jogava competições no esporte convencional quando, aos 14 anos, começou a sentir dores agudas no quadril, que dificultavam sua locomoção. Com uma deficiência permanente, se tornou também uma atleta paralímpica, se classificando para fazer em Tóquio sua estreia em Jogos Paralímpicos. Eliminada em simples, ela volta a jogar a partir de terça-feira da semana que vem na prova por equipes.

Mas as maiores chances estão com Jane Karla, de 46 anos, que compete no arco composto. Hoje ela ficou em quarto na fase de ranqueamento, que teve a participação de 24 atletas. A brasileira entra direto nas oitavas de final e espera, segunda-feira, a vencedora do duelo entre Na Mi Choi, da Coreia do Sul, e Eleonora Sarti, da Itália.