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Quais as diferenças entre o skate street e o park nas Olimpíadas de Tóquio

Rayssa Leal executa manobra na final do skate street feminino nas Olimpíadas de Tóquio; obstáculos da pista simulam a arquitetura urbana - Jeff PACHOUD / AFP
Rayssa Leal executa manobra na final do skate street feminino nas Olimpíadas de Tóquio; obstáculos da pista simulam a arquitetura urbana Imagem: Jeff PACHOUD / AFP

Ana Flávia Oliveira

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 04h00

País do futebol, o Brasil foi conquistado pelas disputas do skate nas Olimpíadas de Tóquio e vibrou por Rayssa Leal, Kelvin Hoefler, medalhistas de prata na competição, Pâmela Rosa, Letícia Bufoni, Felipe Gustavo e Giovanni Vianna. Os brasileiros se acostumaram a repetir os nomes das manobras em inglês e a torcer para que os adversários caíssem (sem se machucar, é claro).

Já está com saudade? Calma que tem muito mais skate em Tóquio, com a modalidade park, que estreia nesta terça-feira (3), com o feminino, e na quarta-feira (4), com o masculino, às 21h (horário de Brasília). As finais serão nos mesmos dias a partir de 0h30.

São mais seis motivos para torcer. O time brasileiro no park tem Dora Varella, Isadora Pacheco e Yndiara Asp, entre as mulheres, e Luiz Francisco, Pedro Barros e Pedro Quintas, entre os homens.

Mas você sabe as diferenças entre as duas modalidades nas Olimpíadas? Com a palavra, Sandro Dias, o Mineirinho, hexacampeão mundial (2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011), tricampeão europeu (2001, 2003 e 2005) e três vezes campeão dos X Games (2004, 2006 e 2007).

Sandro Dias Mineirinho Red Bull skate - Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool - Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool
Sandro Dias vê Pedro Barros com certa vantagem em Tóquio
Imagem: Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool

"O street usa os elementos que têm nas ruas, nas grandes cidades, como escada, corrimão, as guias, os bancos, rampas, com buracos nos meios, e os skatistas fazem as manobras por cima dos buracos", explica.

"O park é a modalidade mais democrática do skate porque acaba misturando todas. Ela pega praticamente um pouco de todas, eu falo de obstáculos e de formatos de rampa. Por exemplo, o vertical é uma modalidade que é praticada no halfpipe [pista em formato de U]. Hoje o halfpipe mais alto tem 4,20m de altura, existem halfpipe de 3,5m, 3m que são um pouco mais antigos. E no park, principalmente no lá do Japão, tem paredes altas, que são do vertical. Você também vai ver obstáculos do street mistrurados, por exemplo, algumas rampas para pular e continuar na área. E ele também pega alguns desenhos de bowl [formato de piscina] e banks [formato de piscina mais raso]. Ele acaba misturando todas as modalidades e transforma em um park. É a modalidade mais nova que tem. E skatistas de diversas modalidades conseguem andar nessa pista."

Pista de skate na modalidade park, que será usada pelos atletas em Tóquio - Stanislav Kogiku/SOPA Images/LightRocket via Getty Images - Stanislav Kogiku/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Pista de skate na modalidade park, que será usada pelos atletas em Tóquio
Imagem: Stanislav Kogiku/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

A dinâmica das modalidades também é diferente. No park olímpico, os skatistas têm direito a três voltas de 45 segundos nas semifinais. Se houver quedas, eles devem deixar a pista. Os erros não eliminam o atleta da volta, mas reduzem muito as chances de notas altas. Dos 20 atletas, os oito melhores entre todas as baterias se classificam para as finais. Nesta etapa, cada competidor retorna à pista para mais três voltas com o mesmo tempo. Em cada bateria, eles recebem três notas, mas a mais alta é a que conta.

No street, você deve lembrar, são duas voltas de 45 segundos, em que o skatista continua andando mesmo se cair, além de cinco tentativas no "best trick" (melhor manobra), com o pontuador zerado em caso de queda. Com sete entradas na pista, são descartadas a menor e a maior notas, enquanto as cinco restantes são somadas.

Outra diferença é a pontuação. Se no street, as notas são dadas de zero a dez, no park, vão de zero a cem. Nas duas modalidades, são cinco juízes, além do 'head judge', autoridade máxima que interage com os competidores e o comitê organizador.

Vale ressaltar que as notas no skate, assim como no surf e na ginástica artísticas, são subjetivas, baseadas em critérios pré-estabelecidos, que no caso da modalidade, são estilo e criatividade; dificuldade e perfeição da manobra; constância, continuidade e fluidez; uso da pista e dos obstáculos e, é claro, número de acertos.

Chances do Brasil no park

Mineirinho afirma que, na categoria masculina, o nível dos competidores é bem próximo e que os detalhes farão a diferença em Tóquio. Mas vê uma certa vantagem para Pedro Barros, quarto do ranking mundial. Campeão mundial em 2018 e prata em 2016 e 2017, o atleta de 26 anos é um dos mais experientes da equipe brasileira.

"Os skatistas estão muito igualados no masculino. O park masculino é uma incógnita. Porém, a pista lá do Japão é muito a cara do Pedro Barros. Acho que o Pedro vai ter um certo favorecimento de acordo com o estilo que ele anda de skate porque a pista é alta, é grande do jeito que o Pedro gosta", diz Mineirinho.

Entre as mulheres, Sandro Dias vê um certo favoritismo da equipe japonesa, composta por Sakura Yosozumi, Misugu Okamoto e Kokona Hiraki, e de Sky Brown, da Grã-Bretanha. As brasileiras, segundo ele, devem brigar entre elas pelo bronze.

"Se for o que vem acontecendo nos eventos, eu acredito na vitória de uma japonesa. E o segundo lugar fica entre uma japonesa e a Sky Brown e o terceiro lugar fica mais disputado entre as meninas [brasileiras]".

Mas ressalta as questões dos detalhes e lembra do norte-americano Nyjah Huston, que era o grande favorito no street masculino e acabou a competição em sétimo.

"Mas tudo pode acontecer. A Yndiara já ganhou dessas meninas em competições. Mas ela sofreu uma lesão recente e está recém- recuperada. A Dora está com nível bem legal e a Isadora, também."