Topo

Olimpíadas: a ciclista holandesa que pedalou pela volta por cima em Tóquio

Annemiek van Vleuten comemora com a medalha após ser campeã olímpica em Tóquio - Ronald Hoogendoorn/BSR Agency/Getty Images
Annemiek van Vleuten comemora com a medalha após ser campeã olímpica em Tóquio Imagem: Ronald Hoogendoorn/BSR Agency/Getty Images

Leonardo Parrela

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

29/07/2021 14h00

A ciclista holandesa Annemiek van Vleuten viralizou nos últimos dias quando passou a linha de chegada da competição do ciclismo de estrada comemorando a vitória sem saber que, na verdade, tinha sido a segunda colocada. Dias depois, ela conseguiu vibrar sem medo: tinha faturado o primeiro lugar, de fato, no ciclismo contrarrelógio. Ao deixar os Jogos Olímpicos de Tóquio com um ouro e uma prata, ela consolida a volta por cima em sua história olímpica.

Uma das principais atletas da modalidade, Van Vleuten era uma das principais favoritas para as provas de ciclismo na Rio-2016. Ela liderava com folga e a menos de 11km do fim, caiu sozinha e perdeu qualquer possibilidade de medalha. A queda foi feia, ela precisou ir ao hospital onde foram constatadas uma concussão e pequenas lesões na espinha lombar. "Estou desapontada porque caí quando fazia uma das melhores provas da minha vida", disse a holandesa, então com 33 anos.

Ao longo do ciclo olímpico ela foi campeã de várias provas do circuito feminino e, novamente, se consolidou como um dos principais nomes da prova, cotada para medalhas. A Holanda correu a prova do ciclismo de estrada com quatro atletas, o que teoricamente é uma vantagem. Por estar em grupo, poderiam atacar em comboio e deixar Van Vleuten numa condição mais limpa para disparar ao final da prova. E foi exatamente o que fizeram.

Aqui vale ressaltar que a prova de ciclismo nas Olimpíadas, diferente do que acontece no circuito mundial, não permite a comunicação por rádio das atletas com suas equipes. Sendo assim, era impossível para a holandesa saber que Anna Kiesenhofer tinha disparado na frente e tinha cruzado a linha de chegada 1min15 antes dela.

Ao final da prova, ela disse que se afastou das redes sociais, onde poderia ter visto as piadas que fizeram com a situação. "Eu resolvi confiar apenas nos sinais que meu corpo me dava e que eu estava em ótima forma, deixei as falas para os outros", disse. Após uma reunião com a equipe, traçou uma estratégia para a prova do contrarrelógio, três dias depois da conquista da prata.

Nesta, Can Vleuten realmente provou que sua convicção estava certa: ela estava em excelente forma. Sem dar chances para zebra, ela completou a prova em 30min13, quase um minuto à frente da segunda colocada, a suíça Marlen Reusser. A performance dominante fez com que ela, finalmente, chegasse ao lugar mais alto do pódio. A pergunta após cruzar a linha foi inevitável: "passei em primeiro, certo?", falou com um sorriso no rosto.

"Caso fosse para casa apenas com a medalha de prata, ainda estaria feliz", afirmou depois da prova. "Não sou uma atleta perfeita, mas agora tenho uma medalha de ouro", desabafou.

Aos 38 anos, ela não pensa em aposentar. "Hoje sinto que estou no meu melhor nível então ainda não é tempo de parar. Enquanto eu consiga competir e melhorar, vou continuar pedalando. Quando meu nível abaixar, eu vou parar", revelou.