Topo

Sem público e sem TV, quase ninguém viu primeiros recordes de Tóquio-2020

A atleta Svetlana Gomboeva passou mal por causa do calor durante a disputa de tiro com arco - Justin Setterfield/Getty Images
A atleta Svetlana Gomboeva passou mal por causa do calor durante a disputa de tiro com arco Imagem: Justin Setterfield/Getty Images

23/07/2021 04h33

Dois recordes olímpicos foram batidos na manhã de hoje (23) em Tóquio, mas quase ninguém viu. É que, além de a competição acontecer sem público, a fase de ranqueamento do tiro com arco é um dos pouquíssimos eventos dos Jogos Olímpicos que não tem geração de imagens pela empresa responsável por esse serviço. Nem se quisessem as emissoras detentoras dos direitos de transmissão poderiam exibi-los.

Nesta fase da competição de tiro com arco, cada arqueiro lança 72 flechas em direção ao alvo, cada uma delas valendo 10 pontos, caso vá diretamente no centro dele. No fim da prova, ninguém é eliminado. Os 64 competidores passam de fase, para os mata-matas, que são definidos a partir dos resultados desta prova de hoje. O primeiro enfrenta o 64º, o segundo, o 63º e assim por diante.

Mas os resultados feitos nesta etapa são comparáveis com outros da mesma fase de outras competições, o que permite que existam recordes nacionais, continentais e mundiais nesta disputa. E, hoje, caíram dois recordes olímpicos, ambos no feminino.

San An acertou 36 flechas de pontuação máxima, 16 exatamente no centro do alvo, e somou 680 pontos para estabelecer o novo recorde olímpico. Suas companheiras de seleção da Coreia do Sul ficaram na segunda e na terceira colocações e os pontos somados por elas estabeleceram novo recorde olímpico por equipes: 2.032.

Para não dar a ninguém o benefício de competir depois dos demais e poder, assim, escolher seu lugar no ranqueamento, todo mundo atira ao mesmo tempo, o que significa que a prova é disputada em um local onde 64 arqueiros podem se apresentar lado a lado. O estádio de tiro com arco, com arquibancadas em três lados do campo (atrás dos arqueiros e nas laterais), não tem espaço suficiente para tanta gente lado a lado. Por isso, a prova foi em um campo de treino, a 200 metros dali.

Esse campo não tem estrutura para a geração de imagens de uma transmissão do padrão de qualidade dos Jogos Olímpicos. Além disso, seriam necessárias muitas câmeras para acompanhar todos os competidores. Por isso, simplesmente não há geração de imagens. Já foi assim em Londres e no Rio, também, por exemplo.

Só quem assiste a competição são membros de comissão técnica —cada um de olho no seu atleta— e alguns jornalistas e fotógrafos. Em Tóquio, a imensa maioria deles são sul-coreanos, já que o tiro com arco é um esporte nacional por lá. No masculino, dos quatro primeiros colocados, três vêm da Coreia do Sul. O outro, em segundo, é norte-americano.

Sem TV, o jeito é a internet

O site da Band chegou a colocar na programação durante a madrugada brasileira que a prova seria transmitida no canal por assinatura BandSports. Por isso, a mãe do brasileiro Marcus Vinicius D'Almeida, Denise Carvalho, imaginava que, dessa fez, poderia assistir ao filho competir nas Olimpíadas. Mas acabou frustrada. Teve de acompanhar Marquinhos por um site de resultados.

"É complicado acompanhar a prova sem estar assistindo. Às vezes, o site demora a atualizar, então, a gente nunca sabe se a pontuação que está vendo naquela hora acabou de acontecer ou já aconteceu há um tempinho", conta ela, que está acostumada com a situação.

Mesmo assim, porém, a ansiedade é enorme. "Até que acabe tudo, ser sacramentado, a gente tem que esperar. Já aconteceu de a gente ficar aguardando o site atualizar a competição que já tinha acabado. Se a gente pudesse ver, a emoção ia ser maior. Fora a ansiedade de acompanhar o filho, a gente fica na ansiedade da atualização do site".