Topo

Lorrane "radicaliza" duplo twist carpado e ganha elemento com seu nome

Lorrane Oliveira apresentou o "Oliveira" na qualificação da etapa de Doha da Copa do Mundo de ginástica artística - Ricardo Bufolin/CBG
Lorrane Oliveira apresentou o "Oliveira" na qualificação da etapa de Doha da Copa do Mundo de ginástica artística Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Amanda Romanelli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2021 19h59

Lorrane Oliveira é a mais nova dona de um movimento que constará no código de pontuação da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Nesta quinta-feira, a ginasta de 23 anos apresentou o inédito "Oliveira", elemento que é uma evolução do duplo twist carpado de Daiane dos Santos: ela radicalizou o movimento, já de alta dificuldade, inserindo uma meia volta.

Para que um elemento seja homologado pela FIG, é preciso que tenha sido executado com perfeição por um ginasta de forma inédita. Foi o que Lorrane conseguiu nas qualificatórias do solo da etapa de Doha da Copa do Mundo de ginástica artística, a última competição da modalidade antes dos Jogos Olímpicos.

A ginasta, que não se classificou para as Olimpíadas de Tóquio, havia tentado executar o movimento no Campeonato Pan-Americano do Rio, no início de junho, sem sucesso. "Fiquei arrasada no Pan, mas agora, na final, vou fazer melhor ainda", disse em uma publicação do colega Arthur Nory no Instagram.

A seleção brasileira está em Doha como preparação para os Jogos. Estão na disputa Flávia Saraiva e Rebeca Andrade, que vão representar o país no individual, e toda a equipe masculina: a definição dos ginastas que irão a Tóquio sai até o fim do mês.

A ginástica brasileira já conseguiu inovar em uma série de movimentos da modalidade, colocando vários elementos inéditos no código —o primeiro deles foi apresentado por Heine Araújo, na trave, durante o Mundial de Ghent (Bélgica), em 2001. Mas, sem dúvida, o mais conhecido é o duplo twist carpado, cujo nome oficial, para a FIG, é Dos Santos.

O movimento, criado pelo técnico ucraniano Oleg Ostapenko, foi apresentado pela primeira vez no Campeonato Mundial de Anaheim (EUA), em 2003. Na apresentação, Daiane dos Santos garantiu a medalha de ouro no solo, título até então inédito para o esporte no Brasil.

Desde então, a expressão "duplo twist carpado" entrou para o vocabulário nacional: tornou-se sinônimo de algo bastante complicado de ser realizado.

"É muito interessante como as pessoas passaram a associar o duplo twist às coisas difíceis da vida. Mas isso tem um lado legal, porque mostra a popularidade do esporte, de como a ginástica fica gravada na cabeça das pessoas. É muito legal ter um elemento com meu nome em que as pessoas não ligam só ao esporte, mas à vida. Elas entendem como é difícil montar e executar o elemento", disse Daiane ao UOL. A campeã mundial também batizou o Dos Santos II, que é o duplo twist na posição esticada.