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"Cascuda", mas pouco criativa, seleção feminina encerra preparação olímpica

Seleção brasileira feminina - Lucas Figueiredo/CBF
Seleção brasileira feminina Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/06/2021 04h00

A seleção feminina de futebol do Brasil empatou por 0 a 0 com o Canadá ontem (14), na Espanha, e encerrou sua preparação para a Olimpíada. O Brasil vai para Tóquio com uma equipe madura, com ideias de jogo bem implementadas e forte defensivamente. No entanto, para chegar ao objetivo do tão sonhado ouro olímpico, ainda falta criatividade na equipe.

Os Jogos de Tóquio serão a primeira grande competição da seleção desde a chegada de Pia Sundhage ao comando da equipe. Em dois anos de trabalho, a sueca conseguiu implementar bem o seu estilo de jogo. Foram 18 partidas como treinadora do time brasileiro, 11 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas.

O Brasil de Pia é um time combativo. Com muita força na marcação e intensidade principalmente sem a bola, Pia conseguiu entregar uma equipe que tem mais equilíbrio defensivo. Em 18 jogos, a seleção brasileira levou oito gols desde setembro de 2019, quando a sueca assumiu.

Um outro aspecto no qual a seleção feminina evoluiu bastante desde a mudança de comando foi o preparo físico das jogadoras. Com as atletas mais fortes, a equipe consegue competir fisicamente de igual para igual com as grandes potências durante os 90 minutos, algo que foi um problema para a seleção na Copa do Mundo da França, em 2019, por exemplo, quando foi eliminada pelas donas da casa na prorrogação.

Apesar da maior segurança atrás e de melhor capacidade física, a seleção brasileira ainda é pouco criativa. Apostando em jogadas de velocidade pelas pontas e cruzamentos para a área, o Brasil ainda criou poucas chances claras de gol durante os jogos preparatórios para Tóquio.

Contra seleções de menor expressão no cenário internacional do futebol feminino, como Argentina, Equador e Rússia, a seleção brasileira até conseguiu se impor e vencer bem, fazendo vários gols.

O panorama, no entanto, muda quando o assunto são jogos contra as maiores potências. A força defensiva ajudou a equipe a segurar o 0 a 0 contra a Holanda, em março de 2020, mas não foi suficiente para vencer seleções favoritas, como a França, também no ano passado, e os Estados Unidos no início deste ano.

Marta longe do gol

O posicionamento de Marta pode ser um dos motivos para a falta inspiração do time. Jogando pelos lados, a craque brasileira tem atuado mais longe do gol e é comum vê-la buscando o jogo no meio de campo e até acompanhando a lateral adversária na fase defensiva.

Com isso, a criação pelo centro fica comprometida, pois as jogadoras que vêm atuando por ali, como Bia Zaneratto, não têm essa característica como principal em seu jogo.

Isso faz com que a parte ofensiva brasileira fique muito dependente de lampejos de talento de Marta, Bia Zaneratto, Ludmilla e Debinha. Quando bem neutralizadas, a equipe de Pia encontra muita dificuldade em criar oportunidades, o que pode ser um problema principalmente em partidas de mata-mata e no próprio grupo da seleção em Tóquio, que tem times perigosos.

Na fase de grupos da Olimpíada, o Brasil enfrenta China, Holanda e Zâmbia. China e Holanda são os grandes concorrentes da seleção feminina na primeira fase. A Holanda é atual vice-campeã mundial e campeã da Eurocopa. A China é uma equipe tradicional e costuma competir de igual para igual com o Brasil.

A seleção brasileira estreia na Olimpíada no dia 21 de julho contra a China, em Miyagi. No dia 24, enfrenta a Holanda. O Brasil fecha a fase de grupos diante da Zâmbia, dia 27.