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Astros do taekwondo brasileiro "comemoram" reserva da seleção

Diogo Silva grita; brasileiro chegou às semifinais e ficou a uma vitória do bronze em Londres-2012 - EFE/Ian Langsdon
Diogo Silva grita; brasileiro chegou às semifinais e ficou a uma vitória do bronze em Londres-2012 Imagem: EFE/Ian Langsdon

Bruno Doro e Rodrigo Farah

Do UOL, em São Paulo

19/09/2013 06h00

Diogo Silva foi semifinalista olímpico no ano passado. Márcio Wenceslau chegou às quartas de final em Pequim-2008 e ainda é dono de um vice-campeonato mundial. Os dois são, ao lado da medalhista olímpica Natália Falavigna, os maiores nomes do taekwondo brasileiro. E estão “comemorando” derrotas.

Neste ano, nenhum deles é titular da seleção brasileira. Diogo foi derrotado, na final da seletiva, por Nicholas Pigozzi. Márcio, por Guilherme Dias, revelação que, no Mundial desde ano, conquistou a medalha de bronze.

“Perdi para um menino muito bom (Guilherme Dias), um atleta top. Mas não é tão ruim ficar fora da seleção nesse momento. Eu e o Diogo disputamos um terço das competições que disputaríamos se estivéssemos na seleção. Tivemos um ótimo prazo para recuperar as baterias”, explica Márcio. “Esse tempo a mais no Brasil é algo que irá nos ajudar bastante. É importante para o atleta relaxar um pouco e recomeçar tudo”, completa Diogo.

Esse sentimento de alívio tem muito a ver com a temporada 2012 da dupla. Diogo chegou aos Jogos Olímpicos de Londres como um dos nomes mais conhecidos da modalidade no Brasil. Fazendo jus à fama, chegou até a semifinal dos 68kg, contra o iraniano Mohamed Bagheri. Quando perdia, empatou o combate com um chute que levantou a torcida. Perdeu na decisão dos juízes.

A derrota de Márcio foi tão impactante quanto. E ele nem mesmo foi para Londres. No torneio qualificatório, realizado no México, ele perdeu para um atleta da casa. O brasileiro não concordou com as marcações da arbitragem e entrou com vários recursos pedindo a vaga olímpica – inclusiva à Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, o nível máximo da justiça esportiva. Até mesmo o Comitê Olímpico Brasileiro entrou no caso. O problema é que a decisão só foi tomada às vésperas do Jogo. E Márcio se preparou como se fosse competir.

“Treinei muito, dei tudo, mas só tive a resposta de que não iria uma semana antes. Deu uma quebrada, cai no chão. Isso derruba qualquer atleta de alto rendimento”, lembra Márcio. “Pensei em parar [após a decisão judicial]. Mas o que me fez continuar foi o fato de os próximos Jogos serem no Brasil. Qualquer atleta sonha em disputar uma olimpíada dentro de casa”, continua.

“O ano passado foi muito difícil para nós dois. Tivemos um desgaste emocional enorme, acima do normal. O Márcio teve todo aquele processo judicial. Se preparou até o último instante e, no fim, ficou fora dos Jogos. Comigo, aconteceu a derrota na semifinal que foi bem difícil também. Foi um desgaste muito grande para os dois. Mas, no fim, esse tempo a mais no Brasil é algo que irá nos ajudar bastante. É importante para o atleta relaxar um pouco e recomeçar tudo”, completa Diogo.

O próximo desafio da dupla já está definido: o Grand Prix de Londres, em dezembro. “É uma competição nova, com um processo bem diferente. No Mundial, não há limite de países inscritos, qualquer um pode entrar. Mas, no Grand Prix, apenas os melhores ranqueados competem. É uma competição de nível igual ao dos Jogos Olímpicos. Além disso existe uma premiação em dinheiro (que ainda não foi estipulada). É algo novo para o taekwondo”, finaliza Diogo.