Jogador que fugiu de Israel relata horror da guerra: 'Crianças decapitadas'

O jogador espanhol do Hapoel Tel Aviv, José Rodríguez, contou as situações difíceis que viveu em Israel até conseguir deixar o país.

O que aconteceu

"A questão é que não morreram pessoas em Israel, pessoas foram assassinadas. Não é a mesma coisa. Entendo que em algumas guerras morrem pessoas inocentes, mas pegar crianças e decapitá-las é algo que não tem nome", disse em entrevista ao jornal Marca.

Rodríguez também disse que sua esposa chora todos os dias por saber o que segue acontecendo em Israel. O jogador comentou que ainda tem muitos amigos que ficaram no país.

"Por um lado me sinto bem por poder sair, mas por outro fico pensando o tempo todo no que está acontecendo lá. Tenho muitos amigos na área. Tenho toda uma vida lá. Estou seguro, mas conectado o tempo todo com Israel", contou.

O que mais Rodríguez disse

Como tudo aconteceu?

"Como vocês bem sabem, tudo começou no sábado, às 5 da manhã. Os alarmes tocaram. Temos alarmes de emergência em todo o país para esses casos. Chegando tão cedo você fica com mais medo. Se tivesse sido em um horário diferente, talvez você não tivesse tanto medo, porque já está acostumado. Estou lá há quatro anos. Já vivi situações complicadas com mísseis, mas nunca nada parecido com isto.

Quando as sirenes soam em todo o país, dependendo da região, você tem um tempo para entrar no bunker. Na minha região, que fica a 60 km da Faixa de Gaza, você tem um minuto e meio a partir do momento em que o alarme dispara para entrar. Também não é alarmante porque você leva três segundos para entrar no bunker. E então você tem o mesmo tempo para sair quando parar de tocar."

Medo

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"O problema, e por isso tínhamos um pouco mais de medo, é que o Serviço de Inteligência israelita sempre está à frente de todos. E nos disseram que eles foram pegos de surpresa. Quando eles não têm controle de alguma coisa, é quando ficamos com medo, porque eles sempre têm controle quando lançam mísseis ou algo assim."

Vai voltar para Israel?

"Claro que quero voltar. Tenho toda a minha vida lá. Sei, com toda a certeza, que quando o clube nos disser que temos de voltar é porque vai estar tudo 100% sob controlo. Não sabemos o que vai acontecer, mas neste momento estou lhe dizendo que adoraria voltar e que quero voltar."

Como é a vida lá?

"Quem conhece Israel como eu sabe que é um país maravilhoso, com pessoas maravilhosas. Os jogadores, falo por mim, têm uma qualidade de vida muito boa. O futebol estava crescendo muito. Maccabi Haifa entrou na Liga dos Campeões. Nosso clube tinha um grande projeto para crescer. Eu estou muito feliz. Se eu soubesse que é um país perigoso, não levaria a minha família para lá e nunca teria ido."

Família não quer que ele volte

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"Minha família não quer que eu volte. Os meus pais me dizem para colocar o meu filho na escola, mas eu digo que quero esperar. Eles farão todo o possível para que eu fique. Mas não sabemos o que vai acontecer. O clube está focado na guerra, apesar de ser um clube esportivo. Eles não querem saber nada sobre o futebol no momento."

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