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Do mototáxi à seleção: o caminho de Rony até vestir a amarelinha

Do UOL, em São Paulo

23/03/2023 04h00

Convocado, Rony realiza o sonho do paraense de Magalhães Barata: servir à seleção brasileira pela primeira vez. Hoje com cabelo na régua e entre os principais nomes do Palmeiras, o atacante colecionou momentos de superação até vestir a amarelinha.

Tanto que o início de Rony no futebol aconteceu quase que por acaso. Dispensado das categorias de base do Remo em 2013, o atacante permaneceu com o nome no BID (Boletim Informativo Diário de registro de jogadores da CBF), o que rendeu uma ligação que mudou sua vida.

  • Remo tinha herdado a vaga do Tuna Luso na Copa São Paulo. O clube, porém, só poderia contar com jogadores já inscritos
  • Rony trabalhava como mototaxista quando recebeu a ligação do clube. Ele voltou ao Remo e, na sequência, subiu para o profissional.
  • Estreou no time principal com gol e cambalhota na comemoração. Remo empatou com o São Francisco, no Mangueirão, pelo Campeonato Paraense de 2014.

Pegamos o BID do Remo e tinha lá 'Ronielson'. Ligamos para o Rony e trouxemos ele de volta. Nos primeiros treinos, a gente já viu que o Rony era muito diferente. Tinha uma mudança de direção muito rápida, muita velocidade, levava pancada e não caía Paulo Araújo, diretor da base do Clube do Remo.

Velocidade e problema para finalizar

  • Rony foi comprado para o sub-20 do Cruzeiro em 2015, mas parou no Náutico. Pouco aproveitado na Raposa, ele foi emprestado ao Timbu no ano seguinte.
  • No time de Recife, foi cobrado pela má finalização. Ele acabou como artilheiro do Timbu na Série B, com 11 gols.
  • "Cobrava muito a questão de finalização. A gente trabalhava bastante, mas como ele era um atleta muito jovem, demandava muito tempo. Fomos conversando, explicando para que ele pudesse evoluir", detalhou Alexandre Gallo, técnico do Rony no Náutico.
Rony - Rafael Ribeiro/CBF - Rafael Ribeiro/CBF
Rony foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira
Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

Rony fazia hora extra e aprimorava os chutes após os treinos regulares. Seu fiel escudeiro era Kuki, ídolo e então auxiliar do Náutico.

Eu ficava muito com ele depois dos treinos, onde trabalhava a finalização, a coordenação e a corrida. Com o passar do tempo, ele melhorou consideravelmente". Kuki

Gallo, porém, explicou que a significativa melhora de Rony aconteceu mais tarde: "Ele foi evoluir muito mais de uns anos para frente, quando virou um jogador de alto rendimento. Tinha muita velocidade e mudança de direção, mas quando começou a ter um pouquinho mais de calma próximo do gol virou um artilheiro".

Dedicação extrema e elogios dos companheiros

"Perseverança" foi a palavra mais utilizada pelos ex-companheiros para definir o atacante. A história de vida e a dedicação em jogos e treinamentos impressionam aqueles que conviveram - ou ainda convivem - com o paraense.

"O Rony sempre foi um cara que buscou o seu espaço. A perseverança realmente é um dos fortes dele, e junto vem a história de vida. Se ele não fosse um cara perseverante, que trabalhasse duro, não chegaria onde está", afirmou Kuki.

"Ele é um cara que lutava muito nos treinamentos, no dia a dia, e ele sempre foi um cara que se dedicou demais, então por isso que eu acho que quando ele coloca uma coisa na cabeça ele consegue chegar. Um menino obstinado, lutador. Só tem coisas boas a falar neste sentido dele", completou Gallo, hoje técnico do Londrina.

Raphael Veiga fez questão de falar do companheiro de Palmeiras. Esta também é a primeira convocação do meio-campista.

Rony, Veiga e Weverton - Reprodução/Instagram da CBF - Reprodução/Instagram da CBF
Raphael Veiga, Rony e Weverton são os representantes do Palmeiras na seleção brasileira
Imagem: Reprodução/Instagram da CBF

"Eu fico muito feliz pelo Rony, sei da história dele. Sei de tudo que ele passou para chegar aqui. Vê-lo vestindo essa camisa comigo e vivendo tudo isso é motivo de muito orgulho", disse o meio-campista.

Já Abel Ferreira é fã declarado do seu camisa 10: "Se tivesse que definir uma característica de um brasileiro, está tudo ali no Rony", falou o português, responsável por colocar o atacante como centroavante do Alviverde.