Topo

Brasileiro conta como é viver e jogar na 'cidade da covid-19' na China

Ademilson, atacante ex-São Paulo que defende o Wuhan Three Towns - Reprodução/Instagram
Ademilson, atacante ex-São Paulo que defende o Wuhan Three Towns Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

22/01/2023 04h00

O atacante Ademilson, ex-São Paulo, foi campeão chinês em 2022.

  • Ele joga no Wuhan Three Towns, na cidade em que houve os primeiros casos de covid-19.
  • O time foi campeão após dois jogos serem cancelados justamente por causa do vírus.
  • Em dois anos, o jogador viveu sob restrições da pandemia e mal conheceu a cidade.

Ademilson fez 11 gols na campanha do título, além de quatro assistências, sendo um dos destaques do campeonato. Em Wuhan ele tem a companhia de outros três brasileiros —o zagueiro Wallace e os atacantes Davidson e Marcão—. Juntos, eles gostam de conhecer lugares turísticos e restaurantes novos, o que só se tornou viável nos últimos meses.

Wuhan passou por um lockdown em julho, depois novamente em outubro, este específico em uma parte da cidade. A China usa o distanciamento social, os testes em massa e as restrições de viagens para conter o aumento de casos e, na cidade de Ademilson, só recentemente as máscaras viraram opcionais.

"Foi bem difícil. Muito tempo na política de 'covid zero', muita rigidez com testes, viagens e até para ir nos lugares. Desde o final do ano tem melhorado um pouco, mas a parte boa de morar na China ainda não chegou para mim. Tem bastante lugar legal que ainda não conheci porque não dava para visitar, aproveitar."
Ademilson, sobre as vivências fora do futebol em Wuhan

Covid-19 definiu o título

Ademilson comemora título chinês com os companheiros de Wuhan Three Towns - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Ademilson comemora título chinês com os companheiros de Wuhan Three Towns
Imagem: Reprodução/Instagram

O Wuhan escalou três divisões desde a pandemia: em 2020 subiu da terceira para a segunda divisão com título; em 2021 repetiu o feito e chegou à elite, já com Ademilson; e em 2022 disputou a Superliga Chinesa pela primeira vez e foi campeão nacional.

O título saiu em um jogo que não existiu devido ao coronavírus. Wuhan Three Towns e Shandong Taishan estavam empatados na liderança, mas seus jogos foram cancelados porque os elencos adversários tinham casos de covid-19. Ambos ganharam por W.O., e o time de Ademilson foi campeão no saldo de gols.

A liga já tinha tido outros vários W.O. por causa da covid-19 e foi marcada pela redução do investimento estatal nos clubes. O cenário mudou drasticamente o equilíbrio de forças do futebol local. O maior exemplo disso foi o rebaixamento do Guangzhou Evergrande, que foi dominante entre 2010 e 2019.

"Foram dois anos muito bons, para o clube e particularmente para mim também. Quando aceitei o desafio, o projeto era chegar na primeira divisão e depois disputar títulos e vaga na Champions da Ásia. Não esperava ser campeão no primeiro ano, foi rápido."
Ademilson, sobre acesso e título chinês em dois anos seguidos

Pensa em voltar ao Brasil?

Ademilson tem mais um ano de contrato e prefere não adiantar qualquer decisão sobre o futuro. Ele está fora do Brasil há oito anos, mas só em dezembro pretende pensar se quer voltar ou não. "Se eu fizer um bom trabalho neste ano, sei que vão aparecer coisas boas e vou poder escolher para onde ir", planeja.

Aos 29 anos, o atacante vai para a 12ª temporada no futebol profissional. Ele surgiu no São Paulo, foi campeão da Sul-Americana e transferido ao futebol japonês em 2015. Ficou um ano no Yokohama Marinos e cinco no Gamba Osaka antes de assinar com o Wuhan Three Towns.