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TRE pressiona, e Fla monta operação para evitar recepção em caso de título

Torcedores se aglomeram na avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, para acompanhar o desfile do Flamengo, campeão da Copa Libertadores da América 2019 - FAUSTO MAIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Torcedores se aglomeram na avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, para acompanhar o desfile do Flamengo, campeão da Copa Libertadores da América 2019 Imagem: FAUSTO MAIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Bruno Braz, Alexandre Araújo e Luiza Sá

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

27/10/2022 18h12

O retorno do Flamengo ao Rio de Janeiro após a final da Libertadores vem gerando certo atrito nos bastidores. Sendo ou não campeã no sábado (29), a delegação rubro-negra retorna de Guayaquil na madrugada após a partida, chegando ao Aeroporto do Galeão na manhã de domingo (30). Entretanto, com a chance de título, o Tribunal Reginal Eleitoral (TRE-RJ) manifestou preocupação pela volta na data das eleições.

O Fla ficou incomodado com a pressão para adiar a volta ao Rio para segunda-feira e já bateu o martelo sobre deixar o Equador após a partida. O UOL Esporte teve acesso ao ofício enviado pelo presidente Rodolfo Landim ao TRE explicando as ações do clube e ressaltando que não haverá festa em caso de título. Segundo apuração, a Prefeitura do Rio também não recebeu contatos do clube neste sentido.

Foi realizada uma reunião, com a presença do alto comando da Polícia Militar, da Polícia Federal e de representante do TRE definindo a operação. O Fla garante no ofício que, caso vença, "não pretende e não irá promover nenhum evento oficial para recepção dos jogadores que possa estimular a aglomeração de torcedores para celebração de uma eventual conquista".

Em consenso com as autoridades, o Flamengo estabeleceu as seguintes medidas: irá veicular uma nota solicitando que a torcida não vá ao aeroporto informando que não haverá acesso aos jogadores (algo feito hoje). Além disso, vai retirar os jogadores sem qualquer contato com a população, "devendo ser respeitado e garantido o processo eleitoral e, sobretudo, do direito de voto de todos os cidadãos". O clube também se comprometeu a "não realizar quaisquer festividades, não utilizar carros de som ou os denominados "trios elétricos", não expor publicamente a taça e não realizar desfile de atletas".

O Flamengo ainda afirma que vai fazer uma saída "organizada e dispersiva dos atletas" sem o ônibus oficial do clube. No ofício, a agremiação diz que "reitera o seu interesse em colaborar com as autoridades de segurança pública para que seja garantido a todos e, inclusive aos membros da delegação, o direito fundamental ao voto, confiando que se terá um processo eleitoral pacífico e ordenado".

O temor do TRE também se dá por conta da recepção ao elenco após o título da Libertadores em 2019. Na época, o time desfilou pela Presidente Vargas em trio elétrico celebrando a conquista com milhares de torcedores.

O que disse o TRE

O Flamengo recebeu um ofício remetido pelo Presidente do TRE, o Desembargador Elton Leme, ressaltando a grande preocupação de prejuízo ao processo eleitoral no Rio de Janeiro em caso de vitória na final da Libertadores. O magistrado considerava um "gravíssimo risco" a volta ainda no domingo.

Outra preocupação além do "colapso das vias de acesso às zonas, seções e polos eleitorais", seria a manifestação política coletiva, o que é proibido em dias de eleição.

Flamengo se posiciona

Na tarde de hoje (27), o Flamengo emitiu uma nota oficial sobre o retorno da delegação rubro-negra ao Brasil. O texto segue a mesma linha exposta já no ofício.

"O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, através de ofício remetido pelo Presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), o Desembargador Elton Leme, de que existe grande preocupação de prejuízo ao processo eleitoral no Rio de Janeiro, em caso de vitória na final da Libertadores.

O Clube, representado pelo Presidente Rodolfo Landim, com os apoios do técnico Dorival Júnior e do capitão Diego Ribas, comunicou ao TRE que estava à disposição para colaborar, dentro de suas limitações legais, com o processo eleitoral.

Diante disso, foi realizada uma reunião, com a presença do alto comando da Polícia Militar, da Polícia Federal e de representante do TRE, na qual foi definida uma linha de ação. O Clube assegurou que, NO CASO DE VITÓRIA NA COMPETIÇÃO, não haverá qualquer festividade PÚBLICA, desfile ou exibição de troféu ou do elenco no dia da eleição.

Ainda foi definido um plano de evacuação dos atletas do aeroporto, sem qualquer contato com o público. Em caso de vitória, será solicitado, ainda, que a torcida não compareça ao aeroporto, já que não será possível qualquer contato com o elenco.

A equipe de segurança do clube foi colocada em total contato com a Polícia Militar para detalhar os procedimentos de evacuação.

Recordamos que diretoria, atletas, comissão técnica, funcionários e todo o estafe do Flamengo presente em Guayaquil possuem o direito de ir e vir assegurados pela Constituição. Em comum, o desejo de retornar aos seus lares e exercer o direito democrático de votar no segundo turno das eleições.

Entretanto, mesmo com o todo este enorme trabalho do Clube, sentimos que ainda persiste uma pressão preocupante por parte do TRE, às vésperas de uma das decisões mais importantes da nossa história. Uma pressão que impacta os jogadores e seus familiares e pode interferir negativamente em uma ocasião na qual a concentração do time é imprescindível.

Por fim, a diretoria do Flamengo, mais uma vez, se coloca à disposição das autoridades para trabalharmos conjuntamente e colaborar com o pleito eleitoral, garantindo sempre os direitos constitucionais e a tranquilidade de nossa delegação."