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Investidor do São Paulo explica operação para pagar Galoppo e plano futuro

Estádio do Morumbi, em São Paulo (Foto: Divulgação/ SPFC) -
Estádio do Morumbi, em São Paulo (Foto: Divulgação/ SPFC)

Thiago Braga

DO UOL, em São Paulo

13/10/2022 04h00

Quando o São Paulo, no meio de uma crise financeira, anunciou a contratação de Giuliano Galoppo por 4 milhões de dólares (R$ 21,1 milhões), pessoas próximas à direção do clube asseguraram: o argentino viria com a ajuda de um investidor. Nos corredores do Morumbi, o nome falado era o do empresário Evandro Bei - responsável pelo Tricolor Chip, chipe de celular com a marca tricolor. O clube não confirmou detalhes do negócio.

Bei não é um mecenas nem pagou a contratação de Galoppo em um sentido tradicional, mas é um dentre 12 investidores que trabalharam para recuperar o valor investido no meio campista e captar pelo menos 6 milhões de dólares (R$ 31,7 milhões). O empresário, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, detalhou a operação financeira para a compra do jogador.

A Dry Company, empresa de Bei, também é a responsável pelo SPFC Play, plataforma de streaming do São Paulo e uma das propriedades que, segundo ele e o clube, vão integrar um fundo de investimentos com 12 empresários e que terá como ativos outras receitas de marketing.

"O aporte (dos investidores) já deveria ter sido feito, mas há algumas questões com a administradora do fundo, a criação do regulamento, estipular a rentabilidade das cotas júnior e sênior. São 12 investidores, todos do mercado de riscos. Precisamos ter a autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Isso atrasou o fundo de já estar atuando. Mas temos de fazer esse aporte até 31 de dezembro deste ano", explica Evandro Bei.

"Importante dizer que o São Paulo pode fazer o que quiser com esse dinheiro, não é preciso que seja investido em contratações. Aliás, este não é um projeto da diretoria. É um projeto do clube. Se fosse no setor público, eu diria que não é um projeto de governo e sim um projeto de Estado", explicou o empresário

O São Paulo já desembolsou valores para a contratação de Galoppo. Questionado pela reportagem, o clube não quis detalhar a origem das receitas. O fundo de investimentos é o responsável por fazer a captação e recuperar - e, claro, tentar exceder esse valor. A expectativa é que o retorno de investimento aconteça em 36 meses.

Assim que fechou a contratação do argentino, o São Paulo anunciou a criação da SPFC Play, plataforma de streaming. Segundo Bei, o projeto pretende revolucionar os canais de clubes no Brasil, com um modelo de negócios inédito, de resultados no médio prazo.

"É um projeto de médio prazo, de cinco anos, para desenvolver a SPFC Play. A gente entende que terá diversas oportunidades de mercado nos próximos anos. Existe a possibilidade da criação da Liga [de clubes do Brasil]. Há expectativa de que as plataformas dos clubes vão crescer muito, que elas possam fazer transmissão do seu próprio jogo, uma espécie de pay-per-view próprio", afirmou Bei.

A SPFC Play, na prática, ainda engatinha. O serviço é gratuito e passou a ter conteúdo personalizado na semana da final da Copa Sul-Americana. A partir de agora, será no aplicativo que os são-paulinos assistirão os bastidores do clube, as coletivas de Rogério Ceni e vídeos sobre com as notícias do clube. Nesta semana, foi em um plantão tricolor que o diretor de marketing do São Paulo, Eduardo Toni, anunciou que o Morumbi será palco de seis shows da banda Coldplay no ano que vem. Segundo Evandro Bei, a prioridade será produzir conteúdo exclusivo.

"Construímos um estúdio no CT da Barra Funda para ter notícias todos os dias, fazer jornalismo. Devemos começar a transmitir os treinos a partir do ano que vem, com programas também. É quando a gente deve começar a cobrar assinatura, que será de R$ 14,90. Quem for sócio-torcedor vai pagar R$ 9,90. Nossa expectativa é ter 100 mil assinantes daqui a cinco anos", projetou Bei.

Para potencializar a quantidade de clientes, a SPFC Play quer também exibir jogos históricos do Tricolor. Em princípio, somente o permitido pela Lei Pelé, que determina que "a duração de todas as imagens do flagrante do espetáculo ou evento desportivo exibidas não poderá exceder 3% (três por cento) do total do tempo de espetáculo ou evento".

Isso passa por negociar com a Globo a cessão de direitos autorais de algumas partidas históricas. De acordo com Evandro Bei, o clube já está em tratativa com a Gazeta para poder transmitir a histórica final da Libertadores de 1992, que completou 30 anos neste ano.

Assim, a expectativa é de poder difundir a SPFC Play para outras plataformas. "Podemos colocar a SPFC Play nas operadoras de TV a cabo, ou até mesmo em outras distribuidoras de conteúdo, como a Netflix. Vamos buscar também poder vender o Premiere, assim o torcedor poderá ver os jogos do São Paulo na SPFC Play através do Premiere", contou Bei. A ideia de parceria seria nos mesmos moldes que a Amazon Prime tem com o Premiere, que oferece a assinatura do Prime com a possibilidade de fechar a contratação do canal de jogos exclusivos da Globo.

Além da SPFC Play, outras propriedades fazem parte do fundo de investimento, como placas de publicidade no gramado do Morumbi, no telão na parte de fora do estádio. O São Paulo não detalha quais são essas propriedades "A ideia é ter retorno em cima de todas as mídias digitais do clube, como site, redes sociais, impulsionar através do Google, investir por exemplo em conteúdos para o Tik-Tok e buscar patrocínio para as redes sociais", projetou o empresário.

Apesar do otimismo quanto aos projetos, Bei reconhece que no futebol a paixão determina o sucesso de projetos em campo e fora dele. A volatilidade dos negócios no futebol é permeada pelos resultados do time dentro das quatro linhas. "Quando ganha, aumentam as vendas. Se o time perder, tenho um alto número de cancelamentos do chip. O cara sabe que vai precisar do chip para ter o telefone, mesmo assim ele cancela", finalizou.

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