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Briga de torcida: Máfia Azul do Cruzeiro agride presidente da Mancha Verde

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/09/2022 13h04Atualizada em 28/09/2022 18h29

O presidente da Mancha Verde, Jorge Luis, foi espancado por rivais da Máfia Azul hoje no interior de Minas Gerais, quando as maiores organizadas de Palmeiras e Cruzeiro se encontraram na estrada. Imagens do principal líder palmeirense ensanguentado e submetido pelos cruzeirenses viralizaram em grupos e redes das torcidas, o que inflama o conflito, considerado um dos mais violentos do Brasil.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal de Minas, a briga generalizada na rodovia Fernão Dias, no trecho próximo a Carmópolis, deixou feridos, inclusive quatro baleados. Nenhum torcedor foi preso e a arma usada nos disparos não foi encontrada. Os cruzeirenses se dirigiam a Campinas, onde o time enfrenta hoje a Ponte Preta, enquanto os palmeirenses iam a Belo Horizonte para partida contra o Atlético.

Segundo a concessionária que administra a rodovia, um trecho da pista foi fechado por cerca de duas horas para manter a segurança de usuários e colaboradores. O bloqueio causou congestionamento de veículos de 3,5 quilômetros. A pista foi liberada por volta das 12h e o tráfego foi normalizado aproximadamente às 12h30.

A empresa informou ter registrado quatro feridos no confronto, que foram encaminhados para o Pronto Atendimento de Oliveira (MG).

Nos vídeos compartilhados nas redes sociais, o presidente da Mancha Verde aparece sendo violentamente agredido. Ele teve seus documentos tomados pela torcida rival, que celebrou o feito. Um dos cruzeirenses é visto com um facão perto do organizado palmeirense.

"Você vai voltar vivo porque nós temos ideologia", diz um membro da organizada do Cruzeiro enquanto filmava Jorge com a cabeça ensanguentada. "Porrada é massagem", diz outro cruzeirense celebrando a briga. "Os caras deu tiro, baleou dois de nós. Cinco deles [estão] judiados, ensanguentados, principalmente o presidente deles. A Máfia Azul varreu a Mancha Verde, não foi qualquer torcida."

"Perdeu, Máfia Azul Noroeste, nós é o terror. Ficou no chão, quem resgatou foi nós, nós não deixamos morrer", diz um integrante da Máfia Azul em um vídeo segurando os documentos do presidente da Mancha Verde.

Em seu perfil oficial no Twitter, a Máfia Azul afirmou que seus membros agiram em legítima defesa contra uma emboscada da Mancha Verde. Segundo eles, os palmeirenses usaram armas e feriram torcedores da caravana.

O UOL Esporte entrou em contato com Paulo Serdan, presidente da escola de samba Mancha Verde e ex-presidente da torcida, que afirmou que não há nenhum torcedor do Palmeiras em estado grave.

"Faz parte da vida de torcida, eles estavam monitorando o ônibus da Mancha, a Mancha foi em dois ônibus a caminho do jogo contra o Atlético-MG, e eles estavam em seis ônibus para vir para Campinas e foi isso. Se encontraram na estrada, brigaram e aconteceu isso aí. Por enquanto a informação é de que não tem ninguém em estado mais grave", disse.

Em outros áudios compartilhados nos grupos, torcedores da Mancha prometem vingança, o que aumenta os riscos nas partidas desta noite. Não é comum um presidente de torcida organizada ser tão exposto como foi o palmeirense nas imagens compartilhadas.

PM pede reforço de três batalhões pra jogo em Campinas

A Polícia Militar de Campinas pediu ajuda de três batalhões e pretende dobrar o efetivo programado para o jogo entre Ponte Preta e Cruzeiro em Campinas (SP), às 19h (de Brasília), agora considerado de alto risco. Em áudios compartilhados em grupos, organizados da Mancha prometem ir até o interior para se vingar da agressão, o que aumenta o risco envolvido na partida da Série B.

De acordo com o sargento Márcio Demarco, auxiliar de planejamento do 1º Batalhão Ações Especiais de Polícia de Campinas, a corporação pediu reforço de outros três batalhões da cidade, com previsão de dobrar o efetivo de 30 policiais originalmente escalados para o jogo.

Uma parte da caravana cruzeirense foi impedida de seguir viagem até Campinas após a briga. "Já entramos em contato com o 2º Batalhão de Choque, que faz o policiamento na capital, pra verificar se eles podem reforçar também. Se mais torcedores vierem pra cá vem pela rodovia, então é preciso ter mais atenção a esse deslocamento", afirmou Demarco.

A Mancha é tradicional aliada da Galoucura, principal organizada do Atlético-MG e rival da Máfia Azul, que por sua vez é aliada da Independente, do São Paulo, também rival da Mancha.

O conflito acirrado entre Máfia e Mancha remonta aos anos 80, quando as duas torcidas se enfrentaram na esteira do assassinato de Cléo Sóstenes, presidente palmeirense morto a tiros em 1988. No jogo seguinte, um Palmeiras x Cruzeiro, Cléo foi homenageado, e a torcidas cruzeirense entoou cânticos contra a vítima, o que desencadeou uma briga generalizada no Parque Antártica.

A história é contada em "Sobre meninos e porcos", a terceira temporada do podcast "UOL Esporte Histórias", que narra a fundação e os primeiros anos da Mancha Verde.

Confira a nota na íntegra da concessionária que cuida da Fernão Dias:

A concessionária Arteris Fernão Dias, responsável pela administração da Rodovia Fernão Dias, registrou, na manhã desta quarta-feira (28), por volta das 10h30, na altura do km 593, sentido Belo Horizonte, em Carmopolis de Minas, ocorrência policial envolvendo torcidas de times de futebol.

Para manter a segurança de usuários e colaboradores, houve interdição total do trecho e acionamento de equipes da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar. A ação também foi necessária para atender duas vítimas leves e duas moderadas que se feriram durante a ocorrência e que foram encaminhadas pela equipe médica da concessionária ao Pronto Atendimento de Oliveira/MG.

O bloqueio causou congestionamento de veículos de 3,5 quilômetros. A pista foi liberada por volta das 12h e o tráfego foi normalizado aproximadamente às 12h30. No momento, o trânsito flui normalmente no local.