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Goleada na 3ª divisão no RS tem suspeita de manipulação e para na polícia

Farroupilha levou 7 a 0 do Bagé (de amarelo e preto) no domingo, no estádio Torquato Pontes, em Rio Grande - Divulgação/Grêmio Esportivo Bagé
Farroupilha levou 7 a 0 do Bagé (de amarelo e preto) no domingo, no estádio Torquato Pontes, em Rio Grande Imagem: Divulgação/Grêmio Esportivo Bagé

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

04/08/2022 04h00

O jogo Farroupilha 0 x 7 Bagé, pela fase de grupos do Gauchão Série B - a terceira divisão do Estadual -, foi parar na polícia. Ontem (3), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul instaurou inquérito para apurar suspeita de manipulação de resultados. A FGF (Federação Gaúcha de Futebol) também busca detalhes da partida, realizada no domingo (31). O placar e postagens nas redes sociais chamaram a atenção.

A investigação é conduzida pela Delegacia de Polícia de Investigações Especiais da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil.

"Fomos notificados pela FGF da suspeita, realizamos um Boletim de Ocorrência do fato e instauramos o inquérito para apurar os fatos e eventuais responsáveis. Serão feitas diligências já nos próximos dias", disse Gabriel Bicca, delegado responsável pelo caso.

A Federação Gaúcha de Futebol solicitou ao TJD-RS (Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul) uma apuração do caso. A Procuradoria do órgão analisa elementos envolvendo o Farroupilha e o Bagé. A tendência é que seja apresentada denúncia enquadrando treinador e clube em artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva).

"Nossa preocupação é constante, tanto que a FGF tem contrato em vigor com empresa que monitora apostas e movimentação global. Neste caso, pelas postagens e registros em redes sociais, é preciso apurar", disse Luciano Hocsmann, presidente da Federação Gaúcha de Futebol.

Entenda o caso

A suspeita veio à tona horas depois do jogo disputado em Rio Grande, na zona sul do Estado. Além do placar com muitos gols, um jogador do elenco do Farroupilha foi para as redes sociais comunicar a rescisão de contrato com o clube.

"É lamentável o que esses caras fizeram lá. Eu tava lá, posso falar. Vender esse jogo, não existe. Já está difícil fazer futebol no interior e os caras vêm de fora para usar para fazer aposta", dizia trecho de postagem de Iago Padilha, atacante do Farroupilha.

A mensagem foi apagada pelo jogador. Procurado pelo UOL Esporte, Iago afirmou que não quer se manifestar mais sobre o caso.

Na segunda-feira (1º), o perfil oficial do clube publicou vídeo de Fábio Costa, presidente do Farroupilha, ao lado de Iago Padilha.

"Todos estavam de cabeça quente. Iago Padilha foi mal interpretado em uma postagem. Ele se referiu à venda do jogo. Isso não é verídico, não aconteceu. Ele se referia à doação dos jogadores que entraram e não renderam 100%. Isso foi muito cobrado no vestiário, no caminho para o estádio, antes do segundo tempo. O Iago interpretou de uma maneira que as pessoas fizeram um ato criminoso, distorcendo o que ele falou. Ele quis falar da entrega dos jogadores", falou Costa.

O vídeo do presidente ao lado do jogador foi deletado, horas depois. Na sequência, uma nova gravação foi publicada com gravação de Hermes Rockenbach, diretor jurídico do clube, que afirmou que o clube apura as denúncias.

Lanterna do grupo D da Terceirona do Gauchão, o Farroupilha chegou a jogar com oito atletas na primeira rodada, por conta de problemas de inscrição, e perdeu a partida inicial do campeonato pelo placar de 1 a 0.