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Tite quer caipirinha com hexa no Qatar: será possível beber na Copa-2022?

Tite faz o sinal de positivo antes do sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2022 -  FRANCK FIFE / AFP
Tite faz o sinal de positivo antes do sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2022 Imagem: FRANCK FIFE / AFP

Do UOL, em Doha*

08/07/2022 04h00

Classificação e Jogos

Tite tem um ritual para comemorar seus feitos no futebol: beber caipirinha. Só que isso é proibido em locais públicos no país da Copa do Mundo 2022, o Qatar, cuja religião oficial é o islamismo. Inclusive, não haverá venda de bebida alcoólica para os torcedores nos estádios.

Em entrevista recente ao apresentador Fred, do Desimpedidos, Tite disse que em caso de conquista do hexa não tomaria só uma "caipora", jeito que apelida a bebida, mas, sim, duas. Como então o treinador da seleção pode cumprir seu ritual sem arrumar confusão com as autoridades locais?

Para começar, em Copas do Mundo não costuma haver venda de drinks como a caipirinha nos pontos frequentados pela torcida. A exclusividade das bebidas alcoolicas costuma pertencer a uma marca de cerveja que patrocina a Fifa. Atualmente, essa patrocinadora é a Budweiser. Além disso, especificamente no Qatar a venda dentro das arenas não acontecerá, como noticiou inicialmente a agência Reuters — a exceção pode ser áreas VIP e de hospitalidade.

Com as restrições no país, o público em geral só terá acesso a bebidas alcoólicas em pontos externos específicos, antes e depois de alguns jogos.

Levar os ingredientes na bagagem também não é uma opção: estrangeiros não podem entrar com álcool no Qatar — mesmo se a bebida for comprada no free shop do aeroporto. Limão, pelo menos, pode entrar na lista do chefe Jaime Maciel, cozinheiro da seleção desde 1995.

No hotel em que ficará a seleção, porém, pode ser possível. A seleção ficará no The Westin Doha, que pode pedir uma autorização do governo para vender álcool para seus hóspedes. Se o local, especificamente, não estiver autorizado a fazer a venda, o treinador pode procurar outro bar ou hotel com permissão para tal. Agora, se vai ter caipirinha, aí é outra história.

Em Doha, há um restaurante brasileiro que vende caipirinha — o nome do estabelecimento é Rodízio. Uma dose da bebida que Tite gosta sai a 65 rials (moeda local). Na cotação atual, R$ 95,33. O preço é salgado. Mês passado, um copo em restaurantes de shopping no Rio de Janeiro saia a cerca de R$ 20.

A caipirinha prova que não é barato beber no Qatar. Em um dos bares mais populares entre os estrangeiros que moram no país, um pequeno copo de cerveja de 250 ml sai a R$ 42,50. "Álcool está disponível no Qatar. Você pode achar em hotéis licenciados, restaurantes e bares. Mas não é parte da nossa cultura. Mas para fãs que procurarem cervejas, vai haver em áreas designadas", disse Fatma Al Nuaimi, diretora de comunicação do Supremo Comitê de Entrega e Legado da Copa, em encontro com jornalistas do qual UOL participou no mês passado.

Para a organização do Mundial no Qatar, um evento que serve como teste para entender o comportamento dos torcedores e como a população local reagiu à venda de cerveja foi o Mundial de Clubes de 2019. A competição reuniu torcedores brasileiros do Flamengo e ingleses do Liverpool, duas nacionalidades da qual a cultura da cerveja se mistura ao futebol. A avaliação foi positiva.

Estrangeiros residentes no Qatar podem comprar bebida alcoólica e transportar para casa, mas, para isso, precisam de uma autorização oficial. Sim, há burocracia envolvendo um órgão do governo, a Companhia de Distribuição do Qatar. Na loja deles, é possível comprar long necks de algumas cervejas a R$ 11,73.

Caso Tite circule pelo Qatar e não encontre o shot que deseja, o prêmio de consolação pode ser os chamados mocktails, coquetéis "falsos" e feitos sem álcool. Esses são fáceis de achar.

* O repórter viajou a convite do Supreme Committee for Delivery & Legacy (SC)