Topo

Brasileirão - 2022

'Ameaçômetro': afinal, o técnico de seu time está seguro no Brasileirão?

Fabián Bustos comanda o Santos, não está ameaçado, mas gera dúvidas  - Gabriel Machado/AGIF
Fabián Bustos comanda o Santos, não está ameaçado, mas gera dúvidas Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre*

07/05/2022 04h00

O Campeonato Brasileiro chega à quinta rodada. Hoje (7), os times da Série A vão a campo em busca por pontos que possam dar estabilidade ao sempre profissional sempre ameaçado: o treinador. Até agora foram cinco demissões na elite do futebol nacional, com a competição em andamento, e cada clube vive situação diferente de olho nos objetivos traçados pela direção.

A última queda foi de Fábio Carille. Após ser goleado pelo The Strongest por 5 a 0, pela Libertadores, o Athletico-PR optou pelo seu desligamento, que esteve menos de um mês no comando. Felipão foi anunciado e será o terceiro técnico do Furacão no campeonato.

Carille se uniu a Abel Braga (Fluminense), Alberto Valentim (Athletico-PR novamente), Alexander Medina (Inter) e Marquinhos Santos (América-MG), que se despediram do campeonato prematuramente.

Hoje, há quem conviva com pressão da torcida, ou mesmo ganhe respaldo no campo. Também tem treinador que começa a balançar e quem está firme por conquistas passadas. Por isso, a reportagem do UOL Esporte resolveu explicar uma a uma as situações dos treinadores dos times do Brasileirão.

Sem questões

Atlético-MG - Antonio Mohamed

Turco Mohamed comemora título pelo Atlético-MG - Divulgação Atlético-MG - Divulgação Atlético-MG
Imagem: Divulgação Atlético-MG

O começo do trabalho de Turco Mohamed no Atlético-MG é o melhor possível. São dois títulos conquistados, a Supercopa do Brasil e o Campeonato Mineiro, e aproveitamento de 79% dos pontos disputados. Em 24 partidas, são 17 triunfos e apenas uma derrota. Internamente não há qualquer questionamento ao trabalho do argentino, apesar de parte da torcida ficar na bronca, após sequência de quatro empates em cinco partidas.

Botafogo - Luís Castro
Luís Castro tem muito prestígio junto à diretoria do departamento de futebol do Botafogo. O treinador foi desejo pessoal do investidor, John Textor, que vê no português nome ideal e parte integral do projeto que aplica no clube.

Corinthians - Vítor Pereira
Recém-chegado ao Brasil, o português está em lua de mel com a Fiel, graças ao início promissor no Campeonato Brasileiro, a invencibilidade na Neo Química Arena. O europeu ainda tem o mérito de conseguir rodar praticamente todo o elenco e dar respostas efusivas em suas coletivas de imprensa.

Fortaleza - Juan Pablo Vojvoda
Há pouco mais de um ano no comando do Fortaleza, Vojvoda vive o momento de maior pressão. Na lanterna do Brasileiro, ele ainda busca o melhor rendimento. No entanto, carrega os créditos da campanha histórica do ano passado, que levou a equipe cearense à Libertadores pela primeira vez. Neste ano, conquistou a Copa do Nordeste e o Estadual. Ainda que receba críticas momentâneas, está firme no cargo.

Inter - Mano Menezes
Mano Menezes está prestigiado no Inter. Substituto de Alexander Medina, ele conseguiu recuperar a autoestima do time, deu segurança ao sistema defensivo e reverteu a expectativa ruim deixada pelo trabalho de seu antecessor. Não sofre nenhum tipo de ameaça imediata e está, aos poucos, conquistando também a torcida, que tinha restrições a sua chegada.

Palmeiras - Abel Ferreira

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, gesticula em partida contra o Independiente Petrolero, na Libertadores - Cesar Greco/ Palmeiras - Cesar Greco/ Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/ Palmeiras

Abel Ferreira tem hoje status que está o mais próximo possível, para um técnico do Palmeiras, do conceito de unanimidade. É adorado pela torcida, tem respeito e controle do elenco e acabou de renovar contrato até o fim de 2024 para ser o técnico mais bem remunerado da América do Sul. A tanto afeto e reconhecimento, ele responde com conquistas. Atualmente, só sai do Verdão quando e se quiser.

Red Bull Bragantino - Maurício Barbieri
Não é apenas o trabalho desta temporada que sustenta Barbieri sólido no comando do Red Bull Bragantino, mas bem que poderia ser. Vice-líder do Brasileirão, o treinador carrega as glórias da ótima campanha no ano passado, quando foi finalista da Sul-Americana e levou a equipe à classificação para a Libertadores. No clube desde setembro de 2020, não corre qualquer risco de queda por algum tempo.

São Paulo - Rogério Ceni
A situação atual de Rogério Ceni é de respaldo total da diretoria e da torcida. Depois do início de temporada conturbado por atritos com parte do elenco e funcionários do CT da Barra Funda, por causa de seu jeito considerado difícil de lidar, o ex-goleiro ganhou apoio ao expor em entrevista coletiva os problemas estruturais do local de treinamento são-paulino. Os bons resultados na primeira fase do Paulistão ajudaram a diminuir a temperatura e dar paz ao comandante. Nem mesmo a acachapante derrota na final para o Palmeiras tirou seu prestígio com o torcedor e a diretoria.

Seguros (na medida do possível)

América-MG - Vagner Mancini
O maior temor do América-MG não é a saída de Vagner Mancini por demissão, é que ele receba alguma proposta e deixe o clube. Contratado para substituir Marquinhos Santos, ele carrega o prestígio deixado pelo trabalho realizado na temporada passada, quando deixou o clube para tentar evitar o rebaixamento do Grêmio. Sem sucesso no clube gaúcho, retornou há menos de um mês e não corre qualquer risco imediato.

Athletico-PR - Luiz Felipe Scolari

O Athletico já demitiu dois treinadores no Brasileirão. Começou a competição com Alberto Valentim e, na última quarta-feira, rompeu vínculo com Fábio Carille. Felipão, anunciado no mesmo dia, acumula as funções de diretor técnico e treinador e, por sequer ter estreado, gera expectativa. À frente de um clube que já demitiu dois profissionais em tão curto tempo, porém, tem grau de segurança relativo.

Avaí - Eduardo Barroca
Barroca chegou a estar ameaçado no Avaí, graças ao rendimento no Estadual. No entanto, foi mantido pela direção e começou bem o Brasileiro. A boa arrancada consolida uma nova fase e dá segurança ao treinador neste momento.

Coritiba - Gustavo Morínigo
Gustavo Morínigo assumiu o Coritiba ainda na temporada 2020 e não conseguiu evitar o rebaixamento para a Série B. Mas ainda ali, o clube deu segurança ao treinador e colhe os frutos disso. Com o retorno à elite nacional, o título paranaense e o começo de Brasileirão positivo, o técnico goza de total segurança no cargo.

Fluminense - Fernando Diniz
Recém-anunciado, Fernando Diniz iniciou a segunda passagem como técnico do Fluminense nesta semana. A estreia aconteceu na quarta-feira, contra o Junior Barranquilla, pela Copa Sul-Americana. O treinador tem boa relação com o diretor de futebol, Paulo Angioni, e com o presidente, Mario Bittencourt, algo que, inclusive, pesou para o retorno.

Juventude - Eduardo Baptista
Mesmo com apenas dois pontos no Brasileirão, o desempenho do time dá respaldo a Eduardo Baptista no Alfredo Jaconi. No entanto, o torcedor do time gaúcho tem algumas restrições ao comando em razão do modelo de jogo. Baptista costuma montar esquemas ofensivos, e os aficionados da Serra Gaúcha preferiam um time mais fechado. De toda forma, ainda não há pressão forte e a direção entende que o time tem pecado em detalhes.

Santos - Fabián Bustos

Fabian Bustos durante o jogo do Santos contra o Unión La Calera, pela Sul-Americana 2022 - PhotoSport/AGIF - PhotoSport/AGIF
Imagem: PhotoSport/AGIF

Fabián Bustos ainda não está ameaçado no cargo, mas o seu trabalho causa dúvidas na diretoria e, principalmente, nos torcedores. O argentino optou por reforçar o sistema defensivo antes de soltar o time. O problema é que o time se recua até na Vila Belmiro. Há pouco mais de dois meses no Peixe, o treinador não corre risco. Mas a permanência no segundo semestre depende de uma melhora da equipe. A vitória contra a Universidad Católica, no Equador, pela Sul-Americana, foi importante para o comandante.

Em monitoramento

Atlético-GO - Umberto Louzer
Louzer ganhou moral com a direção e a torcida do Dragão por conseguir 13 partidas de invencibilidade. Porém, o time oscilou bastante recentemente. Sua segurança no cargo será determinada pelos próximos jogos.

Ceará - Dorival Júnior
Depois de começo empolgante no comando do Ceará, Dorival Júnior passou a conviver com problemas de lesão no grupo. O rendimento caiu um pouco, mas como seu trabalho ainda está no início, não há tanta pressão sobre ele. O foco da cobrança da torcida está na diretoria, mas a garantia de sequência depende dos próximos resultados.

Cuiabá - Pintado

As frequentes trocas do time tem gerado algum desconforto na torcida, mas Pintado recebe apoio da direção. A situação dele no cargo não pode ser considerada totalmente segura e dependerá de uma sequência positiva.

Flamengo - Paulo Sousa

Paulo Sousa cumprimenta Everton Ribeiro após gol do meia em Flamengo x Talleres - Staff images /CONMEBOL - Staff images /CONMEBOL
Imagem: Staff images /CONMEBOL

Paulo Sousa tem prestígio com a diretoria do Flamengo, embora ainda haja resistência de parte da torcida. Uma troca não está em debate no clube, mas as declarações de Jorge Jesus ao jornalista Renato Maurício Prado, colunista do UOL, tumultuaram o ambiente do clube de modo inegável. Por isso seu posicionamento nesse grupo.

Goiás - Jair Ventura
Ventura ainda não conseguiu vencer no comando do Goiás, mas nem por isso vive grande ameaça. Há pouco mais de 20 dias no cargo, ele viu sua equipe ter bom rendimento contra adversários potentes e conta com respaldo da direção do clube. A partir da volta de jogadores importantes e com mais tempo para treinamentos, a pressão por resultados também vai crescer.

* Colaboraram: Yago Rudá, Brunno Carvalho, Diego Iwata, Lucas Musetti, Léo Burlá, Alexandre Araújo e Victor Martins.