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Ídolos do Corinthians repudiam ameaças a Cássio: 'Covardia, inaceitável'

Goleiro e sua esposa receberam ameaças de morte de um homem ainda não identificado pela polícia - Ettore Chiereguini/AGIF
Goleiro e sua esposa receberam ameaças de morte de um homem ainda não identificado pela polícia Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

08/04/2022 13h58

O princípio de crise esportiva no Corinthians ganhou contornos criminosos ontem (7), com as ameaças virtuais recebidas pelo goleiro Cássio, um dos maiores campeões da história do clube. Diante da gravidade do tema, ídolos históricos do Alvinegro têm vindo a público comentar a situação.

José Ferreira Neto foi o mais enfático sobre o assunto. Em seu programa na Band, defendeu que o futebol brasileiro deveria se unir e não ter sequer a rodada de estreia do Brasileirão. "Se fosse com alguém poderoso, a polícia acharia o cara. Agora, quem mandou? Por que agora? Por que a pressão sempre no Cássio, quando o problema é do Corinthians?", questionou Neto, que vê o problema como recorrente no clube.

"Isso aconteceu comigo: eu, Marcelinho, Sócrates, Tevez? Todos os ídolos do Corinthians saem pelas portas dos fundos, e vai acontecer com o Cássio", afirmou. "Alguma hora vai acontecer algo pior, e aí será tarde."

Para Marcelinho Carioca, que a exemplo de Cássio é um super campeão no Corinthians, a ameaça é fruto de críticas descabidas que elegeram o goleiro como maior culpado do mau momento.

"Nestes casos, deixa de ser questão de opinião e passa a ser um caso policial. Não cabe só opinar, é preciso investigar e proteger a família deles. A pressão é normal, é aceita, quando são críticas, comentários na imprensa, acho que isso faz parte do futebol. Mas ameaça é outra coisa, bem diferente de pressão", afirma o ex-meia ao UOL Esporte. "Ele é um ídolo, deve ser respeitado. Qualquer um pode ser criticado, mas ele não pode ser responsabilizado por tudo o que está acontecendo no elenco."

O ex-volante Basílio, autor do gol do título paulista em 1977, manifesta estranheza com o teor da ameaça. "Além da injustiça com a história do Cássio, é uma situação que temos que lamentar muito. É um gesto muito covarde, e a torcida do Corinthians não costuma ser covarde. Quando a torcida acha que precisa cobrar, ela vai ao estádio, vai na porta do CT, por isso vejo essa ameaça com muita desconfiança. Fico preocupado. Talvez alguém esteja se aproveitando para jogar a culpa na torcida organizada", opina o histórico camisa 8.

Outro camisa 8 preocupado com este tipo de violência é Vampeta, que assim como Cássio foi campeão mundial com o Corinthians. "Eu repudio isso, com certeza. O Cássio é um dos maiores ídolos da história do clube, não só entre os goleiros, mas entre todos. A gente tem visto cada vez mais coisas assim. Está demais. Aconteceu hoje (8) mesmo no Rio, com o Flamengo; outro dia foi com o Fluminense, teve violência no Gre-Nal, na Bahia. Está demais", alerta.

Já Biro-Biro diferencia a ameaça da atuação das torcidas organizadas. "Isso aí é um ou outro torcedor que acabou criando este clima, fez isso querendo aparecer, nesta onda de ameaçar. Deve ter sido alguém que quis tirar um barato e acabou fazendo merda. Ameaçar jogador, a esposa, isso não tem nada a ver. A torcida cobra, vai lá no CT e tal, mas isso hoje já é algo normal: é conversar numa boa. Ameaça já é uma coisa muito diferente", opina o ex-meio-campista.

O ex-goleiro Ronaldo Giovanelli falou sobre o assunto na TV, na tarde de hoje. "Não vejo essa pessoa que ameaçou o Cássio como um torcedor do Corinthians. Torcedor do Corinthians ama o clube, ama os ídolos. Se eu estou aqui hoje é porque a torcida me ama e eu amo eles também. Ofender o Cássio, que é um grande profissional, que vem trabalhando quieto, é um insulto. Ele está certíssimo em denunciar", afirmou na Band.

Outro ídolo corintiano, Walter Casagrande Jr., falou também sobre uma nota oficial da principal torcida organizada do Corinthians. "Este pronunciamento feito pela Gaviões da Fiel deveria ser cobrando raça, amor e exigindo mais esforço nos jogos, mas sem ameaças, sem usar a palavra 'terror', ainda mais neste momento em que o mundo está em guerra", escreveu no ge. "Esse comportamento é uma falta de sensibilidade e respeito. Vocês devem mudar esse manifesto e demonstrar cobrança, mas sem terror", defendeu.

O episódio de violência deixou a família de Cássio insegura, mas mesmo assim o goleiro foi até o CT Dr. Joaquim Grava na manhã de hoje e treinou com os companheiros. O goleiro foi à delegacia registrar boletim de ocorrência, e há uma investigação em curso para identificar o autor das ameaças.

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